TENTAÇÕES MEDIÁTICAS
Há temas que habitualmente ladeio por me parecerem menores ou apenas circunstanciais mas, de vez em quando, há um ou outro que inesperadamente chama a minha atenção. É o caso de Assange.
E a questão que me coloco é a de saber se Assange é um bandido ou um herói da transparência contra as manigâncias daqueles que estão habituados a manipular o rebanho dos mansos e amorfos. Só que estes mansos e amorfos votam e, portanto, os poderosos não podem prescindir deles num processo que se diz democrático.
E, de preferência, querem-nos – aos mansos e amorfos - devidamente manipulados, bem mansos e bem amorfos, distraídos.
A confirmar-se uma circunstância deste género, a da manipulação, quero crer que Assange deve ser considerado um herói.
Mas – e lá vem o tal «mas» que sempre existe – há questões legais (e éticas, haverá?) que o incriminam. E parece serem muitas, essas questões desde a invasão da privacidade individual até à extorsão e outras coisas horríveis…
Fica agora a minha dúvida sobre se este monte de ilegalidades de que o acusam não será, afinal, o castelo defensivo dos tais poderosos que se estão a ver descobertos e, apressadamente, o querem calar a todo e qualquer preço.
Por muito que venham por aí agora todas as costumeiras parangonas a dizer que o tipo é um bandido, eu fico na dúvida.
Mas, cautelosamente e por enquanto, não ponho as mãos no fogo em sua defesa. Por enquanto…
Idem, para com Rui Pinto.
13 de Abril de 2019
Henrique Salles da Fonseca
(arredores de Sidney, pelas terras de Assange)