TEOLOGIA, DA MINHA – 10
Sobre a reencarnação nada tenho ainda para dizer mas acerca da perenidade do espírito sobre a caducidade da matéria, já disse e repito, acredito.
Foi Santo Agostinho que disse que todo o ser vivo corpóreo tem alma, a qual lhe é dada por Deus: no caso dos vegetais, a alma é simplesmente o que dá vida ao corpo permitindo que este seja alimentado, cresça e se reproduza; nos animais, a alma não é somente a fonte dessas actividades que se encontram nos vegetais mas é também a fonte da sensação e do apetite; nos seres humanos, a alma racional é a fonte do pensamento e da vontade, além de todas as demais actividades que os homens têm em comum com os vegetais e com os animais.
E São Tomás de Aquino disse que o embrião humano tem uma alma vegetativa, o feto tem uma alma animal e só pouco antes de nascer tem uma alma verdadeiramente humana.
Não gosto desta doutrina de S. Tomás pois abre portas à interrupção voluntária da gravidez e com esta não concordo minimamente (a menos que clinicamente aconselhável) mas chego-me descontraidamente à de Santo Agostinho acrescentando a possibilidade de os animais domesticados (e os pets por maioria de razão) terem uma alma evoluída no sentido da sofisticação da humana. Sim, neste sentido, creio que as almas também se educam.
Mais: admito que, após a morte do corpo, a alma possa vaguear uns tempos pelos locais onde os afectos se tenham manifestado durante a vida (não pelos cemitérios, locais com que as almas nada têm a ver) mas que posteriormente se encaminhem para níveis definidos fora das tais quatro dimensões nossas conhecidas: o Céu dos cristãos «onde se sentarão à direita de Deus Pai» ou os sucessivos patamares budistas «rumo ao Ser Supremo» ...
Porque não são conhecidos regressos do Céu ou dos tais patamares budistas, só as almas errantes poderão reencarnar. Será?
Janeiro de 2018
Henrique Salles da Fonseca