UCRÂNIA - 4
Diz-se que «há males que vêm por bem» ou que «por bem fazer, mal haver».
Eis como a militância feminina no esforço desenvolvimentista conduziu à redução do número de filhos por casal, fenómeno este que, em paralelo com o significativo aumento da esperança média de vida, conduziu ao envelhecimento da nossa pirâmide etária. Assim se fez perigar a viabilidade financeira do sistema da segurança social. Tudo, apesar da redução drástica da mortalidade infantil. E assim é que a conjugação de três ou quatro factores muito positivos nos conduzem para um grave problema, o da viabilidade do sistema que funciona em regime de solidariedade (os activos financiam as pensões dos aposentados) e não pela capitalização dos descontos (de cada um para si mesmo na futura aposentação).
Ou porque as políticas de incentivo da natalidade têm pecado por timidez ou porque deixou mesmo de haver condições para a constituição de famílias numerosas, a realidade é que nos encaminhamos para uma redução absoluta da população portuguesa, nomeadamente a residente em Portugal.
Face ao que duas alternativas se nos colocam: ou fazemos mais portugueses ou recorremos ao retorno dos nossos emigrantes e à imigração de estrangeiros.
O retorno de emigrantes é sentimentalmente reconfortante, a atracção de lusodescendentes com formação técnica ou superior poderá constituir factor de dinamização não só económica mas também social (quiçá genética) mas a imigração de estrangeiros culturalmente harmónicos connosco pode ser factor de grande desenvolvimento. O acolhimento de refugiados ucranianos (tantos quantos eles queiram) poderá ter um especial significado humanistico – Portugal, país de paz; acolhedora Nação Portuguesa.
No actual transe ucraniano, é do nosso (português) próprio interesse «fazer o bem olhando a quem».
Como?
Conversemos…
Henrique Salles da Fonseca