O aquecimento global tornou-se um assunto mediático, sobretudo depois da seca observada nos Estados Unidos da América, no Verão de 1988. O receio de um novo e prolongado período de calor e de seca, como o que se verificou nos anos 1930 (cf. As Vinhas da Ira de John Steinbeck), explica a atenção particular dedicada à seca de 1988 e a dramatização que se lhe seguiu, até hoje.
Na verdade, a ideia do aquecimento global, com origem na emissão de gases com efeito de estufa (GEE) libertados na queima dos combustíveis fósseis, foi transformada num tema extremamente confuso, em que os alarmistas misturam tudo:
A poluição e o clima – tornou-se o clima num álibi para resolver a poluição. A evolução futura do clima é apresentada como um postulado e quem coloca dúvidas sobre o aquecimento global fica catalogado como favorável à poluição.
Os bons sentimentos e os interesses (in)confessados – alarma-se com um planeta em perigo, que é necessário salvar mas, em simultâneo, admite-se o direito de poluir, mediante o comércio de «direitos de emissão» de GEE.
As suposições e as realidades – apresentam-se modelos informáticos do clima sem relação directa com os mecanismos reais e avançam-se previsões tanto mais gratuitas quanto os prazos são mais longínquos (2100!).
O sensacionalismo e a seriedade científica – procura-se o furo jornalístico e ignora-se a informação devidamente fundamentada, com os políticos e os media a ajudar à confusão.
Os alarmistas pretendem ver sinais da catástrofe anunciada nalguns acontecimentos recentes (ondas de calor, secas, cheias, evolução natural do mar gelado do Árctico e do Antárctico) os quais, no entanto, não têm qualquer relação com as emissões de GEE.
Seleccionam as informações favoráveis à ideia do aquecimento, ocultando as que dão conta de situações de arrefecimento. O que domina incontestavelmente o debate, e mais o falseia, é que as alterações climáticas são um assunto de climatologia, que está a ser tratado, maioritariamente, por não especialistas, nomeadamente pelos ambientalistas.
Com uma complacência geralmente proporcional à ignorância dos fundamentos da disciplina, muitos dos que têm a audácia de se proclamar cientistas apenas propalam as hipóteses oriundas dos modelos.
Deve-se começar por colocar fortes reticências ao mito segundo o qual os relatórios do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) são preparados por «milhares de cientistas». É falso. Não provêm senão de uma pequena equipa dominante.
Os conhecimentos actuais sobre climatologia são em geral limitados. O IPCC reconhece-o quando refere que «A aptidão dos cientistas para fazer verificações das projecções provenientes dos modelos é bastante limitada…».
As explicações do IPCC não reflectem a verdade científica, que é extremamente complexa. São em regra simplistas, próximas do slogan, a fim de serem facilmente apreendidas. Quanto mais simples a mensagem, maior a hipótese de ser adoptada pelos políticos e pelos media.
Este conhecimento superficial e esquemático é também imposto pelas «simplificações inevitáveis, transpostas para os modelos», os quais não podem integrar todas as componentes dos fenómenos climáticos.
Esta falha explica também a fé cega atribuída a uma ciência – a climatologia – idealizada por alguns, ignorando, geralmente, que a climatologia está num verdadeiro impasse conceptual há mais de cinquenta anos.
A climatologia não dispõe de um esquema explicativo observável da circulação geral da atmosfera (fenómeno este que é fundamental) apto a traduzir a realidade das trocas meridionais de energia e vive na ignorância dos mecanismos reais.
Este impasse tem conduzido, entre outros, aos «falhanços» dos serviços de meteorologia dos EUA na previsão das trajectórias dos furacões tropicais, por deficiente conhecimento da sua dinâmica.
O conhecimento é substituído pela convicção (sincera, ou pela fé) do género «estou convencido de que o aquecimento global do planeta é uma realidade» ou «há quem não acredite no aquecimento global». Isto é a negação do método científico.
É, pois, necessário fazer um ponto da situação. Sem complacências nem concessões, aprofundado, rigoroso e unicamente centrado na climatologia, pois o estudo do clima deve ser deixado aos climatologistas.
Torna-se necessário desmascarar a pretensa ligação Homem – poluição – GEE – aquecimento global – alterações climáticas. O Homem, neste caso, está inocente e a acusação que lhe fazem não se justifica.
Rui G. Moura
NOTA FINAL:
Engenheiro electrotécnico (IST). A sua vida profissional foi ocupada no sector energético nacional. Trabalhou na Comissão Europeia, Bruxelas, como especialista português. Participou na realização do último Plano Energético Nacional, de 1992. Depois de se reformar dedicou-se ao estudo da climatologia.
As alterações climáticas sempre aconteceram e a instabilidade do clima sempre reduziu os homens à sua insignificância
Nas igrejas pode estar a diminuir o número de fiéis, mas nas ruas correm multidões de penitentes. Dizem que vão salvar o planeta e sobretudo comprazem-se em anunciar-lhe o fim, ora submerso como aconteceu à orgulhosa Atlântida, ora abrasado como terá sucedido em Sodoma e Gomorra.
Àqueles que ousam questionar tal Apocalipse acusam de incredulidade e casos existem em que tentaram mesmo criminalizar a formulação destas dúvidas que vêem como uma heresia. E assim, dois séculos e meio após ter sido escrito o Juízo da Verdadeira Causa do Terramoto Que Padeceu a Corte de Lisboa, no primeiro de Novembro de 1755, o padre Gabriel Malagrida tornou-se não só uma obra actual como global.
Tudo o que neste século XXI acontece na Terra, seja uma trovoada na Austrália ou um nevão no Canadá, é o resultado das alterações climáticas, agora transformadas em crime humanamente nefando no sentido setecentista do termo. Nesse século XVIII em que Malagrida foi pregador, o terramoto de Lisboa foi visto como um sinal da ira divina. Cabe perguntar por que se teria zangado Deus em 1755 com esta cidade de Lisboa. Depende da fé dos acusadores. Para o jesuíta Malagrida a zanga de Deus provinha dos "intoleráveis pecados", como a vaidade, praticados nesta cidade. Para os protestantes aquela catástrofe nascia do desagrado divino com esta Lisboa onde se adoravam imagens, existia a Inquisição e se dizia missa em latim, o que, segundo eles, impedia o conhecimento da palavra de Deus e gerava a sua consequente fúria.
