Catarina de Bragança (1638-1705), filha de João IV de Portugal e de Luísa de Gusmão, de seu nome Catarina Henriqueta de Bragança foi uma Infanta de Portugal, depois Princesa da Beira e, posteriormente, rainha consorte de Inglaterra e Escócia por seu casamento com o rei Carlos II da Casa de Stuart (Inglaterra)
A cerimónia do casamento realizou-se em Maio de 1662.
Assim começou a parte infeliz da vida de Catarina de Bragança, uma princesa nascida e criada no seio de uma família com cultura, educação e hábitos tradicionais portugueses que, por sua infelicidade, foi desterrada para uma corte que, contrariamente ao que alguns escritores e cineastas de pacotilha nos querem fazer crer, era rude e atrasada em relação à restante Europa.
Catarina, teve um papel importantíssimo na modernização da Inglaterra e na alteração da filosofia de vida dos ingleses pelo que, embora não suficientemente, ainda hoje é admirada e homenageada.
Provocou uma autêntica revolução na corte de Inglaterra, apesar de ter sido sempre hostilizada por ser diferente mas nunca desistiu da sua maneira de ser, nem consentiu que as damas portuguesas do seu séquito o fizessem.
Tinha uma personalidade tão forte que conseguiu que aqueles (principalmente aquelas) que a criticavam, em breve, passassem a imitá-la.
E assim, se derem grandes alterações na corte inglesa:
O conhecimento da laranja Catarina adorava laranjas e nunca deixou de as comer graças aos cestos delas que a mãe lhe enviava.
O costume do “CHÁ DAS 5” Costume que levou de casa e que continuou a seguir organizando reuniões com amigas e inimigas. Este hábito generalizou-se de tal maneira que, ainda hoje, há quem pense que o costume de tomar chá a meio da tarde é de origem britânica.
A compota de laranja Que os ingleses chamam de “marmelade”, usando, erradamente, o termo português marmelada, porque a marmelada portuguesa já tinha sido introduzida na Inglaterra em 1495. Catarina guardava a compota de laranjas normais para si e suas amigas e a de laranjas amargas para as inimigas, principalmente, para as amantes do rei.
Influenciou o modo de vestir Introduziu a saia curta. Naquele tempo, saia curta era acima do tornozelo e Catarina escandalizou a corte inglesa por mostrar os pés, o que era considerado de mau-gosto e que não admira devido aos pés enormes das inglesas. Como ela tinha pés pequeninos, isso arranjou-lhe mais inimigas.
Introduziu o hábito de vestir roupa masculina para montar.
O uso do garfo para comer Na Inglaterra, mesmo na corte, comiam com as mãos, embora o garfo já fosse conhecido, mas só para trinchar ou servir. Catarina estava habituada a usá-lo para comer e, em breve, todos faziam o mesmo.
Introdução da porcelana Estranhando comerem em pratos de ouro ou de prata, perguntou porque não comiam em pratos de porcelana como se fazia já há muitos anos em Portugal. A partir de aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se.
Música Do séquito que levou de Portugal fazia parte uma orquestra de músicos portugueses e foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera em Inglaterra.
Mobiliário Catarina também levou consigo alguns móveis, entre os quais preciosos contadores indo-portugueses que nunca tinham sido vistos em Inglaterra.
O nascimento do “Império Britânico” Como já se disse, o dote de Catarina foi grandioso pela quantia em dinheiro mas, muito mais importante para o futuro, por incluir a cidade de Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia.
Traindo os Tratados que tinham assumido e com a desculpa de que o rei de Portugal era espanhol, os ingleses conseguiram, apesar do controle da Marinha Portuguesa, navegar até à Índia onde criaram um entreposto em Guzarate.
Em 1670, depois de receber Bombaim dos portugueses, o rei Carlos II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir territórios.
Assim nasceu o Império Britânico.
Hoje. há pouca gente que saiba a importância que a rainha Catarina teve para os ingleses e o carinho que eles tiveram por ela. A sua popularidade estendeu-se até à América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens) foi baptizado em sua homenagem.
