A ISABEL JONET E O BANCO ALIMENTAR
Eu estava para não escrever nada, mas também eu, como tantos outros de um lado e de outro, não fui capaz de estar calado, e de me abster de dar uma opinião sobre uma pessoa que conheço pessoalmente desde a infância e que é minha amiga.
A Isabel Jonet, nasceu em bom berço? Claro que sim, foi bem educada no sentido lato da palavra, e na maneira como todos aqueles que, como ela, eu e muitos de vocês, fomos de facto ensinados a olhar para o lado, ver, observar e ajudar quem mais precisa. Vem aí algum mal ao Mundo? Para alguns parece que sim. Que pena e que tristeza.
Temos que ter todos, o dom da palavra e de oratória? Claro que não, e muito menos sermos atirados para a fogueira, como se qualquer inquisição ainda estivesse latente entre os desejos de alguns, por palavras e verdades que muitas vezes doem, mas que foram ditas de uma forma mal entendida reflectindo no entanto muito da nossa realidade. Uma fogueira é fácil de acender, basta um pequeno fósforo, sempre houve os malucos do fogo, os incendiários, os piromaníacos, os que gostam de pegar fogo por tudo e por nada, que não sabem analisar, ou julgam que sabem, que passam as suas revoltas para alvos errados, e depois vão dormir descansados. Mas hoje não vai ser assim, pois eu não deixarei crucificar a Isabel Jonet, apenas porque vos dá prazer.
O Banco Alimentar foi fundado pela Isabel pelo Padre António Vaz Pinto e José Carlos Mardel Correia, tinha ela idade para andar nas boîtes e a beber copos, mas não andava, já andava, sim, a preocupar-se pelos outros e de quem mais precisa, e faz isso há mais de 20 anos sem nunca baixar os braços.
Se me perguntarem se eu gosto dos Bancos Alimentares, claro que não gosto, é sinal que algo está mal no Mundo e que a distribuição dos recursos não é feita com justiça e que em tempo de crises, eles fraturam ainda mais as sociedades, as pessoas e principalmente os jovens e idosos que ficam mais expostos e desprotegidos. É um mal que tem sido necessário, mas ainda bem que houve quem os fundou, lhes deu vida, que trabalha graciosamente para eles, faz verdadeiro voluntariado e continua a trabalhar todos os dias e fins-de-semana, quando muitos de nós estamos no café, a dizer mal ou escrever no face, como eu o estou a fazer.
O Banco Alimentar Português ALIMENTA, e não apenas com açúcar, como já vi por aí escrito, por quem deveria estar calado, mais que não fosse, pela sua formação, muitos Portugueses, são cerca de 320.000 ao ano, que mereciam melhor destino do que terem sido atirados para a pobreza, pela selva deste sistema económico ou financeiro, pela ganância dos muito poderosos, pela ambição desmedida de poder e mais poder.
Não foi a Isabel Jonet, que os mandou para a pobreza, não é a Isabel Jonet que os quer lá, não é a Isabel Jonet que quer que existam mais pobres, como também já tristemente ouvi, não é a Isabel Jonet que quer que fiquemos mais pobres, para ela e o seu Banco Alimentar terem com que se entreter. A Isabel Jonet, minhas Senhoras e meus Senhores, não precisa disso, para valer o que vale, que é muito mais que qualquer um de nós. Ela, a Isabel, ficaria muito contente que o Banco Alimentar fechasse por falta de “clientes”, era sinal que tinha acabado a fome e que ela voltaria para o seu lar e para o pé dos seus, com a serena tranquilidade da missão cumprida…
Pedro Formozinho Sanchez