TEOLOGIA, DA MINHA - 13
FÉ, MITOLOGIA E TEOLOGIA
Etimologicamente, «Mitologia» vem de mito que é algo que não existe, que é ficcional; «Teologia» tem a ver com «teo», Deus.
Independentemente da verdade, só a nossa religião é teológica; todas as demais são mitológicas.
Inti é o nome quéchua do Sol, tido pela divindade mais significativa da fé do Inca.
Culturas anteriores à quéchua tinham Viracocha como sendo a suprema divindade. A definição completa do seu poder absoluto passava pela enumeração da sua superioridade sobre a água, a terra e o fogo mas evoluiu para um conceito mais complexo que acabou por se tornar no Deus único e criador universal, Inti.
Este novo e muito poderoso Deus do Sol não estava sozinho, estava casado com a sua irmã, a Lua com quem compartilhava uma posição igual no tribunal celestial. A Lua era conhecida sob o nome de Mama Quilla.
Inti era representado por uma elipse de ouro; Mama Quilla era representada por um disco de prata. Como um criador, Inti era adorado e reverenciado, mas também concedia (ou não) favores e ajudava (ou não) a resolver problemas e aliviar as necessidades; só ele podia dar boas colheitas, curar doenças e providenciar a segurança exigida pelo homem. E no meio de Natureza tão agreste com desertos tão áridos, com chuvas diluvianas, com tremores de terra e tsunamis tão devastadores, bem se compreende como esta (e qualquer outra) divindade era importante.
A Mama Quilla foi atribuído o fervor religioso das mulheres e elas foram as que formaram o núcleo duro dos seus fiéis seguidores. Quem melhor do que Quilla conseguia entender os seus desejos e os seus medos dando-lhes a protecção pretendida?
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Teologia ou apenas mitologia, uma coisa é certa: mesmo fora da influência das civilizações nossas conhecidas no Médio Oriente, no Oriente, no seu Extremo ou aqui na Europa, o homem acreditava em divindades - ou porque as sentira ou apenas porque precisava de se agarrar a uma crença. E aceitou os intermediários que lidam directamente com o divino: os xamãs, os médiuns, os sacerdotes, todos mais ou menos profissionais, todos verdadeira ou falsamente imbuídos de misticismo, uns verdadeiros, outros charlatães.
Mas, ao contrário dos que matam em nome de Deus, eu acho que a fé não se discute.
Janeiro de 2018
Henrique Salles da Fonseca
(algures em Goa, no exterior de um templo hindu)