Nasceu em Santa Isabel no dia de Santo Hilário. Foi baptizado no dia de Santa Catarina e frequentou a escola de Santa Filomena.
Morava no Campo de Sant'Ana, deu uma queda em Santa Bárbara e foi socorrido no Hospital da Ordem Terceira de São Francisco.
Foi preso e julgado no Tribunal de Santa Clara, pelo juiz Santiago.
Esteve internado sob prisão no Hospital de Santa Maria, de onde fugiu no dia de Todos os Santos.
Assaltou o paquete Santa Maria, ao qual deu o nome de Santa Liberdade.
Passou pela Ilha de Santa Lúcia, a caminho de terras de Santa Cruz, fixando residência em São Paulo, na Rua de Santa Teresinha, onde viveu exilado, por causa de um "Santo" António que vivia em São Bento e era natural de Santa Comba.
Andam alguns dos "iluminados" da nossa praça apoquentadíssimos porque a Guiné Equatorial vai pertencer à Comunidade dos Povos de Lingua Portuguesa (CPLP), muito incomodados por ser uma ditadura. Não se incomodaram nada quando as ditaduras cleptocráticas angolana e moçambicana entraram para a Comunidade, mas, claro, a gente sabe que há ditaduras boas e há ditaduras más...
Se nós tivéssemos estadistas e não "políticos" e se os comentadores não se enleassem na micropolítica e tivessem um mínimo de conhecimento histórico, talvez vissem essa entrada de outro modo.
Sem alardear grandes sabedorias e revelações - despropositadas aqui e agora - sempre direi o seguinte: parte substancial do estado que vai entrar é constituído historicamente por territórios (ilhas de Fernando Pó e Ano Bom) que foram portugueses cerca de trezentos anos... Descobertas por Fernando Pó em 1471, foram cedidas à Espanha em 1778.
Trocadas por território no Brasil, a troca foi tida como traição pelos habitantes, que se revoltaram, e de tal modo, que os espanhóis só no final do século XIX, conseguiram ocupar efectivamente as ilhas, aceitando que os revoltados "portuguesistas" se mantivessem praticamente independentes, elegendo um conselho de cinco membros que os governou ao longo dos anos...
Nestes mesmos territórios, os habitantes têm a "Fá de Anbó" - fala de Ano Bom, crioulo português - como meio de comunicação. Além de outras tradições arreigadamente portuguesas.
Sabemos bem que as ditaduras vão e vêm, os povos ficam para além das contingências e dos acidentes. Se os opinadores soubessem um mínimo de história, seriam mais comedidos nas suas opiniões.
Assim, ao contrário do Professor Rebelo de Sousa e de outros, tenho muito orgulho que os de Ano Bom e Fernando Pó reentrem na Comunidade da Língua do País que há trezentos anos os abandonou e traíu...
Palavras do Presidente da Costa Rica, Óscar Árias, na Cimeira das Américas em Trinidad e Tobago, 18 de Abril de 2009:
Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o Presidente dos Estados Unidos da América, é para lhe pedir coisas ou para reclamar coisas. Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos dos nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja de todo justo.
Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país.
Não podemos esquecer que neste continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.
Ao aparecer a Revolução Industrial em Inglaterra, outros países subiram nesse vagão: Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia. E a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa e não nos demos conta disso. Certamente perdemos a oportunidade.
Há também uma diferença muito grande.
Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia na mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.
Há 50 anos, o México era mais rico que Portugal. Em 1950, um país como o Brasil tinha um rendimento per capita mais elevado que o da Coreia do Sul. Há 60 anos, as Honduras tinham mais riqueza per capita que Singapura e hoje Singapura, no espaço de 35 a 40 anos, tem $40.000 de rendimento anual por habitante.
Bem, alguma coisa nós, os latino-americanos, fizemos mal,.
Que fizemos, então, de errado?
Não consigo enumerar todas as coisas que fizemos mal mas, para começar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina e já não é o caso da maioria dos países asiáticos. Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar à dos europeus. De cada 10 estudantes que chegam no nível secundário na América Latina, há países em que só um termina esse nível.
Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.
Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, excepto nossa, por não cobrarmos dinheiro às pessoas mais ricas dos nossos países. Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos.
Em 1950, cada cidadão norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano. Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 10, 15 ou 20 vezes mais rico que um latino-americano. Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa nossa.
Para mim é grotesco: o sistema de valores do século XX, que parece ser o que pomos em prática no século XXI, é um sistema de valores equivocado.
Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo num planeta que tem 2,5 bilhões de seres humanos com uma renda de $2 por dia e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e soldados.
A América Latina não pode gastar $50 bilhões em armas e soldados. E eu me pergunto: quem é o nosso inimigo?
O nosso inimigo é a falta de educação; é o analfabetismo; é o que não gastamos na saúde de nosso povo e gastamos em funcionários públicos. É não criamos a infra-estrutura necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; é não dedicarmos os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a desigualdade de que temos que nos envergonhar realmente; é o produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não estamos a educar os nossos filhos e filhas. Vá alguém a uma universidade latino-americana e parece que estamos nos anos sessenta, setenta ou oitenta do século passado.
Parece que nos esquecemos de que em 9 de Novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim e que o mundo mudou.
Temos que aceitar que este é um mundo diferente e nisso francamente penso que os académicos e toda a gente pensante, que todos os economistas, todos os historiadores concordam que o século XXI é o século dos asiáticos e não dos latino-americanos.
E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto nós continuamos a discutir ideologias, continuamos a discutir sobre todos os "ismos" (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, social cristianismo...), os asiáticos encontraram um "ismo" muito realista para o século XXI e final do século XX, que é o *pragmatismo*.
Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping visitou Singapura e a Coreia do Sul, depois de se ter dado conta de que os seus próprios vizinhos estavam a enriquecer de um ritmo muito acelerado, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha: “Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só me interessa é que cace ratos”.E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando Deng disse que "a verdade é que enriquecer é glorioso".
E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a 11, 12 ou mesmo 13% tirarando 300 milhões de habitantes da pobreza, nós continuamos a discutir sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito tempo.
A boa notícia é que Deng Xiaoping o conseguiu isto quando tinha 74 anos. Olhando em volta, queridos Presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos.
Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/ rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os senhores e todos os usuários pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer outro produto adquirido (um pão, um remédio, uns litro de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí desse banco com a certeza que os Senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como todo e qualquer outro serviço. Além disso impõe-se taxas de uma 'taxa de acesso ao pão', outra 'taxa por guardar pão quente' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro, ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobram-me preços de mercado, assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto do v/ negócio, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de crédito' – equivalente àquela hipotética 'taxa de acesso ao pão', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar
Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/ Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura de padaria', pois só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.
Antigamente os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como 'Papagaios'. Para gerir o 'papagaio', alguns gerentes sem escrúpulos cobravam 'por fora', o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora, ao contrário de 'por fora' temos muitos 'por dentro'.
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR 'para manutenção da conta' – semelhante àquela 'taxa de existência da padaria na esquina da rua'.
A surpresa não acabou. Descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre – uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quente'.
Mas os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de v/ Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois de eu pagar as taxas correspondentes talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/ responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e de nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto pela lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal. Sei disso, como sei também que existem seguros e garantias legais que protegem o v/ negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais, mas também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.