UMA INICIATIVA SUÍÇA
RECEBER ORDENADO SEM TRABALHAR
A 5 de Julho próximo, os suíços vão a votos em plebiscito sobre a criação de um rendimento básico incondicional.
Segundo a iniciativa, cada cidadão deve receber uma renda mensal básica sem qualquer condição; não seria adequado ter de pagar-se a própria existência, nem ter de ser obrigado a trabalhar por dinheiro.
Os iniciadores do modelo suíço partem do princípio de que mesmo assim a maioria dos suíços não deixaria de trabalhar. Prevêem haver mais empregos no sector de baixos salários e ser racionalizada a gestão social do Estado com menos burocracia social.
O valor da renda é questão para resolver depois. Alguns falam de um “salário” mensal base de 2.257 € independentemente de outros salários.
Na Finlândia encontra-se em consideração um modelo neoliberal pensado em termos semelhantes na base de 800 € por mês e pessoa, o que corresponde a um poder de compra na Alemanha de 664€ (segundo as contas da HNA, 19.05). Em contrapartida deixaria de haver os benefícios sociais vigentes. Pretendem em 2017 fazer uma experiência por dois anos em que 10 000 famílias devem participar; a experiência custará vinte mil milhões de euros.
Isto é certamente uma utopia que começará por tropeçar nas contas para financiar tal medida; neste caso, segundo o Prof. Domini H. Enste, o imposto de consumo teria de passar dos 19% para 50%, somar-se-iam os direitos já adquiridos em relação à reforma, tiraria a motivação para trabalhar e modificaria a atitude em relação ao trabalho.
Uma das consequências poderia ser acabar com as notas na escola; seria de prever o risco de uma dessolidarização da sociedade e o aumento de problemas psíquicos para muitos.
António da Cunha Duarte Justo