Em 1998, a associação “Friends of Queen Catherina” fez uma colecta de fundos para lhe erguer uma estátua
Li uma vez que a Argentina não é nem melhor, nem pior que a Espanha, só que mais jovem. Gostei dessa teoria e, vai daí, inventei um truque para descobrir a idade dos países baseando-me no 'sistema cão'. Desde meninos explicam-nos que para saber se um cão é jovem ou velho, deveríamos multiplicar a sua idade biológica por 7.
No caso de países temos que dividir a sua idade histórica por 14 para conhecer a sua correspondência humana. Confuso? Neste artigo exponho alguns exemplos reveladores.
A Argentina nasceu em 1816, assim sendo, já tem 190 anos. Se dividirmos estes anos por 14, a Argentina tem 'humanamente' cerca de 13 anos e meio, ou seja, está na pré-adolescência. É rebelde, não tem memória, responde sem pensar e está cheia de acne.
Quase todos os países da América Latina têm a mesma idade e como acontece nesses casos, eles formam gangues. O gangue do Mercosul é formado por quatro adolescentes que tem um conjunto de rock. Ensaiam numa garagem, fazem muito barulho e nunca gravaram um disco.
A Venezuela, que já tem peitinhos, está a querer juntar-se-lhes para fazer o coro. Em realidade, como a maioria das miúdas da sua idade, quer é sexo, neste caso com o Brasil.
O México também é adolescente, mas com ascendente indígena. Por isso, ri pouco e não fuma nem um inofensivo cigarrito de barbas de milho, como o resto dos seus amiguinhos. Mastiga coca e junta-se aos Estados Unidos, um retardado mental de 17 anos que se dedica a atacar os meninos famintos de 6 anos noutros continentes.
No outro extremo está a China milenar. Se dividirmos os seus 1.200 anos por 14 obtemos uma Senhora de 85, conservadora, com cheiro a xixi de gato, que passa o dia a comer arroz porque não tem - ainda - dinheiro para comprar uma dentadura postiça. A China tem um neto de 8 anos, Taiwan, que lhe faz a vida impossível. Está divorciada há tempos do Japão, um velho chato, que se juntou às Filipinas, uma jovem pirada, que está sempre disposta a qualquer aberração em troca de dinheiro.
Depois, estão os países que são maiores de idade e saem com o BMW do pai.
Por exemplo, a Austrália e o Canadá. Típicos países que cresceram sob o amparo de paizinho Inglaterra e mamã França, tiveram uma educação restrita e antiquada e agora fingem-se loucos.
A Austrália é uma pateta de pouco mais de 18 anos, que faz topless e sexo com a África do Sul. O Canadá é um rapazinho gay emancipado, que a qualquer momento pode adoptar o bébé que é a Gronelândia para formar uma dessas famílias alternativas que estão na moda.
A França é uma separada de 36 anos, mais prostituta que uma galinha, mas muito respeitada no âmbito profissional. Tem um filho de apenas 6 anos, Mónaco, que vai dar em gay ou bailarino... ou ambas as coisas. É a amante esporádica da Alemanha, um camionista rico que está casado com a Áustria, que sabe que é chifruda mas que não se importa.
A Itália é viúva há muito tempo. Vive a tomar conta de São Marino e do Vaticano, dois filhos católicos gémeos idênticos. Esteve casada em segundas núpcias com a Alemanha (por pouco tempo e tiveram a Suíça), mas agora não quer saber mais de homens. A Itália gostaria de ser uma mulher como a Bélgica: advogada, executiva independente, que usa calças e fala de política de igual para igual com os homens (a Bélgica também fantasia de vez em quando fingindo que sabe preparar esparguete).
A Espanha é a mulher mais linda de Europa (possivelmente a França se lhe iguale, mas perde espontaneidade por usar tanto perfume). É muito tetuda e quase sempre está bêbada. Geralmente deixa-se enganar pela Inglaterra e depois denuncia-a. A Espanha tem filhos por todas as partes (quase todos de 13 anos), que moram longe. Gosta muito deles mas perturbam-na quando têm fome, passam uma temporada na sua casa e assaltam-lhe o frigorífico.
