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A bem da Nação

O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 – 9

 

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Qualquer crítica – e qualquer defesa – que se baseie sobretudo em chamar nomes aos defensores e aos críticos, não é crítica nem defesa: é mero desabafo, auto- regozijo pela certeza que transborda da alma de cada um. Não vale nada.

 

Por isso não me atrevo a ser contra a adopção do Acordo Ortográfico de 1990 sem apresentar as razões em que me baseio.

 

Os argumentos que se seguem são de ordem operatória, fonológica, morfológica, de linguística histórica, sociológica, diplomática, económica e de preservação histórica.

 

Há mais, porém fico por aqui.

 

  1. Argumento da preservação da História

 

É natural que uma língua que se começou a escrever há relativamente pouco tempo – o galego, no século XIX, ou o mirandês, no fim do século XX – não tenham qualquer obrigação de respeitar formas neológicas que os portugueses inventaram no fim da Idade Média e séculos seguintes.

 

Porém, a mim parece‐me que todos nós, portugueses, que temos uma língua escrita desde, pelo menos, D. Afonso II, temos obrigação de manter, quando existem, as marcas históricas das palavras.

 

Ao modificar a escrita, com base numa (suposta) maior facilidade da sua aprendizagem, estabeleceu‐se uma enorme confusão nessa mesma escrita e perdeu-se a possibilidade de jovens e menos jovens compreenderem os mecanismos de formação de palavras.

 

Perdeu‐se o nexo entre elas.

 

Para terminar:

 

A grafia portuguesa já, em tempos, renunciou a algumas marcas históricas: o “ph” e o “ll”, por exemplo, que eram, de facto desnecessárias.

 

Porém o AO90 vai longe demais, ao afectar de modo evidente a leitura das vogais não acentuadas e a conexão lógica que existe dentro de cada paradigma vocabular.

 

E outra coisa deve ser tida em conta: ao renunciar de modo cego às marcas históricas, a aprovação deste “acordo” insere‐se num movimento geral, mundial, de apagamento da memória e de negação da História.

 

Terrível movimento, que cada dia se torna mais evidente e que vai deixar sem raízes, sem passado, uma série de povos, se não a maioria. E que já está deixando o mundo à deriva, presa dócil de todas as tiranias.

 

Admiramo-nos do modo como estão sendo destruídos monumentos, museus, cidades, inúmeras etnias.

 

Esse desrespeito, esse crime, que hoje nos parece abrupto, começou devagar, por coisas aparentemente insignificantes.

 

É inelutável. Será?

 

FIM

 

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Manuela Barros Ferreira

Campo Arqueológico de Mértola

O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 – 6

 

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Qualquer crítica – e qualquer defesa – que se baseie sobretudo em chamar nomes aos defensores e aos críticos, não é crítica nem defesa: é mero desabafo, auto- regozijo pela certeza que transborda da alma de cada um. Não vale nada.

 

Por isso não me atrevo a ser contra a adopção do Acordo Ortográfico de 1990 sem

apresentar as razões em que me baseio.

 

Os argumentos que se seguem são de ordem operatória, fonológica, morfológica, de linguística histórica, sociológica, diplomática, económica e de preservação histórica.

 

Há mais, porém fico por aqui.

 

 

  1. Argumento sociológico

 

Por volta de 1990 já existiam duas principais formas de escrever em Portugal: a norma de 1945, muito bem destrinçada e explicada em Prontuários Ortográficos; e uma “norma” difusa, sempre em reconstrução e evolução – a das mensagens juvenis – caracterizada pela simplicidade extrema, minimalista, com consoantes isoladas representando palavras, sem pontuação, nem cedilhas, nem tiles. Esta tendência não fez senão acentuar-se com a generalização do uso electrónico.

 

É nesta escrita dicotómica que se insere uma terceira norma, a do AO 90.

 

Os defensores da norma de 45 agridem verbalmente os defensoras da 90 e vice-versa.

 

E os jovens?

 

Alguns são prejudicados nas notas por escreverem à antiga algumas palavras-ratoeira; outros são menosprezados porque escrevem à sua, deles, moda; e os que escrevem “à moderna” deixam de respeitar as edições existentes na biblioteca da sua Escola e inclusive invocam o pretexto da “confusão gráfica” para deixarem completamente de ler.

 

Se o AO 90 não é um erro sociológico, não sei o que será.

 

(continua)

 

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Manuela Barros Ferreira

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O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 – 5

 

 

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Qualquer crítica – e qualquer defesa – que se baseie sobretudo em chamar nomes aos defensores e aos críticos, não é crítica nem defesa: é mero desabafo, auto- regozijo pela certeza que transborda da alma de cada um. Não vale nada.

 

Por isso não me atrevo a ser contra a adopção do Acordo Ortográfico de 1990 sem

apresentar as razões em que me baseio.

 

Os argumentos que se seguem são de ordem operatória, fonológica, morfológica, de linguística histórica, sociológica, diplomática, económica e de preservação histórica.

 

Há mais, porém fico por aqui.

 

 

  1. Argumento educativo

 

Como ensinar a uma criança que “soturno” se lê com “o” fechado, pronunciado “u” na maior parte do país e a palavra “noturno” se lê com “o” aberto”?

 

A resposta é fácil: não se lhes ensina a palavra “soturno” e fica o caso arrumado.

 

Se porventura o avô usar “coturnos”, ora, o problema é dele. Que use meias para não atrapalhar as pronúncias.

 

Como ensinar a uma criança que da palavra “noite” se formou “noitada”, mas que “noiturno” e “noitívago” não existem, o que existe para o AO-90 é “noturno” e “notívago”?

 

Não seria mais fácil dizer‐lhes que estas últimas se escrevem com “ct” por serem palavras entradas na língua por via erudita e não por via popular? E que, se elas, crianças, comeram papa “láctea”, esta é outra palavra também erudita, tal como “lacticínios”?

 

(continua)

 

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 Manuela Barros Ferreira

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O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 – 3

 

 

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Qualquer crítica – e qualquer defesa – que se baseie sobretudo em chamar nomes aos defensores e aos críticos, não é crítica nem defesa: é mero desabafo, auto- regozijo pela certeza que transborda da alma de cada um. Não vale nada.

 

Por isso não me atrevo a ser contra a adopção do Acordo Ortográfico de 1990 sem

apresentar as razões em que me baseio.

 

Os argumentos que se seguem são de ordem operatória, fonológica, morfológica, de linguística histórica, sociológica, diplomática, económica e de preservação histórica.

 

Há mais, porém fico por aqui.

 

 

  1. Argumento de ordem morfológica

 

Há um princípio básico de qualquer ortografia: a coerência morfológica.

 

O AO de 1990, seguindo estritamente a produção fonética (não as regras fonológicas), exige que se escreva “os egípcios são os nativos do Egito”. Conserva-se, e muito bem, o “p” do “egípcio” porque se pronuncia, mas perde‐se a ligação gráfica dos egípcios com o nome do país respectivo...

 

Este argumento tem ligação com o seguinte...

 

(continua)

 

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Manuela Barros Ferreira

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