TROPELIAS DE FRONTEIRA
A 15 de Setembro de 1663, a Província da Beira é dividida em dois partidos: o de Almeida, ou Riba Côa, entregue a Pedro Jacques de Magalhães; e o de Penamacor (ou Castelo Branco), entregue a Afonso Furtado de Mendonça.
O duque de Ossuna, sabendo que Almeida se encontrava menos guarnecida pela ida de forças da Beira com Pedro Jacques de Magalhães para o Alentejo, onde participaram na Batalha do Ameixial, tentou tomar aquela praça em Junho de a663 atacando-a de noite mas sem sucesso.
Por esta acção viria o Duque de Ossuna a ser acusado posteriormente de desobedecer a instruções do Conselho de Guerra de se manter apenas em acções defensivas e não fazer correrias por Portugal.
Entretanto, Pedro Jacques chegou com reforços do Alentejo. A 4 de Dezembro, o Duque de Ossuna começou a levantar um forte em Aldeã del Obispo que os portugueses tentaram embargar embora sem o conseguirem.
Desejoso de rivalizar com D. João de Áustria, mandou levantar um formidável baluarte não longe da Praça inimiga de Almeida, com o que deu receios aos portugueses de que procurasse tomar esta Praça. As obras – um recinto quadrado com quatro baluartes – foram iniciadas em 8 de Dezembro.
No dia 2 de Janeiro de 1664, os portugueses, comandados por Afonso Furtado de Mendonça [3º Conde de Barbacena], atacaram o Forte de Aldea del Obispo mas foram obrigados a retirar, com perdas e prisioneiros deixados, entre os quais o General que chefiava a Cavalaria que logo conseguiu fugir subornando os guardas.
Pedro Jacques de Magalhães, em informações ao Conselho de Guerra, observava já que aquele Forte era inútil porque será impossível conservar-se. Nisso mesmo insistiria curiosamente a acusação feita posteriormente ao Duque de Ossuna ao reconhecer que seria impossível defender-se o Forte, longe como estava de Ciudad Rodrigo e tão perto de Almeida, razão que levou à recusa de dois Mestres de Campo – D. Ignácio de Zayas e D. Pedro de Ulloa – em ficar a governá-lo. O que ao Duque de Ossuna fora ordenado pelo Conselho de Guerra era que demolisse o da Vale da Mula e se retirasse.
Enquanto prosseguia a construção do Forte da Conceição, o Duque de Ossuna, na tentativa de isolar Almeida, derrubou parte da ponte sobre o Côa. Pedro Jacques de Magalhães mandou de imediato reconstrui-la, tentando os castelhanos impedi-lo, mas sem sucesso. Travou-se ainda na ocasião uma escaramuça entre a vanguarda do Duque de Ossuna e a retaguarda de Pedro Jacques de Magalhães, que deixou edificada uma atalaia sobre a ponte.
Manuel Braga da Cruz
In «A Batalha de Castelo Rodrigo na Guerra da Restauração», BROTÉRIA, Janeiro de 2015, pág. 7 e seg.