A Europa do Sul foi tomada por uma classe de políticos que não hesita em «comprar» votos usando a demagogia que paga com dinheiros públicos – daí surgem os défices públicos;
A Europa do Sul sempre gostou muito mais de folgar nas belas praias do que estudar nos livros – daí a grande deficiência na instrução e formação e a pobreza estrutural dos PIB's com inerente dependência económica externa e consequentes dívidas privadas;
Os políticos da Europa do Sul convenceram os seus eleitores de que é aos ricos que cumpre pagar a crise travestindo esse conceito marxista na famosa «solidariedade europeia»;
A Europa do Sul contou com tudo isso e agora diz que os culpados são os ricos que não querem pagar a factura da sua «dolce vita»;
Os ricos não pagam, não; os ricos emprestam, sim, mas sobem a taxa de juro porque o risco aumenta com os dislates de novo em curso.
Ou seja, Schäuble mais não faz do que defender os interesses dos seus contribuintes e por isso se zanga com o que por aqui vai novamente...
MARTIN SCHULZ REAGE ÁS REACÇÕES DE ERDOGAN À DECLARAÇÃO DO BUNDESTAG SOBRE O HOLOCAUSTO AOS ARMÉNIOS
O presidente turco (segundo relata a imprensa alemã) colocou indirectamente o Parlamento Alemão nas proximidades do terrorismo.
O Presidente do Parlamento da UE Martin Schulz criticou as expressões do presidente turco contra os deputados de um outro Estado dizendo:"Este tipo de abordagem representa a quebra de um tabu absoluto, que eu condeno fortemente".
O presidente Erdogan, na sequência da declaração do Bundestag do assassínio turco aos arménios como Holocausto, reage de maneira não própria de um Presidente de um país civilizado, ao atacar os 11 deputados de origem turca de uma nação amiga como se estes tivessem de ser lacaios da política turca e estar de acordo com um Presidente autocrata que rompe com as conversações com os curdos, bombardeia os curdos sob o manto da NATO, persegue jornalistas e a imprensa que o critica e tira a imunidade aos Deputados curdos na Turquia.
As frases de Erdogan são suficientes para se reconhecer nelas racismo e para mostrar com que espécie de personalidade a UE faz negociações. A respeito dos 11 Deputados alemães de origem turca o Presidente afirmou: “Alguns dizem que eles são turcos. Mas que espécie de turcos?”. “O seu sangue tem de ser investigado através de um teste de laboratório”. “Lá deve haver 11 turcos! Isso é que era bom! Eles não têm nada em comum com a identidade turca (“com a turquidade”). Enfim, o seu sangue está corrompido". Considera-os “o braço prolongado” da organização terrorista PKK na Alemanha.
O deputado Cem Özdemir, chefe dos Verdes, que tinha tomado a iniciativa da resolução no Parlamento Alemão é quem recebe mais ameaças de morte.
Abono de Família encurtado ou eliminado no Sentido das Exigências britânicas
No conflito entre a legislação social britânica e a Comissão Europeia, o Supremo Tribunal Europeu de Justiça deu razão à Grã-Bretanha. Estrangeiros da UE que não vivem ou não vivam sempre na Grã-Bretanha não tinham direito, segundo a legislação britânica, ao abono de família britânico, embora a Comissão Europeia em Bruxelas fosse de opinião contrária.
O Processo com o número de arquivo C-308/14 relativo ao abono de família para estrangeiros da União Europeia veio criar clareza através da decisão do tribunal que dá razão à Grã-Bretanha.
A decisão, ao dar razão à Grã-Bretanha, vem fortalecer a posição dos Estados membros em relação à política da Comissão Europeia. Esta medida do tribunal é vento contrário nos moinhos dos britânicos defensores da saída da Grã-Bretanha da EU (Brexit). Este vento não será porém suficiente para a manter na UE.
Os juízes fundamentaram a decisão com o argumento de que as directivas relevantes da UE não criam um regime comum de segurança social europeia, permitem diferentes regulações nacionais e um governo não deve perder de vista o seu próprio orçamento. Deste modo, mesmo que o pai de uma criança viva na Grã-Bretanha e o filho na Roménia, este só passará a receber o abono de família correspondente ao da Roménia e não ao da Inglaterra. Mobilidade livre na Europa não significa direito de acesso a todos os apoios do Estado.
