Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A bem da Nação

VIAGEM DE FIM DE SEMANA – 2

 

 

Regressada ao seu Porto natal depois de longa estadia em Lisboa, a nossa anfitriã organizou-nos uma estadia cultural de primeira qualidade mas que foi quase mono temática. Sim, tudo girou à volta de um tema fundamental da Cultura tipicamente portuguesa, a gastronomia. Mas como, sem se dar ares, é pessoa de elevadíssima cultura, todos os recantos por que passávamos de um restaurante para outro eram pretexto para uma explicação histórica ou uma nota social.

 

Três referências à gastronomia que experimentámos: a qualidade, a simplicidade, a barateza. Mas ficámos chocados com as quantidades que nos serviam pois, mesmo pedindo meias doses, poderíamos ser o dobro dos compinchas que ainda sobraria. Num almoço que fizemos em Matosinhos, as quantidades foram tão anormais (para a nossa bitola lisboeta) que pedimos o «dog’s bag» e fizemos um lauto jantar para nós os 7 num dos apartamentos que a nossa anfitriã nos disponibilizou.

 

E foi depois desse jantar doméstico que tivemos que sair a dar um passeio para «esmoermos a bacalhausada».

 

Mas o passeio foi curto pois o prédio da nossa amiga situa-se no «Caminho de Santiago» que ali bem próximo começa na Sé do Porto, desce por escadaria de 100 degraus até à Igreja dos Grilos, continua a descer por ruelas medievais e, passando à porta da nossa amiga e anfitriã, segue até desaguar na Rua Mouzinho da Silveira continuando por rumo que perdi mas que, obviamente, há-de levar os peregrinos ao destino galego. Nós não fizemos peregrinação pois apenas pusemos uma vela pelos nossos netos actuais e futuros na orada de Sant’Ana (a padroeira dos avós), que se situa a dez passos da porta do prédio em que estivemos aboletados. E da orada, subimos por cenário medieval do Porto primitivo (primorosamente recuperado depois de décadas e décadas de abandono) até uma igreja de frontaria monumental e muito bem iluminada. E de que igreja se trata? A dos Grilos. Mas a surpresa estava para vir quando tornejámos uma esquina fronteira à dita igreja e se nos deparou um espectáculo de cortar o fôlego com o Douro a nossos pés, Gaia na outra banda e tudo a regurgitar de vida por ali fora... Recordando o café afrancesado da crónica anterior, fiquei «bouche bée».

 

HSF-Douro e Gaia, do miradouro da Igreja dos Grilo

 

Vistas as vistas, voltei-me para a igreja e admirei a imponência de uma frontaria imperial que só pode ser admirada em todo o seu esplendor se adentrarmos a ruela por que subíramos vindos da orada onde puséramos a tal vela. Quase me apeteceria dizer que ali, sim, «meteram o Rossio na Betesga», tal a imponência contida num quase beco.

 

Igreja dos Grilos, Porto.jpg

Igreja de São Lourenço ou "dos Grilos"

 

Igreja e Colégio de São Lourenço, popularmente conhecida por Igreja dos Grilos, é um conjunto de edifícios construído pelos jesuítas em 1577 e financiado por doações de fiéis assim como por D. Frei Luís Álvaro de Távora (Ordem de Malta), ali sepultado.

D. Frei Luís Álvaro de Távora (Ordem de Malta).

 

Túmulo de D. Frei Luís Álvaro de Távora.jpg

Túmulo do benemérito com o apelido apagado

 

Tudo foi erguido com forte oposição (da Câmara e da população) não dirigida aos jesuítas mas sim ao colégio que pretendiam instituir devido à previsível permanência de filhos de nobres dentro da cidade por períodos superiores a três dias, o que era proibido.

 

Contudo, alguma diplomacia resolveu o diferendo – nomeadamente com aulas gratuitas para os filhos dos plebeus – e o colégio abriu portas. Até que em 1759, com a expulsão dos jesuítas, a igreja foi doada à Universidade de Coimbra em cuja posse se manteve até ter sido comprada pelos Frades Descalços de Santo Agostinho que ali ficaram de 1780 a 1832.

 

Instalados em Lisboa no Sítio do Grilo (zona oriental da cidade, ao Beato) desde 1663, estes frades ganharam a simpatia da população que os apelidou de "frades-grilos". Daí, o nome desta igreja no Porto.

 

Durante o Cerco do Porto, os frades viram-se obrigados a abandonar o convento, tendo este sido ocupado pelas tropas liberais de D. Pedro. O Batalhão Académico, integrando Almeida Garrett, instalou-se lá. Desde 1834, o conjunto pertence ao Seminário Maior.

 

Continuemos...

 

Dezembro de 2016

HSF-Café Magestic, Porto DEZ16.jpg

Henrique Salles da Fonseca

 

 

BIBLIOGRAFIA:

  • Wikipédia (Igreja dos Grilos; Frades Grilos)
  • Câmara Municipal de Lisboa (Sítio do Grilo)

5 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2006
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2005
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D
  274. 2004
  275. J
  276. F
  277. M
  278. A
  279. M
  280. J
  281. J
  282. A
  283. S
  284. O
  285. N
  286. D