VIVE LA LIBERTÉ!
Na Festa Nacional de França, abraços aos meus amigos franceses assim como aos francófilos de todas as nacionalidades.Ser-se hoje da francofilia, significa a ligação – mais ou menos romântica – aos Valores da República Francesa, liberdade, igualdade, fraternidade. E, portanto, para não ferir susceptibilidades, não saúdo os francófonos na sua globalidade – não quero incomodar os «amigos» de Maria Antonieta que aos Valores republicanos chamam «libertinagem, vulgaridade e pilhagem».
A grande diferença está na fundamentação do Poder: para os do «Ancien Régime», o Rei personifica o Poder por vontade divina; para os republicanos, o Poder emana da vontade popular.
Mais do que discutirem a legitimidade do Poder, Richelieu e Mazarino exerceram-no com o à vontade típico de quem se dizia intérprete da vontade divina e, na dúvida, com a ajuda de alguns mosqueteiros; apregoando a vontade popular, Robespierre e Marat exerceram o Poder com a ajuda de dois «preciosos» instrumentos – a demagogia e a guilhotina. ET VIVE LA LIBERTÉ!
Passada a glória militar francesa com a ida de Bonaparte para os «Invalides», os últimos resquícios de «vraie puissance» pouco mais fizeram do que descer os Campos Elíseos em parada dizendo ao povo que a «Force de Frappe du Grand Charles» existia e que o mundo podia e devia contar com ela. Mas o mundo, ingrato ou apenas surdo, não ouviu.
Restavam os Valores imateriais até que o anarquismo gramsciano do Maio de 68 os minou. E como se isso não tivesse bastado, a República está agora a braços com um novo transe, o do Islão. Nada de anarquismo, nada de elitismo, apenas a literacia corânica na palavra de teólogos de finura mais do que discutível.
Grande fosso se está a cavar em França…
Então, quanto mais este fosse se cava na sociedade francesa, mais próxima do Eliseu fica Marine Le Pen.
É isto que a França hoje comemora. Mas eu comemoro os 48 anos da minha saída de carro de Nampula a caminho de Lourenço Marques por aquelas picadas além na companhia de dois amigos, o Tó Sousa Pires e o Miguel Lory a quem daqui mando abraços.
14 de Julho de 2020
Henrique Salles da Fonseca