Países como a Alemanha, que pagavam imensas quantias de abono de família a crianças a viver na Roménia e em outros países da União Europeia, esfregam as mãos de contentes com tal medida do tribunal. Também se torna muito diferente se a quantia do abono de família pode ser feita em referência ao país de residência ou ao país de origem. Assim uma criança que até aqui era abonada em 180€ na Alemanha independentemente do local de residência, logo que a legislação alemã seja aferida à decisão do tribunal europeu, passará, a receber apenas 10 € de abono num país que só abone a criança com essa quantia. A prática anterior que se revelava numa medida de ajuda ao desenvolvimento e uma medida compensatória para países da periferia com a correcção do tribunal favorece o espirito nacional em relação ao europeu.
Com esta medida Bruxelas vem de encontro aos países mais ricos que se viam prejudicados ao terem de tratar os seus imigrantes e familiares independentemente da sua residência.
Numa entrevista ao jornal alemão FAZ, o Dalai Lama, líder do budismo tibetano, o refugiado mundial mais célebre (1959), defendeu a limitação do acolhimento de refugiados. Sob o ponto de vista moral, "um ser humano a quem a vida corre melhor, tem a responsabilidade de ajudá-los. Por outro lado, entretanto já são demasiados”. "A Europa, por exemplo, a Alemanha, não se pode tornar num país árabe" alerta o Dalai Lama.
É do parecer que os refugiados deveriam ser aceites apenas a título temporário. “O objetivo devia ser o seu retorno para ajudarem na reconstrução de seus próprios países”. Na entrevista o Nobel da paz, também justifica o emprego da violência quando "as circunstâncias são tais que não há escolha e a compaixão é a motivação".
O Dalai Lama demonstra muita cautela ao dizer que “a Europa não se pode tornar num país árabe” o que significa o mesmo que dizer que a Europa não se deve transformar num país muçulmano. Só que, se o formulasse desta maneira, teríamos uma discussão que levaria ao fim da macacada, o que se tornaria problemático numa praça pública habituada a viver de macaquinhos no sótão.
O Dalai Lama mostra autonomia de pensamento e esta qualidade é provocante para uma sociedade habituada a seguir um pensamento dividido e alinhado em trincheiras de direita e de esquerda.
Desde os anos 60 o pensamento europeu encontra-se sobretudo dirigido por políticos, por tribunos populares ou por cientistas de saber sociológico ou por um jornalismo impossibilitado de se orientar por um códice da imprensa livre e se orienta pelos credos mais cotados no mercado. Por isso é tão raro o pensamento livre responsável sem que se levante logo alguém com o bastão da moral.
Haverá populistas que apelidarão o Dalai Lama de fascista, de nacionalista, de populista da direita ou com deficiência intelectual, como é costume na praça pública; e isto porque, tal como acontece a quem pense pela própria cabeça, é logo metido numa gaveta em contraposição à opinião educada no sentido de balbuciar a opinião do polipticamente correcto em voga; também os donos da racionalidade e da verdade depreciarão o Lama pelo simples facto de ele ser um líder religioso. Uma sociedade que abandonou os cinco sentidos e o próprio tecto transcendente, para se orientar apenas por um racionalismo pragmatista e mercantilista continua irreflectidamente a sua marcha decadente.
Facto relevante aqui é o Dalai Lama, de passagem pela Alemanha, questionar a política de portas abertas e de um moralismo justo no foro do individuo só poder ser limitadamente aplicável quando se trata de interesses de instituições ou de Estados.
A questão dos refugiados torna-se ainda mais complicada também devido aos interesses nacionais europeus e de uma Turquia interessada em reter para si os refugiados “bons” e enviar para a Europa os ” casos problemáticos”.
A ideia de “uma estadia passageira para refugiados” contradiz interesses da economia de mercado e da ideologia marxista, interessadas em que haja mais concorrência em todos os sectores da sociedade europeia sejam eles de natureza económica, ou de natureza ideológica e espiritual.
O Dalai Lama motiva assim o repensar uma política europeia de carácter moralista e de interesses meramente ideológicos e económicos. Apela à moral da responsabilidade numa sociedade em que o moralismo do politicamente correcto avassala o espírito europeu universalista autêntico, fazendo-o em nome de uma cultura aberta e de uma tolerância que chega a atingir os limites da estupidez.
Dois exemplos para a política: o Papa Francisco e o Dalai Lama, duas vozes que a serem ouvidas levariam a política económica e social à razão.
