TELEFONEM PARA RIAD
Foi preciso esperarmos estes anos todos desde a queda da União Soviética para assistirmos à guerra que está a acontecer na América Latina.
O primeiro a sair de cena foi o pseudo anacoreta uruguaio Pepe Mujica, ex-Tupamaro que ipso facto tem as mãos manchadas de sangue; seguiu-se Cristina Kirchner que não fez nada de jeito apesar de viúva do único «Presidente justicialista» que conseguiu pôr alguma ordem nas finanças argentinas; da política colombiana deixámos de ouvir falar; o folclórico Morales viu chumbada a sua tentativa de revisão constitucional para se eternizar no poder boliviano – vai mesmo sair no final do presente e último mandato – a menos que tente ainda algum trejeito golpista; os gatunos demagogos de esquerda brasileiros estão mesmo a contas com a Justiça e não é espectável que no final da suspensão a Presidenta regresse ao poder assim como é desejável apurar se Lula da Silva tinha ou não antepassados ricos que lhe deixaram em herança legítima a fortuna de que tanto se fala actualmente.
A Cuba vão brevemente regressar os membros da frente revolucionária que foram para o Brasil disfarçados de médicos com a agravante para o regime castrista de que esses retornados cheiraram, entretanto, a vida fora de um regime policial e não vão por certo gostar de voltar à tutela controleira. A ver se o feitiço não se vai voltar contra o feiticeiro...
E a Venezuela? A «emergência económica» decretada pelo sobrevivente Maduro é daquelas infantilidades que só um boçal leva a sério. Mas isso só enquanto contar com a conivência militar do país. Contudo, a própria estirpe militar está na génese do regime bolivariano chavista pelo que, em desespero, tudo pode acontecer a qualquer momento. Derrotada nas eleições legislativas, a governação por decretos presidenciais tem obviamente os dias contados e só é pena que entretanto tanta gente sofra tanto. E se querem falar com quem tem a chave do problema venezuelano na mão, telefonem para Riad. Sim, telefonem porque é sabido que já não há dinheiro para a viagem. Ah! e não percam tempo com Washington porque aí não vos dizem nada.
Maio de 2016
Henrique Salles da Fonseca