APIREXIA - 2
Pese embora a tradição, hoje começo por identificar as fontes de que me servi para o texto que se seguirá.
BIBLIOGRAFIA:
- Economia ao Minu
- Expresso
- Jornal de Negócios
- Jornal Económico
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Dados relativos a 2019 medidos sobre os períodos homólogos do ano anterior:
Δ do PIB no 2º Trim => 1,8%
Δ preços Agosto => - 0,1%
Δ FBCF 1º Trim => 11,8%
Δ FBCF 2º Trim => 6,9%
Δ Consumo bens duradouros 1º Trim => 3,1%
Δ Consumo bens duradouros 2º Trim => 0,2%
Δ Cons. bens não duradouros 1º Trim => 2,3%
Δ Cons. bens não duradouros 2º Trim => 2,2%
Δ Consumo privado 1º Trim => 2,3%
Δ Consumo privado 2º Trim => 1,9%
Δ Importações 1º Trim => 8,1%
Δ Importações 2º Trim => 3,1%
Δ Exportações 1º Trim => 3,7%
Δ Exportações 2º Trim => 2,0%
Δ Exportações de serviços (c/ Turismo) 1º Trim => 4,6%
Δ Exportações de serviços (c/ Turismo) 2º Trim => o,8%
Δ Exportações de bens 1º Trim => 3,4%
Δ Exportações de bens 2º Trim => 2,4%
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A primeira observação que me ocorre é o crescimento das importações ser sempre superior ao das exportações em que estas, virtuosas, devem ser confrontadas com aquelas que, muito frequentemente, correspondem ao esbanjamento de meios de pagamento sobre o exterior na compra de quinquilharia, o que ligo ao pujante consumo de bens não duradouros. Adivinho o quase certo aumento galopante do endividamento dos bancos portugueses sobre os homólogos estrangeiros.
A segunda observação tem a ver com o Investimento (FBCF) que, segundo a Católica Lisbon Forescasting (in Jornal Económico), se degradou pela redução da aquisição de máquinas e equipamentos - ou seja, pela redução da renovação tecnológica ou pela redução do aumento da capacidade produtiva. Não disponho, contudo, de elementos que me permitam perceber qual a importância que os equipamentos necessários ao enchimento de nova bolha no mercado de novas habitações assumem nesta redução do investimento.
A terceira observação está relacionada com a elasticidade do consumo de bens duradouros e a rigidez do consumo da quinquilharia chinesa e quejanda. De qualquer modo, apesar desta constatação, vemos por aí pulularem empresas que se dedicam à concessão de crédito ao consumo e, obviamente, de bens duradouros, não de bugigangas. Seria interessante dispormos de um barómetro do endividamento das famílias mas há muito tempo que não ouço o Banco de Portugal prestar essa importante informação. Não quero crer que esse silêncio tenha algo a ver com a aproximação do 6 de Outubro, com algum apavoramento dos eleitores e, quiçá, com desvio de votos. Pois, não quero crer mas adivinho que as famílias estão novamente super endividadas e que nova borrasca se aproxima.
Quase no fim, registo a informação do INE relativa à deflação de 0,1% em Agosto devido a uma quebra nos preços dos combustíveis. A ser mesmo essa a causa, pois então que continue a deflação por muitos e bons anos.
Finalmente, uma questão semântica: se a uma economia estagnada (ou mesmo em recessão) mas com os preços a subir se diz estar em estagflação, como se diz duma economia em crescimento (Δ do PIB no 2º Trim => 1,8%) e em deflação? Será apenas uma história mal contada?
Agosto de 2019
Henrique Salles da Fonseca