Outro que tem filhos espalhados no mundo é a Inglaterra. Sai de barco de noite, transa com alguns patetas e nove meses depois aparece uma nova ilha em alguma parte do mundo. Mas não fica de mal com ela. Em geral, as ilhas vivem com a mãe, mas a Inglaterra alimenta-as.
A Escócia e a Irlanda, os irmãos da Inglaterra que moram no andar de cima, passam a vida inteira bêbados e nem sequer sabem jogar futebol. São a vergonha da família.
A Suécia e a Noruega são duas lésbicas de quase 40 anos, que estão bem de corpo, apesar da idade, mas não passam cartão a ninguém. Transam e trabalham, pois são formadas em alguma coisa. Às vezes, fazem trio com a Holanda (quando necessitam maconha, haxixe e heroína); outras vezes cutucam a Finlândia, que é um fulano meio andrógino de 30 anos, que vive só num apartamento sem mobília e passa o tempo a falar pelo telemóvel com a Coreia.
A Coreia (a do sul) vive de olho na sua irmã esquizóide. São gémeas, mas a do Norte tomou líquido amniótico quando saiu do útero e ficou estúpida. Passou a infância a usar pistolas e agora, que vive só, é capaz de qualquer coisa. Os Estados Unidos, o atrasadinho de 17 anos, vigia-a muito, não por medo, mas porque quer agarrar nas pistolas.
O Irão e o Iraque eram dois primos de 16 que roubavam motos e vendiam as peças até que ao dia em que roubaram uma peça da motoreca dos Estados Unidos e acabou o negócio para eles. Agora comem lixo. O mundo estava bem assim até que, um dia, a Rússia se juntou (sem casar) com a Perestroika e tiveram uma dúzia e meia de filhos. Todos esquisitos, alguns mongolóides, outros esquizofrénicos.
Há uma semana e por causa de um conflito com tiros e mortos, os habitantes sérios do mundo descobriram que há um país que se chama Kabardino-Balkaria. É um país com bandeira, presidente, hino, flora, fauna... e até gente! Eu fico com medo quando aparecem países de pouca idade, assim de repente. Que saibamos deles por ter ouvido falar e ainda temos que fingir que sabíamos, para não passarmos por ignorantes.
Mas aí, eu pergunto: por que continuam a nascer países, se os que já existem ainda não funcionam?
E Portugal?
Por esta ordem de ideias Portugal será um kota de 62 anos, que não quer saber dos filhos que fora de horas teve em África duma mãe trintona (todos agora com cerca de dois anos e meio) enquanto se perde de amores pela enteada katorzinha que do outro lado do Atlântico se insinua emergente e tesuda ao som do Samba. Proxeneta por tradição, sendo o mais velho na Europa acha que os outros têm obrigação de o sustentar e para tal usa de todos os estratagemas e de chantagem emocional: quando necessário até canta o Fado. Fabulosa localização com..."aquela janela virada para o mar"! Já para não falar das vinhas ancestrais que lhe crescem nas traseiras do quintal, do azeite das oliveiras que bordejam a propriedade, do peixinho fresco que só falta conhecer o caminho para o assador para ser perfeito!
Ah! À sua custa vivem duas belas filhas solteironas já quarentonas: uma toda virada para a ecologia, com uns olhos azuis lindos como lagoas; e a outra, muito rebelde, a ameaçar casar sempre que a mesada tarda. Ambas com um temperamento assaz vulcânico, prometem ainda dar que falar: a primeira tem sempre a cama feita para um jovem ricaço que a visita amiúde de avião; e a segunda, de tão bela, dá-se ao luxo de nem se depilar da sua floresta laurissilva, recentemente eleita para Património Mundial da Humanidade.
Hernán Casciari
NOTA SOBRE O AUTOR:
Hernán Casciari nasceu em Mercedes (Buenos Aires), a 16 de Março de 1971.
Escritor e jornalista Argentino, é conhecido pelo seu trabalho ficcional na Internet onde tem trabalhado na união entre literatura e blog, destacado na blog novela. A sua obra mais conhecida na rede,'Weblog de una mujer gorda', foi editada em papel, com o título: 'Más respecto, que soy tu madre'.