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A bem da Nação

ÁRVORES VELHAS

 

árvores velhas.png

 

Olha estas velhas árvores, mais belas

Do que as árvores novas, mais amigas:

Tanto mais belas quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas...

 

O homem, a fera e o insecto, à sombra delas

Vivem livres de fome e fadigas;

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores da aves tagarelas.

 

Não choremos , amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo, envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem:

 

Na glória da alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem!

 

Olavo Bilac.png Olavo Bilac

 

O MILAGRE DA PARTIDA

 

velho-do-restelo.jpg (*)

 

Começo pelo mais difícil. As lágrimas contidas de quem não esteve fisicamente no lugar-da-partida. Tudo o que foi sentido e vivido para chegar até aqui. Racionalizo e tento digerir as ideias de Marc Augé, sobre os não-lugares, tomando então o Aeroporto Francisco Sá Carneiro como o «local» fecundo de memória e de identidade, para-partir-de-novo. No concreto, a partida de duas jovens, a Diana e a Sofia, que pertencem aos “Leigos Boa Nova” (LBN), que são um grupo de voluntários cristãos, membros da organização não-governamental de desenvolvimento, “Obra Missionária de Acção Social” (OMAS), instituição particular de solidariedade social criada em 1992.

 

Partiram hoje, pela manhã, rumo a Moçambique, no dia 1 de Abril de 2015. Isto não é mentira… não é a verdade do dia das mentiras!? Deveria abrir a grelha noticiosa do telejornal! É a Verdade encarnada em rosto e histórias de vida, que é sempre simples, sempre sacrificada e sempre generosa, quando se existe para servir os outros. No não-lugar do aeroporto, onde tantos jovens no nosso país, neste momento difícil, partiram e regressam, para partir novamente. Estas jovens partiram para realizar um projecto de voluntariado missionário por dois anos. É a segunda vez nas suas vidas pessoais, de forma mais permanente.

 

Cruzei-me com elas na comunidade paroquial da Chapadinha, no Maranhão-Brasil, onde as vi, entre muitas actividades e serviços, pôr de pé a Pastoral Penitenciária, fazendo da Prisão – isso sim também «não-lugar», não apenas da nossa hiper modernidade – dignificando a Pessoa presa. Da sua coragem pessoal, aliando vontades de várias pessoas, até à acção de ternura e de justiça, onde não existiam. Milagres possíveis acontecem ordinariamente. Para mim foi um verdadeiro “murro no estômago” no meio de uma pastoral conformada e acomodada. Hoje, na sua partida, a criatividade e a competência surgem reforçadas e voltarão a fazer revoluções pacíficas, sobretudo, evangélicas.

 

No endereço digital desta associação de leigos podemos aprofundar sobre a importância deste testemunho de serviço: «O voluntariado enraíza-se na caridade e busca a dignidade e o bem do “outro” que se encontra em situação de necessidade. Este “outro”, na perspectiva cristã, não é apenas um outro “eu” mas configura-se ao próprio Jesus Cristo. As palavras de Jesus não deixam margem para dúvida: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes (Mt 25,40)”1.»

 

Sei que Zygmunt Bauman disse coisas interpelantes sobre a nossa sociedade “líquida”. Sei sobre a (im)possibilidade trágica de uma verdade “líquida” deformadora de valores e do carácter. Sei que se for feita da seiva do evangelho e, concretamente, com a água do “Lava Pés”, nada há que temer da Verdade do nosso tempo presente. Sei que os milagres existem onde os vemos. Sei que os milagres existem onde não os vemos. Sei que os milagres possíveis e os impossíveis acontecem dentro da Verdade Pascal (em qualquer estado da matéria humana…), enquanto houver a ousadia do nosso testemunho, como cristãos.

Aliando todos as vontades crentes e descrentes. E sei, também, pelo testemunho da Diana e da Sofia, que os “milagres-da-partida” são raros, baratos no dinheiro poupado, mas caros na Graça a partilhar.

 

Agradeço a sua partilha como modo de estar e ser para os outros. Aconteceu-me já Páscoa antecipada, no dia das mentiras dos nossos pecados, pela virtude do seu testemunho!

 

Pedro José Lopes Correia, CDJP.jpg

Pedro José, CDJP

 

 (*) - da Internet, «O Velho do Restelo», Autor não identificado

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