O que falta
Em época em que o homem vale pelo que tem e aparenta, o estudo da genealogia parece mera fantasia ou desperdício de tempo. Mas a realidade é que esse estudo, em séculos passados essencial para categorizar o homem, é uma fonte valiosa de conhecimento de factos e hábitos históricos. Em países, como a China e o Japão, conhecer a história de seus ancestrais é mais que uma deferência especial, é um costume que identifica a religião e fortifica a nacionalidade.
Investigar os relacionamentos de parentesco é trabalhoso, dispendioso, requer tempo e muito discernimento. Não é para qualquer um. Pessoas há que levam a vida inteira a pesquisar algumas poucas gerações, dependendo do local e das fontes de onde provêem a(s) família(s). Enquêtes recentes dizem que os lugares menos difíceis para se achar registos dos antepassados são aqueles que se mantiveram por mais tempo isolados e que guardaram a história de sua gente nos anais locais, como nos países do norte da Europa e nas ilhas dos Açores e Madeira.
Actualmente o que leva as pessoas a procurar o seu passado genealógico não é mais a vantagem social que a nobreza um dia proporcionou, e sim a curiosidade histórica, o sentimento em relação à família, a comprovação de concessão de terras e património pelo governo.
A final, razão tinha o povo antigo quando procurava descobrir as suas origens, pois há um dito popular que atravessou os tempos e que diz: “Quem sai aos seus não os degenera”. Talvez seja isso o que falta para as actuais gerações, embuidas de que tudo se resume na força da tecnologia e do poder económico, saber que a potencialidade de um povo está no respeito à sua história, na educação a que ele se obriga, na força moral e espiritual das suas raízes, factores que resgatam o valor próprio e consolidam a soberania.
Uberaba, 22/09/08