TEOLOGIA, DA MINHA – 15
Santos - refiro-os no masculino apenas por uma questão de simplificação da escrita mas é para mim claro que o feminino se lhe aplica em perfeita igualdade.
Sei de Santos em várias religiões – na hindu, na budista, na católica e na muçulmana. Nas outras, não sei se os há.
E o que é um Santo? Objectivamente, é alguém a quem os fiéis pedem bênçãos por intermediação com a Divindade Suprema. E serão mesmo “muito bonzinhos” como diz a crença popular? Tenho as minhas sérias dúvidas de que tenham obrigatoriamente que o ser. Não podem é ser maus porque, se o forem, não serão aceites como intermediários credíveis entre Deus e o humano pecador (mas não obrigatoriamente pecaminoso).
Como se pode, então, ser intermediário entre Deus e os homens? Tenho como condição essencial, a de ser aceite por ambas as partes, Deus e homens, sem o que não se estabelece a imprescindível ligação. E só uma grande finura espiritual pode alcançar o misticismo necessário à aproximação da Divindade Suprema - o Ser Supremo budista, Brahma hindu, Allah muçulmano, o Deus cristão - e em nome dos homens obter a dádiva por estes pedida. Tudo, no singular ou no plural, no masculino ou no feminino.
Esta aproximação e intermediação pode ser feita em vida do Santo, antes do reconhecimento canónico por parte das respectivas Igrejas; o Santo pode sê-lo antes da canonização uma vez que esta é apenas o reconhecimento oficial (canónico) pelos homens das capacidades sobrenaturais do Santo, do seu misticismo. Mas o Santo é-o independentemente de ser ou não reconhecido pelos homens.
Daqui, dá para imaginarmos quantos Santos por aí andam ou andaram que ninguém conhece nem reconhece…
Os Santos são-no por si próprios, não pelo reconhecimento humano e com ou sem parusia.
Janeiro de 2018
Henrique Salles da Fonseca