L'ancien ministre giscardien, Michel Poniatowski, écrivait dans son livre-testament une conclusion dont on ne voit pas quelle ligne on pourrait changer 21 ans plus tard.
"Son âme, la France est en train de la perdre, non seulement à cause de la mondialisation, mais aussi, et surtout, à cause de la société à la fois pluriethnique et pluriculturelle que l'on s'acharne avec de fausses idées et de vrais mensonges, à lui imposer.
Si cet essai a permis à quelques-uns de mesurer devant quels périls nous nous trouvons placés, il aura déjà atteint son but. (...)
Ces pages peuvent apparaître cruelles. Mais elles correspondent à un sentiment très profond.
Le moment est venu de traiter énergiquement le problème de l'immigration africaine et notamment musulmane.
Si tel n'est pas le cas, la France aura deux visages : celui du «cher et vieux pays» et celui du campement avancé du tiers monde africain.
Si nous désirons voir les choses dégénérer ainsi, il suffit de leur laisser suivre leur cours.
Le campement africain toujours plus grand, plus vaste, plus illégal, grignotera d'abord, puis rongera, avant de faire disparaître tout entier le cher vieux pays, dont la défaite sera annoncée du haut des minarets de nos nombreuses mosquées.
Nos temps sont assez graves pour ne pas faire appel à de médiocres facilités politiciennes.Nous allons vers des Saint-Barthélemy si l'immigration africaine n'est pas strictement contrôlée, limitée, réduite et expurgée de ses éléments négatifs et dangereux, si un effort d'intégration ne vient pas aussi compléter cette nécessaire répression.
Les mesures à prendre sont sévères et il ne faudra pas que le vieux pays frémisse de réprobation chaque fois qu'un charter rapatriera des envahisseurs illégaux.
Il faut donc ainsi que ce cher vieux pays restitue à l'état sa place normale.
Les libéraux l'ont affaibli, les socialistes l'ont détruit. " Où sont les grandes tâches dévolues à l'État ? La Justice, l'Armée, l'Éducation nationale, la Sécurité, la Police, notre place en Europe ? En miettes.
La France est à l'abandon, est en décomposition à travers le monde.
Sa recomposition est dans un retour énergique à l'unité et à la cohérence, et de la Nation et de l'État."
"Si la vérité vous choque, faites en sorte qu'elle devienne acceptable, mais ne bâillonnez pas celui qui en dénonce l'absurdité, l'injustice ou l'horreur."
Michel Poniatowski (*)
In «QUE SURVIVE LA FRANCE»
(*) Michel Poniatowski, né le 16 mai 1922 à Paris et mort le 15 janvier 2002 au Rouret (Alpes-Maritimes), est un homme politique français. Résistant, député et maire de l'Isle-Adam, il est ministre de la Santé publique et de la Sécurité sociale de 1973 à 1974, ministre d'État, ministre de l'Intérieur de 1974 à 1977. Il est ensuite député européen et sénateur du Val-d'Oise. Proche de Valéry Giscard d'Estaing, il est l'un des dirigeants fondateurs de la FNRI, du Parti républicain et de l'UDF.
Quem não marra não mama – Em vez de Lamentos Grupos de Pressão
No fim de semana de 30 de Abril para 1 de Maio realizou-se na Alemanha o congresso do partido AfD (Alternativa para a Alemanha) para discutir e aprovar o programa básico do AfD e assim alinhar as diferentes tendências do partido e se preparar para as próximas legislativas de 2017; a secção do AfD Sarre foi excluída do partido pelo Congresso, por manter contatos com a extrema-direita.
O declarado objectivo do novo partido AfD (actualmente com 23.000 membros) é, em relação à Alemanha, “entrar no Parlamento Federal” e, em relação à EU, defender uma “Europa das pátrias” soberanas.
O Programa
O jornal HNA 2.05 cita as seguintes decisões aprovadas no programa do partido: a Turquia não deve tornar-se membro da EU, a EU deve ser reformada de maneira a restituir a soberania aos estados nacionais, regressar à comunidade económica CEE, ser diminuído o número de abortos, proceder-se à expulsão de estrangeiros criminosos, iniciar uma saída ordenada do ensaio Euro, reintroduzir-se o serviço militar obrigatório para os alemães, "a imigração de refugiados não regulamentada" prejudica a Alemanha, precisando esta de “imigrantes qualificados com vontade de se integrarem”; pretende também que a responsabilidade criminal seja já a partir dos 12 e não dos 14 anos. O programa afirma que o islão não é compatível com a Constituição Alemã. Entre outros apelos regista-se a proibição do uso da burca e do niqab em público, bem como o apelo do muezim (1) e a construção de minaretes (torres das mesquitas), prolíferos devido ao financiamento árabe. Defendem a energia atómica, o sistema escolar dividido em escola industrial, escola comercial e liceu em vez da “escola secundária integrada”; contra a ideologia multicultural e consideram o Islão como o adversário do ocidente.