O resto desta história é razoavelmente conhecido: o padre Malagrida acabou queimado num auto-de-fé e o Marquês de Pombal reforçou os seus poderes. Das fúrias de Deus com os lisboetas deixou de se falar, até porque outras fúrias se abateram sobre o reino e a sua capital. Entretanto descobriu-se que os nossos antepassados, tenham sido eles os fenícios ou os gregos, acharam por bem fundar esta cidade numa zona de risco sísmico que nos dá os terramotos como das raras certezas das nossas vidas alfacinhas, com pecados ou sem eles.
Aquele espalhafato penitencial da pegada ecológica que esta semana (este artigo foi escrito e publicado no jornal Público em Dezembro de 2009) anda por Copenhaga tem de facto muito do palavreado dos pregadores que, como o pobre Malagrida, aterrorizavam os nossos antepassados, associando os seus pecados aos tremores de terra, à perda das colheitas, às secas ou à fúria das águas. As alterações climáticas sempre aconteceram e a instabilidade do clima sempre reduziu os homens, sejam eles das cavernas ou dos arranha-céus, à sua insignificância. Por isso em todos os tempos sempre existirão Malagridas a inventarem-nos responsabilidades naquilo que infelizmente não podemos evitar, como as catástrofes naturais, ou a agigantarem-nos os medo se as culpas como está a acontecer actualmente com o aquecimento global que, recordo, sucede ao terror duma nova idade do gelo e à explosão demográfica como os flagelos que, nas últimas décadas, nos garantiram que iam destruir o planeta.
Mas não sejamos inocentes: Malagrida não existe sem Pombal.
Por Copenhaga circulam os herdeiros do autoritarismo iluminista que em cada catástrofe, seja ela real ou anunciada, vêem uma possibilidade de aumentar o seu poder para níveis que, não fosse esta ambiência catastrófica, não se aceitariam. As propostas que em nome da salvação do planeta se têm feito ouvir por parte de líderes como Sarkozy, Lula da Silva ou Zapatero provavelmente ficarão pelo meio do caminho à excepção óbvia da produção de milhares e milhares de regulamentos que aumentarão o poder dos governos não para melhorar a vida do ou no planeta, mas sim para complicar a existência dos comuns mortais e torná-los cada vez mais dependentes do poder político.
Helena Matos
NOTA
Perguntarão os leitores por que é que estou a publicar um texto com mais de dois anos...
Porque nesta época de sérios problemas por que passamos considero importante que nos recordemos da razão pela qual a Conferência de Copenhaga foi inconclusiva.
Vão recordando comigo...
Lembram-se daquele cientista duma Universidade britânica cuja correspondência com outros colegas combinando a manipulação dos gráficos das temperaturas foi descoberta dias antes da dita Conferência?
Ficou conhecido como o «Climategate».
A questão era simples: em vez de apresentarem as medições reais que apontavam para a descida geral das temperaturas, os fulanos invertiam o gráfico e o que aparecia era o aquecimento global.
Revelada a manipulação nas vésperas da Conferência, lógico seria que a mesma fosse inconclusiva e a atrapalhação dos oradores políticos foi total pois já tinham mandado redigir os discursos e ficaram sem pinta de sangue à última hora.
E que será feito dos manipuladores? Não sei mas desejo que tenham sido postos no lugar que lhes compete, a rua.
Eis a questão que me parece importante nos tempos que passam: perante a falsidade então descoberta, não será altura de desmantelarmos tantas imposições que dificultam a actividade económica?
O facto é que, fora a polémica sobre o aquecimento global, ignorando as altas pesquisas científicas, sérias ou manipuladas, o clima está mudando mais rápido do que se previa nestes últimos 50 anos. Qualquer um que more abaixo da linha do Equador, e que tenha mais de 60 anos, percebe na pele essa mudança.
No Brasil, o Inverno (frio) no centro-oeste não existe mais. Do rico e pouco estudado serrado não resta quase nada, só pequenas áreas de reserva ambiental em fazendas particulares e algumas faixas de mata marginais às estradas. A seca em certas zonas da Amazónia, antes nunca mencionada, agora é noticia nos telejornais. São enormes áreas derrubadas e queimadas para fazer pastos, explorar o subsolo, fazer pesquisas por nacionais e estrangeiros.
Avenidas e áreas residenciais de cidades litorâneas do nordeste submergiram, em poucas décadas, tomadas pelas águas do mar e areias. No interior da região, são as perenes secas levando ao êxodo a sua sofrida população, pela inoperância dos governos. No sul e sudeste, dunas desaparecem sob acção humana, as chuvas e os ventos, desregulados, destroem cidades com enchentes e tornados. Na Argentina, por inadequado gerenciamento ecológico, áreas pastoris viram deserto. Tudo isso são eventos geo-climáticos que, pouco apercebidosaté algum tempo atrás, agora passaram a fazer parte da nossa " rotina" quotidiana.
No mar contaminado, os corais e o micro plâncton, envenenados, se extinguem.A fauna com seu sistema de radar biológico, discinético, "aloprado", perde o rumo, morre nas praias, asfixiada. Animais silvestres, em extinção ou não, sem espaço, invadem as urbes sujas e poluídas à procura de alimento, levando viroses desconhecidas, contaminando mais ainda os humanos. Nos campos, plantas, sementes e frutos que não se desenvolvem se não forem tratados com agrotóxicos ou outros venenos, cada vez mais poderosos, para não se falar dos transgénicos. Nunca se teve tantas doenças alérgicas, respiratórias, dos aparelhos digestivo e imunológico, como agora.Não há como ignorar, seja pelo desmatamento desenfreado, ou pela emissão dos gases, emitidos pela digestão dos animais dos grandes rebanhos comerciais e pelas industrias; seja pelos gases eliminados na queima dos combustíveis fósseis, ou expelidos nas catástrofes naturais (queimadas, vulcões), formando buracos na camada de ozónio; seja pelacontaminação das minas e lençóis freáticos ou pela sujeira deixada pelos artefactos espaciais que circulam na órbita terrestre, é notório perceber as mudanças físicas e climáticas que estão ocorrendo de maneira acelerada na face da Terra. Está passando a hora de parar, de reavaliar as consequências dos nossos actos, de assumir compromissos e tomar atitudes efectivas para preservar o meio ambiente para o bem da humanidade.
