TEOLOGIA, DA MINHA – 2
Claramente pretensiosa a atribuição a estes pequenos textos da dimensão de matéria teológica. Mas que outro nome lhes hei-de atribuir? Metafísica? Sim, estou a referir-me ao que fica para além da física, ao imaterial. Mas na Metafísica cabe muito mais do que na Teologia e esta, sim, é a questão relativa à dimensão que tem a fé como inerência, em paralelo com a racionalidade. A Metafísica pode basear-se apenas na racionalidade; Deus exige fé. Nem Santo Anselmo conseguiu eximir-se à fé para elaborar o seu argumento ontológico. Nem Descartes, nem Pascal,… como já nem os teólogos da era patrística cristã ou aqueles que transformaram a filosofia budista em religião passando por todos os teólogos judeus, muçulmanos, hindus, xintoístas e até animistas. A Teologia existe para dar racionalidade à fé, para explicar o que aparentemente é inexplicável.
E cito Karl Popper a págs. 32 da sua autobiografia intelectual, «BUSCA INACABADA»[1] em que afirma que “a teologia (...) é devida à falta de fé”, conceito com que também não deixo de concordar pois quem tem fé não precisa de explicações e a quem a não tem, pode não haver explicações que bastem. Foi especialmente para estes últimos que a Teologia foi edificada.
Mantenho, pois, o título. Mas para descer ao nível que na realidade cabe às elucubrações que desenvolvo, aconchego tudo à cautelosa dimensão da «minhidade». E assim fica ab initio admitida a falibilidade.
Dezembro de 2017
Henrique Salles da Fonseca
[1] - ESFERA DO CAOS, 1ª edição, Fevereiro de 2008