São críticos em relação aos “partidos do consenso” e a uma “Alemanha contaminada pela geração 68” e reconhecem na Suíça o grande exemplo de participação civil na política.
O fenómeno que sociopolítico que se observa na Alemanha, uma sociedade extremamente temperada é indício de na Europa se iniciar um período crítico em relação a uma esquerda que actuou desenfreadamente perante uma direita, que se tinha reservado, socialmente, o papel de espectadora.
Segundo Bild am Sontag, a última sondagem Emnid conclui que se agora houvesse eleições o AfD seria a terceira força partidária da Alemanha com 13% de eleitores, os Verdes com 12%, o CDU/CSU 33%, o SPD 22%, o Esquerda 9% e o FDP 6%.
Os partidos estabelecidos procuram defender-se da nova força política, dando-lhe os atributos de extrema-direita e de populistas. Esta atitude revela mais fraqueza que força de argumentação porque é injusta no que respeita à atitude da maioria dos membros do partido (muitos deles eram membros dos partidos que dominam o poder na cena política: são os desiludidos da maneira como a esquerda europeia tem sido iconoclasta e irreverente em relação às tradições culturais ocidentais, são os críticos e os perdedores do sistema.).
O AfD obriga os outros partidos a ocuparem-se a nível de conteúdo com os problemas prementes que incomodam a maioria da população.
A classe política, apesar das perdas, sabe que pode continuar a governar sem grandes mudanças porque o grupo que a contesta é constituído por diferentes e concorrentes interesses que desestabilizam a nova formação política.
O que contribuiu para a formação do novo partido
Depois de 50 anos de domínio ideológico da esquerda surge agora pela maior parte da Europa a resposta da direita. Até ao surgir do AfD, a Alemanha era um país em que os imigrantes de cultura árabe se encontravam à vontade e até com exigências desmedidas. Os governos alemães não elaboraram uma política de estrangeiros em termos sociais; tinham uma política só virada para a economia e em questões problemáticas consideravam o tema de estrangeiros na opinião pública como tabu. O tema sobre os problemas do gueto e de integração não podiam ser tratados com objectividade porque os interesses do status quo e grupos políticos da esquerda logo se insurgiam com o epíteto de racista a quem apresentasse algo crítico em relação aos árabes.
O Governo da Turquia envia regularmente para a Alemanha 970 imames (orientadores religiosos de mesquitas) que rotativamente se renovam de cinco em cinco anos, enquanto a mesma Turquia proíbe a entrada e a acção de padres ou pastores na Turquia. Deste modo, o governo turco com o seu ministério do culto, direcciona política e religiosamente, os turcos e seus descendentes na Alemanha chegando o presidente turco Erdogan a considerar a integração “um atentado contra a humanidade”.
Os partidos, até agora ignoraram o facto de muitas famílias turcas impedirem as filhas de frequentarem a ginástica (natação) na escola; não tomaram a sério nem puseram na ordem do dia o facto de jovens muçulmanos manifestarem desrespeito pelas professoras; ignoraram o facto de em algumas mesquitas se pregar contra princípios democráticos da sociedade ocidental; não se preocuparam com o problema da radicalização em torno das mesquitas, nem dos casamentos forçados, nem da matança primitiva de animais para a festa do sacrifício; evitaram também tematizar crimes de honra, a liberdade individual e a igualdade dos géneros entre os muçulmanos.
Desonrou-se a tolerância, tolerando a intolerância e agora que surge um novo partido (o AfD) a fazer concorrência aos partidos instalados, estes já se começam, oportunisticamente, a preocupar com o problema da integração e com a realidade de sociedades paralelas que fomentaram.
Outrora o povo barafustava não sendo tomado a sério pela classe política, agora que se organiza em termos de poder já é tomado a sério sendo até copiado nalgumas exigências.