O homem actual, egoísta, com sua desmedida ambição e ilusória omnipotência, está modificando o seu habitat, a sua casa.Talvez, inviabilizando a vida neste lindo e azul planeta. É preciso acordar, dar um basta. É preciso ter atitudes de respeito à vida, à natureza. É preciso garantir o futuro.
A ser assim, conclui-se que a Polícia dinamarquesa recebeu ordens para prender 600 pessoas que nas ruas de Copenhaga denunciavam a fraude a fim de que a conversa dos maldosos pudesse continuar a subir à tribuna dos oradores. Deste modo puderam continuar a enganar Chefes de Estado e de Governo cujos Assessores não tiveram tempo de consultar a Wikipedia.
Pelos vistos, nem tudo vai bem no Reino da Dinamarca...
O aquecimento global tornou-se um assunto mediático, sobretudo depois da seca observada nos Estados Unidos da América, no Verão de 1988. O receio de um novo e prolongado período de calor e de seca, como o que se verificou nos anos 1930 (cf. As Vinhas da Ira de John Steinbeck), explica a atenção particular dedicada à seca de 1988 e a dramatização que se lhe seguiu, até hoje.
Na verdade, a ideia do aquecimento global, com origem na emissão de gases com efeito de estufa (GEE) libertados na queima dos combustíveis fósseis, foi transformada num tema extremamente confuso, em que os alarmistas misturam tudo:
A poluição e o clima – tornou-se o clima num álibi para resolver a poluição. A evolução futura do clima é apresentada como um postulado e quem coloca dúvidas sobre o aquecimento global fica catalogado como favorável à poluição.
Os bons sentimentos e os interesses (in)confessados – alarma-se com um planeta em perigo, que é necessário salvar mas, em simultâneo, admite-se o direito de poluir, mediante o comércio de «direitos de emissão» de GEE.
As suposições e as realidades – apresentam-se modelos informáticos do clima sem relação directa com os mecanismos reais e avançam-se previsões tanto mais gratuitas quanto os prazos são mais longínquos (2100!).
O sensacionalismo e a seriedade científica – procura-se o furo jornalístico e ignora-se a informação devidamente fundamentada, com os políticos e os media a ajudar à confusão.
Os alarmistas pretendem ver sinais da catástrofe anunciada nalguns acontecimentos recentes (ondas de calor, secas, cheias, evolução natural do mar gelado do Árctico e do Antárctico) os quais, no entanto, não têm qualquer relação com as emissões de GEE.
Seleccionam as informações favoráveis à ideia do aquecimento, ocultando as que dão conta de situações de arrefecimento. O que domina incontestavelmente o debate, e mais o falseia, é que as alterações climáticas são um assunto de climatologia, que está a ser tratado, maioritariamente, por não especialistas, nomeadamente pelos ambientalistas.
Com uma complacência geralmente proporcional à ignorância dos fundamentos da disciplina, muitos dos que têm a audácia de se proclamar cientistas apenas propalam as hipóteses oriundas dos modelos.
Deve-se começar por colocar fortes reticências ao mito segundo o qual os relatórios do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) são preparados por «milhares de cientistas». É falso. Não provêm senão de uma pequena equipa dominante.
Os conhecimentos actuais sobre climatologia são em geral limitados. O IPCC reconhece-o quando refere que «A aptidão dos cientistas para fazer verificações das projecções provenientes dos modelos é bastante limitada…».
As explicações do IPCC não reflectem a verdade científica, que é extremamente complexa. São em regra simplistas, próximas do slogan, a fim de serem facilmente apreendidas. Quanto mais simples a mensagem, maior a hipótese de ser adoptada pelos políticos e pelos media.
Este conhecimento superficial e esquemático é também imposto pelas «simplificações inevitáveis, transpostas para os modelos», os quais não podem integrar todas as componentes dos fenómenos climáticos.
Esta falha explica também a fé cega atribuída a uma ciência – a climatologia – idealizada por alguns, ignorando, geralmente, que a climatologia está num verdadeiro impasse conceptual há mais de cinquenta anos.
A climatologia não dispõe de um esquema explicativo observável da circulação geral da atmosfera (fenómeno este que é fundamental) apto a traduzir a realidade das trocas meridionais de energia e vive na ignorância dos mecanismos reais.
Este impasse tem conduzido, entre outros, aos «falhanços» dos serviços de meteorologia dos EUA na previsão das trajectórias dos furacões tropicais, por deficiente conhecimento da sua dinâmica.
O conhecimento é substituído pela convicção (sincera, ou pela fé) do género «estou convencido de que o aquecimento global do planeta é uma realidade» ou «há quem não acredite no aquecimento global». Isto é a negação do método científico.
É, pois, necessário fazer um ponto da situação. Sem complacências nem concessões, aprofundado, rigoroso e unicamente centrado na climatologia, pois o estudo do clima deve ser deixado aos climatologistas.
Torna-se necessário desmascarar a pretensa ligação Homem – poluição – GEE – aquecimento global – alterações climáticas. O Homem, neste caso, está inocente e a acusação que lhe fazem não se justifica.
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(*) Engenheiro electrotécnico (IST). A sua vida profissional foi ocupada no sector energético nacional. Trabalhou na Comissão Europeia, Bruxelas, como especialista português. Participou na realização do último Plano Energético Nacional, de 1992. Depois de se reformar dedicou-se ao estudo da climatologia.
Tendo vivido a maior parte da minha vida sob um regime comunista, sinto-me na obrigação de dizer que, no início do séc. XXI, a maior ameaça à liberdade, à democracia, à economia de mercado e à prosperidade não é o comunismo ou as suas variantes mais atenuadas. O comunismo foi substituído pela ameaça do ambientalismo militante... Os ambientalistas apresentam as suas ideias e argumentos como verdades indiscutíveis, usam métodos sofisticados de manipulação da comunicação social e recorrem a campanhas de relações públicas para exercer pressão sobre os decisores políticos a fim de alcançarem os seus objectivos. Para reforçarem a sua argumentação procuram incutir o medo e o pânico, afirmando que o futuro do mundo está seriamente ameaçado. É sob uma tal atmosfera que pressionam os decisores políticos no sentido de os levarem a adoptar medidas restritivas, a impor limites arbitrários, regulamentações, proibições e restrições nas mais vulgares actividades humanas, sujeitando as populações a omnipotentes decisões burocráticas... As invocadas alterações climáticas de origem antropogénica tornaram-se num dos mais perigosos argumentos destinados a subverter o esforço humano e as políticas públicas em todo o mundo.
