Curtinhas XLVIII
Que fazer desta Portela que tanto nos apoquenta?
v Descem estas Curtinhas do esquecimento etéreo onde haviam sido merecidamente arrumadas, só por causa do NAL. Uma vez mais. Foi agora um artigo de opinião assinado pelo Eng. Luís Pinto Coelho que “O Expresso” publicou (em 08/09).
v Defende o articulista, com argumentos fortes, que a Portela não tem condições, nem de espaço, nem de níveis de ruído, para continuar a ser o aeroporto de apoio aos voos comerciais regulares que demandem Lisboa. E, conclui, a opção “Portela+1” não faz qualquer sentido. Concordo plenamente.
v Então, o que me traz? O que me traz é a 2ª conclusão que ali aparece defendida – a saber: que a única solução válida é a “1”, com o consequente desmantelamento da Portela.
v Eu, por mim, continuo convencido de que a boa solução é “1+Portela”. Mesmo que a voz me doa, não desistirei de proclamar:
a) Que a Portela é uma infra-estrutura de transportes em excelente forma, solução definitiva para um problema que desde os anos ‘50 anda por aí à espera que alguém o resolva;
b) Que poderá ser convertida no interface de transportes da região de Lisboa, reunindo num mesmo local a central de camionagem (passageiros e carga) que Lisboa nunca teve e o terminal ferroviário (passageiros e carga) com que Lisboa sempre sonhou – tudo servido por uma rede de transportes urbanos pesados rejuvenescida com um módico de bom senso (sem interferir com a malha urbana), e adequadamente protegido por medidas de ordenamento do território menos permeáveis à construção civil (Leitor, convido-o a olhar para o mapa);
c) Que a pista e os equipamentos aeroportuários existem, e existem num local de eleição – sendo de exigir que se explique, muito bem explicado, em linguagem que todos compreendam, porque fás e porque nefas têm de ser desmantelados;
d) Que não pára de crescer, no espaço europeu, o tráfego aéreo que está disposto a pagar mais para beneficiar da proximidade ao centro da cidade – justamente o benefício que a Portela oferece espontaneamente (refiro-me: aos voos privados, aos voos charter e aos voos low cost - em que os passageiros, por razões de comodidade, aceitam pagar taxas aeroportuárias mais elevadas);
e) Que a indústria das convenções tem enorme potencial – e que, na competição para a captar, a Portela, de tão próxima, tem sido um argumento decisivo (apesar do péssimo serviço nas ligações aeroporto/cidade);
f) Que só por negligência grosseira, Lisboa não se tornará, dentro em breve, no principal porto europeu de cruzeiros para a rotação de passageiros e tripulações entre viagens – o que requer um aeroporto internacional capaz nas proximidades, e acessível a soluções de transporte aéreo muito flexíveis (os tais voos charter e low cost);
g) Que o estuário do Tejo (em menor grau, o do Sado) tem condições únicas na Europa para se tornar num centro de marinas de recreio de dimensão internacional (é, aliás, o último que resta ainda por explorar) - onde os que residem em países com meteorologias menos propícias virão guardar os seus barcos, e para onde se dirigirão sempre que puderem, em qualquer altura do ano, só para navegar (e aqui encontrarão, como sempre, condições de vento e mar à la carte);
h) Que o futuro da TAP está também em jogo, ainda que ninguém queira reconhecê-lo;
i) Enfim, que ao discutir-se o NAL, está-se a debater o futuro de Lisboa no concerto das grandes cidades ibéricas e europeias, durante este século.
a. palhinha machado
SETEMBRO 2007