Lição da história: em vez de lamúrias e queixumes contra a classe do poder instalado, a solução é organizar-se em grupos de pressão, tal como fazem os que dominam. Basta seguir o exemplo dos grupos que têm nas mãos o poder: partidos, lóbis da economia e das finanças, maçonaria, sindicatos, etc. Doutro modo terão de se deixar reduzir à categoria dos que seguem o mote de “quem não berra não mama”; estes porém estão sempre dependentes do leite e da mãe. A política e o povo têm a melhor alegoria do seu comportamento na vaca leiteira e no seu bezerro: se o bezerro marra a vaca, esta deixa correr o leite. Em vez de berrar para mamar seria mais adequado lembrar-se da experiência de que quem não marra não mama. Alternativa: chorar ou marrar?
Aqui se nota a razão de povos vocacionados ao queixume! Em vez de seguirem o mote “quem não berra não mama” tornem-se activos mudando de atitude e de consciência, cientes de que quem não marra não mama! A prova vem dos grandes que marram tanto na teta do povo que chegam a nadar no leite. «Ou há moralidade ou comem todos»!
Somos livres de continuarmos a ser um povo que “não tuge nem muge” mas então não nos queixemos de sermos vaca só para alguns. No meio de tudo isto não desprezemos o outro provérbio português que avisa: "Onde reina a força, o direito não tem lugar."
António da Cunha Duarte Justo
“Não há nenhum deus além de Deus (Alá) e Maomé é o seu profeta”. Este grito é uma provocação diária em relação a todos os que não são maometanos e para mais é entoada nas mesquitas europeias sem qualquer preocupação. A política que penaliza quem levanta o braço na repetição do gesto de Hitler aceita como normal a entoação religiosa de uma confissão de superioridade e de exclusão dos outros. O povo parece resignar, na consciência de que é melhor não pensar para não sofrer! Esta cultura que sobe ao rubro por qualquer ninharia cristã acumula energias negativas no povo ao verificar que se respeita mis a cultura do próximo que a própria.
Não é fácil definir Ocidente, ou civilização ocidental. No prefácio ao seu grande livroCivilisation, Kenneth Clark observou que essa dificuldade de definição em regra acontece com tudo o que é realmente importante.[1] Também ele disse que não sabia definir exactamente o conceito de “civilização”, mas isso não queria dizer, acrescentou, que ele não soubesse reconhecer claramente a diferença entre civilização e barbarismo. Penso que todos concordamos com Kenneth Clark: todos sabemos distinguir civilização de barbarismo e todos sabemos distinguir a civilização ocidental de outras civilizações.
Um dos traços distintivos da civilização ocidental reside no facto de ela assentar num diálogo e numa tensão entre pelo menos três tradições fundamentais: Atenas, ou a tradição da filosofia clássica; Jerusalém, ou a tradição judaico-cristã; e os iluminismos modernos – para os quais, curiosamente, não existe consenso sobre o nome de uma só cidade: Edimburgo, Londres, Filadélfia, Königsberg e Paris seriam alguns dos candidatos rivais.
Este simples enumerar de várias cidades e várias tradições já revela uma característica fundamental do Ocidente: a ausência de uniformidade. O Ocidente assenta numa conversação a várias vozes. E é natural que umas sejam em dadas circunstâncias mais escutadas do que outras. Mas todas continuam a ter o seu lugar.
Para um observador externo, não familiarizado com o modo de vida ocidental, esta conversação a várias vozes parece sinal – ou mesmo sinónimo – de grave crise ou decadência. Mas não é esse o nosso entendimento, no Ocidente. Nós pensamos que haveria sinal de crise ou decadência se este diálogo fosse abruptamente substituído por um monólogo em que uma só voz procurasse abafar ou calar todas as outras.
Como escreveu o grande filósofo inglês do século XX, Michael Oakeshott, as nossas sociedades livres assentam num diálogo a várias vozes, que ele caracterizou como vozes do passado, vozes do presente e vozes do futuro. Há ocasiões em que algumas dessas vozes são mais escutadas do que outras. Mas, enquanto a todas for dada voz, as nossas sociedades permanecerão livres.
Duzentos anos antes, um outro grande filósofo britânico, o irlandês Edmund Burke, definiu de forma semelhante o contrato subjacente às sociedades livres: um contrato existente entre gerações, as que já viveram, as que vivem hoje e as que hão-de vir.