A afirmação é do climatologista português Rui Moura, autor do blog ‘Mitos Climáticos’ para quem a Terra é uma máquina térmica onde há constante troca meridional de energia. “Provavelmente, com o objectivo nunca alcançado de uniformizar as temperaturas em todo o planeta, a natureza nunca pára de trabalhar”.
Nesta entrevista concedida à Com Ciência Ambiental, Rui Moura explica as causas do aquecimento global e questiona o consenso científico apresentado pelo IPCC, sigla inglesa para Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima.
Com Ciência Ambiental — O número de cientistas que subscrevem as conclusões do IPCC reduziu do terceiro para o quarto relatório. E muitos deles foram a público criticar a forma como estão sendo conduzidos os estudos. O consenso sobre o aquecimento global está caindo?
Rui Moura — Em ciência não existe consenso. Como diria o sociólogo francês Edgard Morin, o IPCC produz ciência sem consciência. Ou, mais bem dito, produz hipóteses que nunca foram provadas. O que acontece é que muitos cientistas que colaboraram com o IPCC se afastaram pela falta de ética desse organismo da ONU, que está a provocar uma profunda crise na ciência. Outros cientistas mudaram de opinião porque as observações que fizeram não confirmavam as hipóteses do IPCC. Por exemplo, num dos seus primeiros relatórios, ditos de avaliação, dizia que as tempestades iriam diminuir – o tempo seria mais clemente – visto que cairia o gradiente (diferença) de temperatura entre os pólos e os trópicos, uma vez que os modelos “diziam” que os pólos iriam aquecer e os trópicos manteriam a temperatura. Essa conclusão seria lógica. De fato, as tempestades acalmam-se nos Verões, quando diminui o gradiente de temperatura. Mas aconteceu o inverso. Os pólos arrefeceram e aumentaram as tempestades. Logo, o IPCC mudou de opinião e disse que o aquecimento global, afinal, trazia um aumento das tempestades, o que é absurdo. Outro exemplo: os modelos do IPCC “dizem” que as precipitações vão ser concentradas nos Invernos (com cheias catastróficas) e que os Verões seriam muito secos. Mas está a acontecer exactamente o contrário. Vide as cheias na Europa durante este Verão (o meu blog fala disto em pormenor). Portanto, o IPCC vai dar, proximamente, mais uma cambalhota.
A palavra “consenso” foi inventada pelo IPCC e logo seguida pelos movimentos ambientalistas para pressionar os decisores políticos a tomarem medidas que lhes convinham.
CCA — O senhor sustenta que os modelos climáticos computorizados que baseiam as previsões do IPCC não reflectem a realidade observada em diversas regiões do planeta. Que realidade é essa?
Rui Moura — Os modelos matemáticos que pretendem apreender o sistema climático real – os computadores são utilizados para resolver as equações matemáticas – apareceram em meados da década do século passado. Pretenderam dar resposta às previsões do tempo que se apresentavam falíveis para além de alguns dias, que cabiam numa só mão. Mas essa apreensão falhou e continua a falhar. Os computadores, por mais potentes e rápidos que sejam, não conseguem resolver um sistema de equações que não corresponde à realidade, seja do que for. É o homem que põe em equação um determinado enunciado – climático ou outro –, não é o computador. Este serve de auxiliar de cálculo. Nada mais do que isso. Na fase actual do conhecimento dos fenómenos climáticos, o homem não sabe pôr em equação o que acontece realmente na natureza. É a falta de humildade de dizer que não se sabe responder às questões postas pelo clima que leva a toda essa sarrabulhada do IPCC. Um dos dilemas mais importantes para o aprendizado do clima está naquilo a que se chama circulação geral da atmosfera. Representa as trocas de massas de ar e de energia entre os pólos e os trópicos. O nosso maravilhoso planeta também pode ser explicado como uma máquina térmica. A natureza obriga essa máquina a realizar, a qualquer instante, essa troca meridional de energia. Provavelmente, com o objectivo nunca alcançado de uniformizar as temperaturas em todo o planeta, a natureza nunca pára de trabalhar. Isto é, a natureza, de uma forma perfeitamente organizada – não caoticamente como alguns erradamente dizem – gostaria que São Paulo e Lisboa usufruíssem do mesmo clima. Ora, as equações utilizadas nos modelos matemáticos do clima baseiam-se no que se designa por esquema tricelular (células de Hadley, de Ferrel e polar). Os satélites meteorológicos vieram demonstrar que esse esquema não corresponde à realidade. Por exemplo, na célula polar diz-se que uma massa de ar frio sai dos pólos, vai aquecendo e sobe na latitude de 60º. Sendo assim, o frio ficava restrito aos paralelos 60º – 90º. Mas eu já senti frio em Miami, por exemplo. Em São Paulo nunca fez frio? Consequentemente, o esquema tricelular cai pela base. Mas é ele que está incorporado, com as suas equações matemáticas, nos modelos do IPCC. Podíamos ir por aí e verificar que existem outros fenómenos reais, como os processos dinâmicos no Árctico e no Antárctico, que os modelos são incapazes de apreender.
CCA — De que outra forma as mudanças climáticas podem ser explicadas?
