«ZEIT GEIST»
Ou
O ESPÍRITO DO TEMPO
Quando daqui a uns tempos (séculos?) os nossos herdeiros se perguntarem qual era o espírito destes tempos por que agora passamos, talvez a resposta seja «o tempo da desconfiança e da destruição»; não o tempo do medo mas certamente o da insanidade. Desconfiança mútua de pertença a obediências ocultas e malignas. De um lado, a obediência ao imperialismo; do outro, exactamente o mesmo; no meio, o mexilhão a que chamamos Europa.
A precaridade europeia agravou-se com a chegada da boçalidade ao poder nos EUA e com a aparente transformação da Casa Branca em sucursal do Kremlin.
Uma das ideias mais propaladas actualmente tem a ver com a «moleza» dos líderes europeus dando-se assim a entender a sua inaptidão para a liderança. Ora, não é crível que todos os europeus nos tenhamos empenhado em escolher os piores entre nós precisamente para nos representarem. O que é crível, isso sim, é que o método de formação da decisão democrática seja diferente do da autocrática: o método democrático é necessariamente negociado enquanto o outro é ditatorial, rápido mas rígido e, portanto, quebradiço. O método negociado tem necessariamente cláusulas de elasticidade que historicamente lhe têm assegurado a vitória. A aceleração do método democrático faz-se com os «Gabinetes de Crise» e é então que os da autocracia gritam e rangem.
A fronteira está, pois, na opção de Regime e apenas na diferença entre os que pensam por si e os que preferem ser mandados; de um lado o humanismo do Estado que serve o cidadão e do outro o Estado que se serve da carne para canhão.
Mais: por insistente instigação dos da autocracia, a desconfiança popular no método negociado de formação das decisões cresce a cada acto eleitoral como resultado da afirmação verdadeira ou falsa de que tudo é decidido em compadrio, secretismos e corrupção.
Falsas ou não as acusações, a desconfiança é absolutamente verdadeira e há que a corrigir com urgência pela…
- Desconsideração «ab initio» da denúncia anónima;
- Regulamentação do «lobby»;
- Aperto do cerco à corrupção.
A ver se ainda vamos a tempo de suster a desconfiança e parar a destruição. A ver…
Maio de 2025
Henrique Salles da Fonseca