Este é um entendimento profundamente ocidental do Ocidente – um entendimento que é particularmente difícil de entender do exterior da tradição ocidental. Mas também há formas internas ao Ocidente de não entender, ou entender mal, ou desvirtuar este entendimento. Uma das formas mais frequentes ocorre quando uma das vozes que fazem parte do Ocidente começa a tentar excluir as outras da conversação – designadamente usando como argumento para essa exclusão a acusação de que as outras vozes são estranhas, ou não são dignas, do Ocidente.
Seria possível citar inúmeros exemplos deste fenómeno de inspiração, e por vezes também aspiração, autoritária. O recente caso Rocco Buttiglione que teve lugar no Parlamento europeu é um exemplo de uma tentativa – parcialmente vencedora – de excluir pontos de vista cristãos do diálogo europeu. A recusa de inclusão – no prefácio ao defunto projecto de Constituição europeia – de uma referência ao contributo do Cristianismo para a civilização europeia é outro exemplo de uma tentativa de excluir uma voz – de novo, uma voz Cristã – do diálogo ocidental.
Estas são apenas duas das muitas manifestações que na Europa têm vindo a ocorrer de uma estranha campanha sistemática para excluir o cristianismo da vida pública europeia. O nosso Amigo George Weigel, (...), examinou este problema com grande profundidade no seu livro O Cubo e a Catedral: A Europa, a América e a Política sem Deus[2]. Também o Professor Robert P. George analisou esta tentativa de excluir o cristianismo da praça pública, neste caso a praça pública norte-americana, no seu livro The Clash of Orthodoxies: Law, Religion and Morality in Crisis [3]. Como sabemos, esta tentativa de exclusão do cristianismo da praça pública – a chamada “naked public square” – tem constituído também um tema central da excelente revista norte-americana First Things, dirigida pelo Padre Richard John Neuhaus. E os argumentos de George Weigel, Robert P. George e Richard John Neuhauss atingiram já tal repercussão que o próprio semanário The Economist dedicou (...) uma separata especial de 20 páginas ao tema da “Religião e Vida Pública”[4].
Eu gostaria de subscrever os pontos de vista de George Weigel, Robert P. George e Richard John Neuhaus e gostaria de sugerir uma ideia adicional: a par da tentativa de excluir o cristianismo da praça pública ocidental, existe uma outra tentativa paralela, a meu ver com as mesmas origens, a tentativa de separar a Europa da América, ou a América da Europa, reclamando apenas para uma delas a pureza, ou a autenticidade do legado ocidental.
Na história das ideias, há um longo reportório de tentativas deste tipo – quase sempre originárias da Europa e visando excluir a América. As mais recentes e mais poderosas, e também com as consequências mais trágicas, ocorreram no século XX e estiveram associadas aos dois grandes totalitarismos que mancharam o século passado: o nacional-socialismo alemão e o comunismo soviético.
Um distinto politólogo da Universidade de Virgínia, o Prof. James Ceaser, recordou recentemente no Estoril, nos XII Encontros Internacionais de Estudos Políticos, a genealogia do anti-americanismo na Europa, desde ainda antes da fundação da República Americana, em 1776, até ao presente[5]. Vale a pena recordar apenas alguns dos episódios intelectuais mais recentes dessa narrativa.
Em 1935, o filósofo alemão Martin Heidegger, que ficou célebre pela sua associação ao nazismo, da qual nunca se retratou, apresentava da seguinte forma a sua ideia de que a Europa se situava “no meio” entre o americanismo e o bolchevismo: “A Europa encontra-se actualmente presa numa grande tenaz, apertada entre a Rússia de um lado e a América do outro. De um ponto de vista metafísico, a Rússia e a América são a mesma coisa, com o mesmo desolador frenesi tecnológico e a mesma organização, sem restrições, do homem comum”[6].
Como recordou o Prof. James Ceaser, a América e a União Soviética eram para Martin Heidegger, o eixo do mal. Mas, em bom rigor, Heidegger pensava que a América representava uma ameaça maior, uma vez que, disse ele, “o bolchevismo é apenas uma variante do americanismo”.
Quando os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha nazi, Heidegger escreveu que “o mundo anglo-saxónico do americanismo está determinado em destruir a Europa”. Na sua opinião, a Europa estava ameaçada de americanização, estava a tornar-se demasiado parecida com a América, mas ainda podia salvar-se e esse era o propósito do nazismo: “rejeitar o americanismo e expulsá-lo para o outro hemisfério”. Como recordou o Prof. James Ceaser, o caminho para a salvação da Europa, no entender de Martin Heidegger, estava no anti-americanismo.