Rui Moura — A variabilidade do clima é um fenómeno perpétuo da natureza. O nosso planeta não está isolado dentro do espaço astronómico. Os planetas vizinhos, pelas suas posições relativas, exercem influência na trajectória do que habitamos. Como tal, o clima é influenciado por parâmetros astronómicos. A nossa elipse encolhe, aproximando-se do círculo, ou estende-se aumentando a distância relativa Sol-Terra. A Terra roda como um pião com um eixo de rotação que tem uma inclinação variável em relação ao plano da elipse. O sérvio Milutin Milankovich – sem computadores, nem sequer uma pequenina máquina de calcular – explicou as glaciações e os períodos interglaciários por meio da modificação dos parâmetros astronómicos. Claro que existem outros parâmetros que influenciam o clima. Acontece que nos anos 1970, muito provavelmente em 1975/76, se verificou uma guinada brusca na dinâmica da circulação geral da atmosfera. Esse fenómeno é detectável em índices climáticos como o NAO (Oscilação do Atlântico Norte - OAN, em português) e ENSO (El Niño – Southern Oscilation). A circulação geral da atmosfera, tal como nos é mostrada pelos satélites meteorológicos, é realmente explicada pelos chamados anticiclones móveis polares (AMP). São massas de ar frio perfeitamente organizadas que saem dos pólos a uma cadência quase diária e se dirigem para os trópicos. O padrão dos AMP (potência - dada pela densidade das massas de ar frio – e frequência) depende da época do ano em cada hemisfério. No Inverno, os AMP são mais frequentes e mais potentes. No Verão, pelo contrário, são menos frequentes e menos potentes. Exactamente, em 1975/76, o que se alterou foi a produção dos AMP nos Invernos (os índices NAO e ENSO passaram, bruscamente, de negativos para positivos). A variabilidade do clima foi nitidamente marcada por essa variação brusca. Por quê? A explicação exacta a Deus pertence. Isto é, temos de perguntar à Natureza. Existem hipóteses não confirmadas, por exemplo: 1) variação da inclinação do eixo de rotação do planeta; 2) aerossóis – poeiras – que arrefeceram os pólos (sim, os pólos arrefeceram, não tenhamos dúvidas); 3) modificação do comportamento do Sol – radiação ou raios cósmicos.
CCA — Afinal o mundo está esquentando ou esfriando?
Rui Moura — Está esfriando (esta palavra é menos usada em Portugal, onde se diz que “está arrefecendo”). Anteriormente foi dito que a variação brusca se detectou nos AMP que nasceram nos Invernos. O tempo mais agreste significa acentuação do gradiente de temperatura pólos-trópicos. Estamos a observar as premissas de uma primeira fase de entrada numa glaciação. Guardadas as devidas distâncias (não será para amanhã, nada de alarmismo!), dentro de algumas décadas o tempo vai deixar de esquentar e vai, depois, esfriar. Aliás, já deixou mesmo de esquentar. Há pelo menos uma a duas décadas que a designada temperatura média global estacionou. Espero não assustar no sentido inverso do aquecimento global, que é uma falácia. O homem sabe adaptar-se ao clima. Os esquimós e os tuaregues não lutam contra as alterações climáticas. Adaptam-se ao clima que a natureza lhes proporciona. Os nossos decisores políticos são mal aconselhados e tomam medidas em sentido contrário ao que deviam tomar. Fomos todos apanhados numa tremenda crise da ciência, em geral, e da climatologia em particular. Falta humildade aos cientistas próximos dos decisores políticos para dizer abertamente que não sabem explicar os fenómenos que todos nós observamos. Para entendermos o que se passa, devíamos estudar o que se passou na entrada da última pequena glaciação, designada por Pequena Era de Gelo, que terminou aproximadamente em 1850. No fim desta era, a natureza abriu o frigorífico e daí o descongelamento de alguns glaciares e agora está na eminência de voltar a fechar a porta do frigorífico.
CCA — Se existem hipóteses mais plausíveis para explicar a mudança ocorrida na década de 70, de onde surgiu a “hipótese do CO2”?
Rui Moura — Foi após aquele episódio que mencionei, da variação brusca do clima de 1975/76 nos Estados Unidos, que culminou com a ida de cientistas ao Congresso, incluindo James Earl Hansen que tratou depois de formular hipóteses aparentemente correctas para provar a sua bombástica afirmação no Congresso. Alguns climatologistas ligados a organismos internacionais, nomeadamente da ONU, como a Organização Mundial de Meteorologia, promoveram a formação do IPCC. Pressionaram o poder político incapaz questionar a veracidade da hipótese lançada por Hansen. Esta situação apanhou desprevenidos outros climatologistas que não tiveram força suficiente para mostrar que estávamos perante a maior fraude científica de toda a história da ciência. Os cientistas racionais comparam Hansen a Lisenko (charlatão da ex-União Soviética), de tal modo que passaram a dizer hansenismo como cacofonia do lisenkoismo. O fenómeno Lisenko foi possível pelo incipiente estado de conhecimentos da biologia da época – os contraditórios não dispunham de explicações que refutassem o charlatão – que só se desenvolveu muito mais tarde. Passa-se o mesmo com a incipiente meteorologia-climatologia clássica desprovida de explicações fortes para refutar sem margem para dúvidas a hipótese falaciosa do efeito de estufa antropogénico. Por que os outros climatologistas não denunciaram imediatamente a falsidade de Hansen? Porque a climatologia passava, e ainda passa, por uma crise de conceitos que se arrasta desde meados do século 20. A climatologia clássica não é capaz de explicar os fenómenos reais por impossibilidade científica. Apenas a climatologia moderna é capaz. Marcel Leroux, professor de Climatologia de Lyon, França, actualmente reformado, produziu um corte epistemológico na climatologia clássica avançando com uma teoria moderna que se baseia nas observações feitas pelos satélites meteorológicos. Um dos elementos principais dessa climatologia moderna é o AMP (anticiclone móvel polar) referido anteriormente. Falta dizer que o movimento ambientalista internacional (com o Greenpeace à frente) encontrou na falácia de James Hansen um alimento para a sua sobrevivência que estava a sofrer vários reveses.
Marcel Leroux : “Le réchauffement de la planète ? Une imposture !”
