TEOLOGIA, DA MINHA – 11
UMA QUESTÃO DE SEMÂNTICA?
Quando pousei pela primeira vez na Índia, logo o guia turístico me chamou a atenção para a profusão de Deuses na religião hindu. Tantos que nem ele, devoto, os conhecia a todos. Mas um, Brahma, é o principal, o criador de tudo [i], sendo os outros apenas seus auxiliares na ligação temática com os humanos. Por isso, os hindus consideram que, para cada tipo de questões, devem invocar um certo Deus secundário.
Claro está que, em silêncio, logo fiz uma analogia com o Deus cristão, Cristo e Santos assim como também me lembrei do que os budistas fazem nos pagodes (onde rezam a Buda e, por sua intercessão, ao Ser Supremo) e nos templos (onde invocam o orago respectivo e lhe pedem isto e aquilo).
Hierarquias estas que me parecem muito semelhantes (se bem que cada religião com particularidades muito específicas). Semelhanças evidentes entre o Deus cristão, o Ser Supremo budista e o Brahma hindu a quem os homens reconhecem a função criadora. Uma diferença evidente que é apenas de cariz semântico. Depois vêm as outras diferenças resultantes do isolamento durante milhares de anos de uns relativamente aos outros, de exegeses diferentes e assim por diante…
Mas também me parece evidente que muitas diferenças resultam do interesse dos respectivos Cleros manterem os seus rebanhos próprios, bem controlados e isolados dos demais no âmbito de um esquema a que chamo «Teo business». Ou seja, há muito interesse no distanciamento e muito pouco em qualquer espécie de diálogo inter-religioso.
Se os homens se quisessem entender nestas matérias, bem poderiam começar por abordar as questões de semântica. E só com isso já seriam capazes de se entreter durante uns quantos séculos num longo processo de paz e de tendencial concórdia. Talvez…
Janeiro de 2018
Henrique Salles da Fonseca
[i] - http://deva-dani.blogspot.pt/2009/01/deus-da-criao-brahma.html