É hoje frequentemente esquecido que, depois da II Guerra Mundial e da derrota do nazismo alemão, alguns dos mais célebres discípulos da filosofia de Heidegger se encontraram na extrema-esquerda europeia. Os marxistas Herbert Marcuse, Jean- Paul Sartre e Alexandre Kojève – todos admiradores da filosofia de Heidegger - retomaram o ataque do seu mestre à América, embora desta vez o associassem à defesa do comunismo e da União Soviética. Para estes autores, tal como antes para Heidegger, a América representava o império do autoritarismo burguês, empresarial e religioso, camuflado pelas vestes hipócritas da liberdade formal.
Também Jean Baudrillard, um dos líderes do pensamento pós-moderno francês contemporâneo, encabeçou nos anos de 1990 os ataques à América. Durante a primeira Guerra do Golfo, em 1991, Baudrillard escreveu que a mais profunda fonte de barbarismo é hoje em dia a América – e que a sua derrota constituiria o primeiro passo no sentido da libertação do despotismo exercido pelo tecnologismo. Regis Debray, o célebre antigo porta-voz da revolução cubana na Europa, condenou veementemente a intervenção da NATO no Kosovo e, voltando a usar a expressão de Heidegger, afirmou que esta era uma ocasião única para a Europa rejeitar o americanismo e “voltar a empurrar a América para o outro hemisfério” [7].
A questão que gostaria de colocar é a de saber se existe realmente algo de comum às tentativas de separação da Europa e da América, por um lado e, por outro, às tentativas de exclusão do Cristianismo da vida pública das nossas democracias ocidentais.
E eu gostaria de responder que sim, que existe algo de importante em comum. Em primeiro lugar, como já referi, existe uma tentativa de silenciar a conversação a várias vozes que constitui a base da civilização ocidental. Em segundo lugar, essa tentativa dirige-se em particular contra a voz da religião cristã. E, quando na Europa sobe actualmente a campanha anti-americana, um dos aspectos que mais violentamente é criticado na América é a forte presença da religião cristã na sociedade americana. Por outras palavras, o actual anti-americanismo na Europa é em grande medida expressão da hostilidade contra o cristianismo.
Esta hostilidade contra o cristianismo visa reescrever, ou redesenhar a história e a natureza do Ocidente em bases totalmente novas. Ela visa reescrever, ou redesenhar, a história ou a natureza da liberdade em termos totalmente novos. E, no centro dessa tentativa, está a ideia de que a liberdade e o ocidente se fundam na relatividade ou arbitrariedade dos valores morais substantivos.
Esta ideia de relatividade ou arbitrariedade dos valores morais é chave para compreender o tempo actual. Com efeito, é hoje frequente ouvir dizer – desde logo nos meios de comunicação social, por vezes até nas universidades – que aquilo que distingue uma cultura de liberdade é a inexistência de valores impessoais ou supra- pessoais.
Por outras palavras, os valores seriam meras preferências, arbitrárias e equivalentes entre si. Dado que, segundo esta perspectiva, cada um teria a sua verdade, a liberdade e a tolerância seriam então produto da impossibilidade de estabelecer qualquer hierarquia entre as verdades de cada um. Deste ponto de vista, portanto, a defesa de uma hierarquia objectiva ou supra-pessoal de valores – em particular, a defesa dos valores substantivos do Cristianismo – seria já uma ameaça à liberdade e à tolerância, uma espécie de visão nostálgica que conduziria necessariamente ao autoritarismo.
Eu gostaria de argumentar que este ponto de vista – que poderíamos designar por relativista – está equivocado, por uma razão fundamental: porque ele não consegue sustentar o valor que diz defender, isto é, o valor da liberdade. E gostaria de apresentar brevemente o meu argumento contra o relativismo em três passos: primeiro, no plano puramente lógico; depois, no plano histórico, designadamente no plano da história política do século XX; em terceiro lugar, e finalmente, tentarei sugerir como o Cristianismo na verdade constitui um dos fundamentos incontornáveis da civilização ocidental, a civilização da liberdade.
(continua)
João Carlos Espada
* Comunicação apresentada ao IX Congresso Católicos y Vida Pública, Madrid, Universidade CEU San Pablo, 16-18 de Novembro de 2007
Ela (noutro continente) – A Europa está a tornar-se um lugar mau.