Misturar poluição com ambiente e estes com o clima era uma ‘pêra doce’ (não sei se no Brasil usam esta forma de estilo da pêra doce). De fato, a poluição devida à queima de combustíveis fósseis, nomeadamente os derivados do petróleo bruto e o carvão, arrasta consigo o CO2, que não pode ser classificado como um poluente (então todos os seres humanos seriam poluidores através da respiração). Os Ambientalistas misturaram poluição com “aquecimento global” e “alterações climáticas”, aproveitando para reduzir a poluição que, de fato, é condenável. Só que a redução das emissões de CO2 antropogénico não alterará um milímetro que seja a função da natureza na sua tarefa de promover a circulação geral da atmosfera. Vejamos um exemplo. O dos ‘dog days’, ou canículas, na nossa língua [época do ano em que o Sírio está em conjunção com o Sol]. Os AMP provocam aglutinações com estabilidades anticiclónicas, no Inverno como no Verão. Mais no Inverno, pelo aumento da sua actividade nessa estação do ano. As aglutinações são encaixes de massas de ar frio que aumentam a pressão atmosférica, especialmente no solo (a pressão atmosférica é o resultado do volume de ar acima do nível respectivo e é máxima no solo). Esse aumento de pressão eleva a condutibilidade térmica do ar rente ao solo que aquece mais facilmente para a mesma radiação solar (com tempo límpido) e com o calor proveniente do próprio solo – nos oceanos não há ‘dog days’. Desse modo, o ar aquece e torna-se seco (daí a seca e o ‘dust bowl’). Se o ar está seco, significa que o vapor de água é reduzido. Ora, o vapor de água é o principal gás do efeito estufa. Ou seja, nos ‘dog days’ ou canículas, a temperatura é escaldante, mas até o efeito estufa natural se encontra debilitado. Então, o CO2 antropogénico nos ‘dog days’ não conta para nada, é um infinitamente pequeno que não aquece nem arrefece. Acabamos de refutar a hipótese de que o aquecimento global seja provocado pelas emissões antropogénicas de gases do efeito de estufa. Mas as temperaturas nos ‘dog days’ – que não têm rigorosamente nada a ver com os gases do efeito de estufa, nem sequer os naturais – entram nas estatísticas que servem para determinar o valor designado por “temperatura média global”. Esse valor tem apenas um significado simbólico, digamos estatístico. Ele não explica nada de nada quanto ao sistema climático. Seria o mesmo que fazer a média de todos os números de telefone de todas as listas telefónicas do mundo inteiro e pretender dizer que esse número explicava o sistema telefónico.
CCA — Qual a real influência do CO2 e dos outros gases de efeito estufa no clima do planeta?
Rui Moura — Na resposta anterior está explicada a infinitamente pequena influência do CO2 antropogénico. É um infinitésimo de ordem superior que a dinâmica própria do clima despreza. Também se pode dizer que o CO2 provoca apenas um fenómeno de terceira ou quarta ordem na evolução do clima. Temos de distinguir os gases de efeito estufa naturais dos antropogénicos. Estes, como vimos, não têm qualquer influência detectável na dinâmica do tempo e do clima. O homem está inocente por ser incapaz de influenciar o clima. Os gases de efeito estufa naturais (dentre os quais se encontra o CO2 natural) têm uma influência fundamental no clima. Sem eles, o planeta Terra seria inabitável, pois a temperatura seria da ordem dos -18 ºC. Os gases de efeito estufa naturais provocam uma contra-radiação celeste, que origina um aquecimento da ordem dos +33 ºC. Portanto, os +15 ºC resultantes permitem ao homem andar por aí fora a fazer coisas boas e coisas más. Uma das más é o malfadado Protocolo de Quioto, que não modificará em nada o clima da Terra. O nosso planeta seguirá o caminho indiferente à existência ou não de modelos matemáticos, de movimentos ambientalistas, de organizações nacionais e internacionais como o IPCC e outras.
Apesar de fortes evidências que associam o aquecimento global ao actual padrão de civilização, ambientalmente insustentável, o polémico Climatologista português Rui Moura engrossa a lista dos cientistas que divergem das conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
Rui G. Moura, português
A temporada 2007 de furacões começou esquentando o debate sobre as mudanças climáticas. O furacão Dean que atingiu o Golfo do México está sendo ligado, por sua força incomum, ao fenómeno do aquecimento das águas oceânicas.
A ONU já pediu maior empenho da comunidade internacional nas negociações pela redução da emissão de gases do efeito estufa. E uma recente sessão especial da Assembleia Geral, com a participação de mil delegados de 150 países, foi promovida para debater especificamente a questão. Em Setembro, líderes do mundo todo também se encontrarão na 61ª Reunião da Assembleia Geral da ONU tendo em pauta a protecção das “presente e futura gerações” por meio do controle do clima global. Os
chamados aos “cidadãos do mundo” estão, a cada dia, mais constantes e alarmantes. A civilização do consumo irresponsável está em xeque.
Mas, afinal, o que levou os “cidadãos do mundo” a discutir climatologia, uma ciência que até pouco tempo atrás era absolutamente desconhecida?
O pesquisador Rui Moura, climatologista português que se especializou na discussão do aquecimento global, explica:
“Na década de 1930, os Great Plains [Grandes Planícies] dos EUA sofreram uma seca prolongada, com tempestades de areia designadas Dust Bowl [Prato de Poeira]. Esse fenómeno provocou uma crise socio-económica bem retratada por John Steinbeck no livro ‘As vinhas da ira’. A Grande Depressão viu meio milhão de norte-americanos, a maior parte agricultores, abandonar as suas terras e ir para longe dos Estados afectados. Os políticos norte-americanos ficaram com o complexo dos dog days, principalmente em decorrência dos problemas sociais do Dust Bowl.”
“Em 1988, os EUA passaram por uma fase de seca, depois da variação brusca do clima de 1975 e 76. Vários cientistas foram chamados ao Congresso para explicar o que se estava a passar. Um deles, James Earl Hansen, Director da NASA, mostrou uns gráficos e disse: “a seca é causada pelo aquecimento global que, por sua vez, decorre das mudanças climáticas provocadas pela emissão de gases do efeito estufa, nomeadamente o CO2”. O The NewYork Times do dia seguinte publicou na primeira página, em parangonas, que a ‘seca se deve ao aquecimento global’, desenvolvendo um artigo contra as alterações climáticas, a poluição e as emissões de gases do efeito de estufa. Como é norma, a imprensa internacional repetiu cegamente as palavras do NYT”, completa o climatologista.
A partir daí, alguns climatologistas ligados a organismos internacionais, principalmente à ONU, formaram o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, na sigla em inglês).
“Eles pressionaram o poder político incapaz de questionar a veracidade da hipótese lançada por Hansen”, lembra.
Engenheiro e mestre em Climatologia e Economia, especialista da Comissão Europeia e ex-membro da Comissão Executiva do Plano Energético Nacional de seu país, o pesquisador lusitano defende, junto com milhares de outros pelo mundo inteiro, que as conclusões do IPCC não reflectem a realidade.
