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A bem da Nação

ARGENTINA – 9

 

 

HASTA LA VISTA

 

 

Bons vinhos, os argentinos. Carne de vaca tão pouco (ou nada) saborosa como em qualquer outra parte do mundo, com excepção da Namíbia. O cordeiro, esse sim, saboroso. Não experimentei o peixe com medo de o considerar menos apaladado que o nosso. No final, as contas sensivelmente iguais às de Lisboa. Mas come-se muito na Argentina! A minha balança que o diga que até gemeu quando cheguei a casa. O cavalo não se queixou mas tive o cuidado de não montar a égua que já vai nos 19 anos de idade.

 

Evita morreu mesmo e a Argentina em peso cumpre o pedido da canção de Madonna: não a chora! Ao cemitério de La Recoleta apenas acorrem turistas estrangeiros incentivados pela Broadway; argentinos, só os funcionários. E quando perguntei onde estava enterrado Juan Perón responderam-me quase com desdém. Já nem me lembrava da resposta mas fui agora procurar e recordei que está em San Vicente, província de Buenos Aires.

 

Péron morto.jpg

Terão os argentinos enterrado definitivamente a demagogia em San Vicente?

 

 

Mas há uma coisa que me está atravessada, que tenho tentado calar mas que não resisto a referir: então não é que a Presidenta Cristina decretou para 2012 e anos vindouros mais 17 feriados nacionais, muitos dos quais os chamados feriadões (propositadamente encostados a fins de semana)? Diz ela que é para incentivar o turismo interno... E quando os turistas internos forem parar ao desemprego porque as respectivas empresas não aguentaram tanto feriadão, como vai ser, Senhora Presidenta? Acha que a Argentina ainda aguenta mais demagogia e brincadeira com coisas sérias?

 

Foi durante um desses feriadões que estive em Buenos Aires e por isso visitei uma cidade parada. Mas em compensação não tivemos
engarrafamentos nem poluição.

 

E foi num suave fluir que nos levaram ao aeroporto que serve sobretudo os voos domésticos pois o nosso próximo destino era El Calafate, sopé dos Andes, em plena Patagónia.

 

O voo foi de três horas e meia e durante duas horas o céu esteve limpo pelo que pude espreitar para baixo e constatar que os agricultores argentinos não brincam em serviço.

 

Lembrei-me muito desses atletas olímpicos que foram os nossos cavalos argentinos «Caramulo», «Raso», «Cara Linda» e por aí fora mais uns quantos cujos nomes agora não lembro. Eram bons? Sim, claro que eram bons! Mas o que é um cavalo bom? Na perspectiva da alta competição em obstáculos, é aquele que consegue saltar mais do que os outros que sejam menos bons. E aqueles argentinos que o Exército Português comprou eram tão bons como os melhores mas deram mais nas vistas e ganharam mais que os outros porque eram bem montados. Dentro da alta qualidade, os nossos tinham melhores cavaleiros e por isso ganharam mais. E geneticamente, o que eram eles? Creio que ninguém sabe, nem os próprios criadores que os tinham selvagens por aquelas pampas além. Podemos tentar adivinhar que tivessem sangue inglês lá pelo meio de não se sabe mais quê mas tanto pode ser isso como outra coisa qualquer. O que sabemos é que do nada das pampas saíram atletas olímpicos que fizeram subir bem alto a bandeira de Portugal.

 

Calado e Caramulo.jpg

 O então Capitão (mais tarde Brigadeiro) Henrique Callado no argentino «Caramulo»

 

E no meio destes pensamentos, apertemos o cinto pois estamos a começar a descer para El Calafate.

 

(continua)

 

Buenos Aires, 2012.jpg

 Henrique Salles da Fonseca

ARGENTINA – 7

 

 DE PASSEIO

   

E como era antes da Internet?

 

É claro que todos nós sabíamos com maior ou menor precisão o que relatei nas crónicas anteriores mas, se não fosse a Wikipédia, eu não seria capaz de referir datas tão precisas nem números tão concretos.

 

Fique o mérito a quem de direito e o proveito a nós, os que nos aproveitámos de tantos conhecimentos.

 

O peso da História, senti-o um pouco por toda a parte e por certo que saboreei mais a cidade do que alguns daqueles outros turistas que comigo andaram em certos circuitos standardizados a quem ouvi comentários sobre temas bem diversos dos que me iam passando pela cabeça. Nada tenho contra os profissionais da bola cujos desafios equiparo a bafordos mas recuso-me a tomar em consideração o que sobre o país possam pensar os “Beladonas” e outros «heróis» marados do chuto. Mas mesmo assim tive que ir ver a «Bombonera»(felizmente só por fora), o estádio do Boca Juniores.
 
É claro que na minha terra também só conheço os estádios de futebol pelo lado de fora.
 
 https://video.search.yahoo.com/search/video?fr=yfp-t&p=Marta+argueritch#id=1&vid=89cf04b977d80aaef27aa9a56d2841bb&action=click
 
Mas como facilmente se imagina, Buenos Aires é muito mais interessante do que aquilo que não nos interessa. As dimensões imperiais da Avenida 9 de Julho, o recuperado e interessantíssimo Caminito, Puerto Madero no que ele foi e no que ele é, a Plaza de Mayo e as suas «abuelas» inconformadas, o cemitério de la Recoleta e o jazigo da Família Duarte em que se encontram os restos de Eva Perón, o Teatro Colón (esse, sim, lastimei ter visto apenas por fora), o que ele é no meio musical do planeta Terra e representou para gente tão importante no mundo da música como o pianista Daniel Baremboim, o maestro Carlos Kleiber e não sei quantos mais argentinos de nascimento que tão alto fazem (ou fizeram) honra ao seu país de origem. E a propósito de música, ao passear por Buenos Aires eu nunca poderia esquecer Martha Argerich, Carmen Piazzini ou Astor Piazzolla e o seu “Adiós Nonino”...
 
 
Mas se me ponho aqui a citar mais argentinos ilustres que deram (ou dão) novos mundos ao mundo, arrisco-me a fazer um rol mais parecido com uma longa lista telefónica.
 
 
 
E é sempre para mim uma grande incógnita quando vejo as pessoas a andar pelos passeios duma cidade e me pergunto se elas por acaso imaginam a História das pedras que pisam... ou se se limitam a pisar a História das pedras. E Buenos Aires tem tanto que ver que faz dó não podermos saber o que cada esquina possa ter para nos contar.
 
A propósito desses que eu vi a andar pelos passeios, há então que apurar quem são eles, o que é um argentino? Se tomarmos em consideração o que diz a anedota, «um argentino é um italiano que fala espanhol e tem a mania de que é inglês».
 
(continua)
 
 Henrique Salles da Fonseca
 
 

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