UM MAR IMENSO!
4 MILHÕES DE QUILÓMETROS QUADRADOS
A vizinha Espanha alterou a sua posição política de 2013, deixando de se opor a que Portugal aumente a extensão da sua plataforma continental, a partir da região da Madeira, aumentando o leito e subsolo marítimo de 200 para 350 milhas. A nota verbal entregue pela Espanha à ONU acontece depois de Portugal ter também declarado que não se opõe a que a própria Espanha estenda a sua plataforma continental a oeste das Ilhas Canárias.
É um mar imenso! Soberania sobre as primeiras 12 milhas e jurisdição até às 200 (incluindo espaço aéreo, água, solo e subsolo, com direitos de soberania sobre os recursos). Das 200 às 350 milhas, o poder estatal exerce-se só sobre o solo e o subsolo.
Repetimos, é um mar imenso à superfície e no subsolo, com recursos vivos (vegetais e animais), minerais e energéticos (gás e petróleo) incalculáveis. Uma enorme potencial riqueza.
E é isso mesmo que nos interessa. Sob muitos aspectos, o nosso país é pequeno e pobre, com a fertilidade e a riqueza mal distribuídas. O mar, esse mar imenso que ajudámos a desbravar, surge de novo na nossa história como caminho de riqueza e de descoberta, com a possibilidade de polarizar o país e de dinamizar a sua economia.
Quando olhamos para o país e vemos as notícias e as lutas internas, pouco mais vemos que questiúnculas, intrigas, pequenas lutas de poder, “casos”, atomizando o tecido social e travando o esforço colectivo.
Falta-nos um objectivo comum, um desígnio grande e possível, donde possa sair mais riqueza, mais emprego, mais iniciativa e inovação. Ele aí está, o mar!
Saibamos nós unir os esforços, preparar o futuro, rentabilizar os recursos e grandes perspectivas se abrirão.
De novo, o futuro passará pelo mar.
P. António Vaz Pinto, SJ
In Editorial, BROTÉRIA, Março de 2015, pág, 213 e seg.