Eu (em Portugal) – E porquê?
Ela – Por causa dos jihadistas.
Eu – Sim, concordo. Mas por que é que há jihadistas na Europa?
Ela – Porque as fronteiras estão abertas.
Eu – E por que é que as fronteiras estão abertas?
Ela – Porque a Europa tem a mania de ser um espaço onde todos cabem.
Eu – Então, se é lugar de acolhimento para todos, por que razão é um lugar mau?
Ela – Porque um lugar onde há de tudo torna-se incaracterístico, sem coesão, corre o risco de perder a sua própria Civilização ou desta deixar de ser predominante.
Eu – E acha que deixa de ser civilizado?
Ela – Sim, passa a ser de tudo e de todos e deixa de ter uma Civilização. Como dizem os brasileiros, passa a ser uma bagunça. É essa bagunça que faz da Europa um lugar mau por passar a ser perigoso.
Eu – Mas os que vêem de fora são uma minoria comparados com os europeus indígenas.
Ela – Mas já há muitos europeus indígenas descendentes de imigrantes que têm outros parâmetros civilizacionais. A Civilização Ocidental está a deixar-se abafar por outros. E isso é um perigo para ela própria. E não me fale na coesão das religiões abrahâmicas porque essa coesão não existe pura e simplesmente. Se actualmente as relações entre o judaísmo e o cristianismo estão bem, veja o que acontece com os muçulmanos...
Eu – Os muçulmanos sunitas não têm um clero hierarquizado, responsável pela exegese dos textos sagrados. Não se consegue falar com quem os represente globalmente porque esse alguém não existe. Com os judeus pode-se falar e também com os muçulmanos xiitas porque têm as respectivas hierarquias que fazem a exegese dos textos e definem uma doutrina. Os sunitas não têm nada disso e é cada imã por si próprio. Se há imãs cultos, outros há que são boçais e outros até que são verdadeiros terroristas. E o mais grave é que não têm quem os ponha na ordem. Portanto, não podemos pôr todos os muçulmanos no mesmo saco. Os xiitas e os sunitas nada têm a ver uns com os outros e até andam à bulha.
Ela – Então, dá-me razão quando digo que a Europa está em perigo de se transformar num saco de gatos assanhados, um sítio perigoso, mau.
Eu – Sim, mas acho que há muito que fazer antes de se alinhar pelo diapasão do Front National da Marine Le Pen e outros Partidos quejandos.
Ela – Pois olhe que se eu fosse francesa já estaria a votar nela.
Eu – Eu não. Acho que temos urgentemente que reabilitar a ética e combater o hedonismo, o facilitismo e a demagogia. Depois...
Ela – ... e depois lá dirão que se acaba com a democracia.
Eu – A democracia – como ela vem sendo interpretada – tem que evoluir de modo a que não haja mais situações como estas que aconteceram em Portugal e vão acontecer amanhã ou depois em Espanha em que os ganhadores perdem e em que os perdedores ganham. A própria Alemanha, tão sorumbática, tem agora um Governo híbrido de ganhadores e perdedores que lhe dilui as políticas e acaba por dar mostras de incerteza. É o caso da deriva em que andam por lá com os refugiados em que uns dizem assim e os outros dizem assado tudo resultando numa incerteza que ninguém entende.
Ela – Creio que a Europa vai ter que se deixar de tantos punhos de renda.
Eu – Vejo a evolução europeia mais no sentido americano do que no de Le Pen.
Ela – Uns Estados Unidos da Europa?
Eu – Não, abrenúncio! Cada Estado europeu a inspirar-se no modelo americano para a revisão da respectiva Constituição. Mais: com as actuais regras constitucionais, estou mesmo a ver que nem sequer o Espaço Schengen se aguenta quanto mais uns Estados Unidos. Nem pensar!
Ela – Mas olhe que os europeus têm mesmo que enveredar por sistemas mais platónicos, por exemplo só dando o direito de voto a quem tenha cumprido o ensino obrigatório; têm que ser mais elitistas contrariando a actual propensão para a boçalidade.
Eu – E onde irá parar o mercado negro de diplomas? Sabe, esses temas são muito giros de abordar quando se vive noutro continente mas, na Europa, temo que esse tipo de discussões ainda não tenha perninhas para andar. A ver vamos...
Ela – Mas agora tenho que desligar porque a chamada está a ficar muito cara. Até amanhã, abraço.