Em linhas gerais, os cientistas integrantes do Grupo de Trabalho I do IPCC, o da base científica do aquecimento, concluíram que o nível de conhecimento científico sobre o planeta Terra já permite afirmar ser “muito provável” (mais de 90% de chance) que as mudanças verificadas nos padrões climáticos nos últimos 50 anos sejam ocasionadas pela acção humana.
Segundo a tese dos 2,5 mil cientistas que subscrevem o quarto relatório, isso se daria por meio da emissão de gases que produzem o chamado efeito estufa, cuja função é manter o calor emitido pelo Sol dentro da atmosfera, sustentando, assim, a vida no planeta.
Segundo o IPCC, os principais gases de efeito estufa são o CO2 (dióxido de carbono), o CH4 (metano), o N2O (óxido nitroso), entre outros. E os principais emissores desses gases são a queima de combustíveis fósseis, de biomassa e o manejo da terra.
O raciocínio é simples: quanto mais gases de efeito estufa são emitidos, mais calor a atmosfera vai reter.
Com base nessa conclusão, as nações do mundo estão sendo convocadas a mudar sua matriz energética para salvar o planeta.
Entretanto, de acordo com outros milhares de cientistas, não é bem assim que o clima terrestre funciona.
Ele depende de diversos outros factores.
Existem forças que tendem a reter calor – ou emitir, como é o caso do Sol – e outras que tendem a dissipá-lo.
Longe de ser um consenso, como tem sido apresentado, o tema aquecimento global é, ou pode ser, uma controvérsia.
Em Fevereiro deste ano, quando o IPCC começou a divulgar mais um relatório, 2,5 mil cientistas ainda permaneciam em seu quadro. Já em Maio, quando a terceira parte do quarto relatório veio a público, apenas dois mil assinavam suas conclusões.
O Painel foi criado para calcular, de forma “compreensível, objectiva, aberta e transparente, as informações científicas, técnicas e socioeconómicas relevantes para entender as bases científicas dos riscos da mudança climática induzida pelo homem, seus possíveis impactos e as opções de adaptação ou mitigação. O IPCC não conduz pesquisas nem monitora dados climáticos ou qualquer outro parâmetro relevante”. Seu trabalho não é avaliar a mudança climática em si, se ela existe ou não, ou o que a produz, mas apenas a participação humana nela.
Os cientistas que discordaram do resultado final retiraram suas assinaturas. E cada vez mais pesquisadores questionam as conclusões do organismo. A Declaração de Leipzig, assinada por 80 cientistas e especialistas em climatologia, os 17 mil cientistas e líderes envolvidos em estudos climáticos, que assinaram a Petição do Oregon Institute, e os quatro mil cientistas e outros líderes ao redor do mundo, incluindo 70 ganhadores do
Prémio Nobel, que assinaram a Petição de Heidelberg, provam que o consenso sobre o aquecimento do planeta não existe.
Uma parte duvida da lisura na condução do processo de elaboração dos relatórios, outros se aprofundam nos dados em que se apoiam as previsões catastróficas e há ainda os que questionam os pressupostos que levaram a tais conclusões. “O aquecimento global é uma hipótese fornecida por modelos teóricos. Baseia-se em relações simplistas que anunciam um aumento da temperatura proclamado, mas não demonstrado”, afirma o climatologista francês Marcel Leroux, membro da Organização Mundial de Meteorologia (OMM). No artigo Aquecimento Global, uma impostura científica, Leroux explicaque “nos anos 70, verificou-se um desvio climático que se traduziu num aumento progressivo da violência e da irregularidade do tempo” e que isso causou uma certa confusão entre os meteorologistas. Mas defende que, ao contrário de ser em função de qualquer aumento nas temperaturas do planeta, “foi provocado pela modificação do modo de circulação geral da atmosfera”. Ou seja, uma mudança na forma de comportamentos das massas de ar.
Marcel Leroux defende a tese dos anticiclones móveis polares (AMP) que, partindo dos pólos, levam ar frio até aos trópicos. Segundo ele, um aumento na violência do clima na região dos trópicos – maiores tormentas e mais e mais fortes furacões, por exemplo – ocorreria, fundamentalmente, pelo resfriamento dos pólos, e não o contrário. Isso porque as tormentas se formam nos trópicos com o choque das massas de ar quente e frio que, por sua vez, viajam pelo planeta na medida da diferença de temperatura entre os pólos e os trópicos.
Uma das bases do relatório do IPCC são os modelos computorizados de previsão climática. Simulações de como o clima do planeta seria daqui a 90 anos. No livro O Ambientalista Céptico, o estatístico Bjorn Lomborg, professor associado do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, desafia o senso comum e aprofunda-se nos dados e números publicados nos últimos anos. Num capítulo específico sobre o aquecimento global, Lomborg fala sobre o avanço dos modelos do IPCC, mas alerta: “É importante compreender, entretanto, que o resultado das simulações depende inteiramente dos parâmetros e algoritmos com os quais o computador é alimentado. Computadores são trituradores de números e não bolas de cristal”. Todas as previsões do IPCC são baseadas nesses modelos computorizados de simulação climática.
Esses modelos previram, por exemplo, a savanização da floresta amazónica. Essa afirmação, de acordo com o professor Aziz Ab´Saber, um dos maiores especialistas do mundo em Amazónia, abre um precedente altamente perigoso.
Convidado a falar aos parlamentares da Comissão Mista Especial sobre Mudanças Climáticas do Congresso brasileiro, o geógrafo afirmou que a causa da “derruirão da floresta” é a derrubada indiscriminada. “A savanização ocorrida na Amazónia, nos últimos 25 anos, foi causada pela acção de madeireiros, agro-pecuaristas e, mais recentemente, de sojicultores, e, sobretudo, de loteadores que fizeram grandes
quarteirões do meio da floresta de vários quilómetros e foram vendendo pedacinhos”, relatou.
Aziz Ab'Sáber, brasileiro
Afirmar que um processo global estaria acabando com a Amazónia só levaria a uma corrida planetária à floresta.
