WEST SIDE STORY - 2
Ou
DA OCIDENTAL PRAIA LUSITANA
- Dos compêndios de economia extrai-se que a inflação se combate com a subida das taxas de juro a fim de arrefecer a actividade económica.
- Dos compêndios da vida extrai-se que a subida das taxas de juro serve para dificultar a vida ao comum dos mortais, sejam estes singulares ou colectivos, devedores de capitais alheios e para facilitar a dos credores no mercado de capitais.
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As asserções anteriores enquadram-se num cenário de excesso de procura relativamente à oferta, mas a actual pressão inflacionista resulta directamente dos choques energético e cerealífero. Ou seja, na Europa os preços têm subido por efeito do aumento dos custos de produção por efeito da guerra na Ucrânia e não por quaisquer outras causas relevantes (em Portugal, junte-se-lhe a manipulação informativa dos mercados).
A subida das taxas de juro em nada influenciou o curso da guerra, não mexeu nas causas da pressão inflacionista e se, entretanto, os preços da energia regressaram aos níveis anteriores à guerra, isso deveu-se a outras razões que não as ditadas pelo BCE (substituição da Rússia como fornecedor, p.ex.). Antes do regresso do mercado energético aos preços anteriores à guerra, a Europa viu-se confrontada com o aumento substancial de custos em três factores de produção, a saber, na energia, nos cereais e no dinheiro. Os dois primeiros a criar inflação e o terceiro a puxar para a estagnação. Eis a receita perfeita para a estagflação em que a Europa está a caír.
Tudo, resultado de uma política assumida “à la Gardère”.
Soluções no próximo número.
Novembro 2023
Henrique Salles da Fonseca