VIKINGS - 7
Dos meus textos sobre viagens facilmente se conclui que aprecio a geografia dos lugares que visito mas que a tónica acaba quase sempre por ir parar às gentes, à geografia humana.
E depois de ver gentes muito variadas, concluo que no essencial somos todos iguais mas também reconheço que somos todos diferentes: o que mais nos distingue não é a cor da pele mas sim e sobretudo, a Cultura e, dentro de cada uma, o nível cultural. As condições geográficas e as religiões condicionam e formam as Culturas e, nelas, notam-se as diferenças entre um braçal e um erudito. Numas sociedades há muitos braçais e poucos instruídos e noutras há predominância de licenciados «abrindo vagas» a indiferenciados.
Não reconheço a existência de «povos eleitos» nem de raças superiores, reconheço, isso sim, níveis de instrução e educação mais elevados ou primários que podem facilitar (ou dificultar) o adensamento da rede de sinapses e respectivos neurónios. A responsabilidade social de um instruído é, pois, maior do que a de um iletrado.
Estes povos nórdicos são muito mais responsáveis do que os aborígenes embriegados que vi em Darwin.
E assim tenho viajado pelo mundo entre o Cabo Norte e o Cabo Hornus no extremo sul da América do Sul.
Mas, nesta viagem em grupo organizada pela «Oásis Travel», o guia do grupo – Gonçalo Lucena Barreiro – teve o cuidado de compor as mesas no restaurante de acordo com o que lhe parecia a harmonia de centros de interesse. Assim, na nossa mesa eramos três casais em que nós, os homens, eramos (e continuamos a ser) economistas e em que as Senhoras tinham (e continuam a ter) experiências profissionais e de vida especialmente interessantes. A escolha não podia ter sido mais acertada pois, para além da conversa social, em cada refeição aprendi imenso. Destaco duas realidades que para mim foram surpresa: depois de devastados pelo arrasto pesqueiro, os fundos marinhos fronteiros à Serra da Arrábida estão em pujante processo de recuperação natural; libertada de custos fixos asfixiantes, a «Sociedade de Geografia de Lisboa» encontra-se finalmente em condições de avançar para novos vôos.
Afinal, foi no topo do mundo que viemos encontrar portugueses formidáveis.
1ª CONCLUSÃO: - Há sempre um Portugal desconhecido que espera por nós-
2ª CONCLUSÃO: - As pessoas, sim, interessam! O resto… é resto.
FIM
Henrique Salles da Fonseca