UMA VIAGEM AO INFERNO – 6
FACIT LUX
Almoçados na Sertã, rumámos a Lisboa tomando o caminho inverso ao que tomáramos na ida: IC8, A13, A23, A1.
Mas a luminosidade chamou-me a atenção como não chamara na ida. Horas diferentes e nuvens diferentes produzem grandes diferenças na luminosidade. Por exemplo, a luminosidade mais esplendorosa que conheço é pelas 10 da manhã de um dia primaveril em Lisboa frente à Imprensa Nacional na Rua da Escola Politécnica. Passadas as horas ditas, o esplendor desaparece; havendo nuvens pretas, o fascínio não existe.
Deve ter sido isso que aconteceu neste regresso. Sol conjugado com certo tipo de nuvens e a luminosidade era esplendorosa. Lembrei-me de «A vista de Delft» de Vermeer.
Mas lembrei-me sobretudo de Monet e do seu quadro «Parlamento de Londres».
Com a diferença fundamental de que tanto Delft como o Parlamento inglês não tiveram aqueles fogos devastadores que alguém ateou no que hoje é o nosso Inferno. Mas parece que umas jornalistas já descobriram os mandantes dos incendiários. Sim, foram umas jornalistas da TVI a fazer luz sobre um grande mistério nacional, não umas polícias.
Haja saúde e até à próxima.
Abril de 2018
Henrique Salles da Fonseca