“Entre 22 mil e 12 mil anos atrás, aproximadamente, houve o último período glacial na história do planeta Terra fazendo com que certas áreas perdessem calor e outras ficassem muito frias. A Amazónia ficou sub-quente, o Brasil central entre sub-quente e pró-tropical e assim por diante. Mas esse período frio teve uma consequência sobre um outro assunto que não é tratado pelos que estão tentando falar sobre aquecimento global, que são as correntes marítimas. Quando houve esse período muito frio, a corrente que está lá perto das Malvinas foi subindo. O mar descia e a corrente subia, chegando até o norte da Bahia. E corrente fria, em zona entre tópicos, não deixa passar humidade para dentro do continente. O resultado: as caatingas se estenderam e lá, na Amazónia, o cerrado também se estendeu. Então, é exactamente o contrário do que estão pensando as pessoas que falam na derruirão da floresta por causa de um aquecimento global”, explicou o professor.
Ab´Saber declarou-se bastante irritado quando “alguns disseram que a Amazónia iria perder a sua floresta”, dando lugar a um cerrado. “Entre seis mil e cinco mil anos atrás, o nível do mar subiu bastante devido a um excesso de calor regional. E nesse período reconhece-se que o mar deixou suas marcas na frente de qualquer pontão rochoso de uma costa bem recortada, como o litoral norte de São Paulo ou certos trechos do litoral de Santa Catarina”, explicou.
O geógrafo alertou aos Deputados e Senadores que “a periodicidade climática tem de ser melhor conhecida para não se cometer o erro de, num ano mais seco ou mais quente, se dizer que está havendo processo de aquecimento global” e caracterizou como “desconhecimento das sérias questões relacionadas com os climas” a hipótese da savanização da Amazónia.
“A climatologia do Equador brasileiro, representado pela Amazónia, com uma área de 4,2 milhões de quilómetros quadrados, transiciona a partir do Maranhão para o Nordeste seco, a partir do norte de Mato Grosso para o cerrado, a partir do centro do Amazonas para o lavrado na Roraima e se estende bem mais para os países vizinhos.
Então, fico pensando o seguinte: como é que alguém, em sã consciência, pode dizer que vai haver a derruirão da floresta amazónica, como se a floresta fosse um pedacinho? E vai haver a penetração do cerrado. Certamente, durante o clima mais frio de 22 mil a 10 mil anos, houve diminuição, fragmentação das florestas anteriores e muita extensão do cerrado, mas, durante o calor, eu posso quase que adiantar aos Senhores que não vai haver isso”.
Nos princípios do séc. XX, foram medidas na atmosfera de Lisboa sete ondas sucessivas de calor e passados dias soube-se que o vulcão Krakatoa havia explodido; não faz agora muitos anos, o Pinatubo explodiu numa erupção avassaladora e as alterações atmosféricas foram significativas, nomeadamente com a presença de enormes quantidades de CFC's e de danos importantes no buraco do ozono sobre a Antártida. Passados os momentos de crise, a normalidade refez-se: as temperaturas regressaram estruturalmente à situação anterior, os CFC's baixaram, o buraco do ozono reduziu-se para as dimensões habituais. Assim se infere que esta normalização só é possível porque a Terra está num processo de arrefecimento. Se estivesse a aquecer, as situações de aquecimento pontual acumular-se-iam e não haveria a relativamente rápida recuperação que se tem medido. Resultarão alterações climáticas, sem dúvida, mas se se fizer a dessazonalização à semelhança do procedimento habitual com as séries estatísticas afectadas pela sazonalidade os mais perenes registos meteorológicos parece apontarem no sentido de algum arrefecimento do hemisfério norte e de uma estabilidade das temperaturas no do sul. Eis a tese defendida por um francês, engenheiro, militante ecologista da Bulle Bleu, assessor do ex-ministro francês do Ambiente Brice Lalonde. Chama-se Yves Lenoir e escreveu um pequeno livro intitulado A verdade sobre o efeito estufa dossier de uma manipulação planetária onde, nomeadamente, refere a marginalidade com que o dióxido de carbono influencia o dito efeito na atmosfera. Não perfilhando a teoria da conspiração, devemos, contudo, meditar na possibilidade de estarmos colectivamente a insistir em falácias e a desviarmo-nos para actuações como estas a que nos têm obrigado as políticas ambientais baseadas no conceito instituído pela ONU de que o efeito estufa resulta das emissões de dióxido de carbono provocadas pelas actividades humanas e, especificamente, pelas indústrias. As nossas dúvidas aumentam quando recordamos o famoso vulcanólogo Haroun Tazieff que também foi Ministro do Ambiente em França e que sobre os actuais temores não hesitou em dizer que On trompe le public. Começam a ser muitas as dúvidas sobre a qualidade do modelo climático instituído e talvez seja oportuno perguntarmo-nos sobre a veracidade das afirmações que fundamentam as políticas em vigor. Em Ciência, a dúvida deve ser sistemática mas quando ouvimos os ambientalistas só deparamos com certezas absolutas; perante as dúvidas acima, mais valera alguma humildade. A transposição dos temores instituídos pela ONU para a prática política europeia traduziu-se na Directiva da prevenção e controle integrados da poluição que leva as empresas a ter que comprar os equipamentos mais modernos que existam de combate ao impacto ambiental oficial naquilo a que se convencionou chamar de as melhores técnicas disponíveis. Estas, são permanentemente definidas por um grupo de cientistas sedeado em Sevilha que se dedica à tarefa de ditar a moda. Sem querer fazer humor, temos que admitir a possibilidade de a moda ficar ultrapassada logo após a última empresa europeia ter adquirido um determinado equipamento e toda a indústria ter que passar a deitar fora o equipamento recém-adquirido para passar a comprar um outro mais moderno. O grupo sevilhano não terá recebido mandato para analisar os novos equipamentos na perspectiva económica e muito menos para investigar se a Indústria está ou não em condições de gastar mais dinheiro com a renovação. Nesta perspectiva, o conceito de substituição dos equipamentos deveria ter sido o das melhores técnicas economicamente disponíveis mas a questão deve mesmo ir mais longe pois temos que ter a certeza de que não estamos a deitar dinheiro pela janela em equipamentos inúteis para a resolução de problemas inexistentes. Oxalá que tudo não passe de um engano de Lenoir e de Tazieff . . . Setembro de 2003