Dentro de algumas décadas, quando a Europa compreender os erros em que caiu ao submeter-se à ideologia utilitarista, o que é que as pessoas pensarão de nós?
A marcha da cultura da morte não pára. Recentemente, a Bélgica passou uma lei que efectivamente legaliza a eutanásia de crianças.
Infelizmente, a eutanásia, tal como a eugenia, não é um fenómeno do século XXI. Basta recuar ao regime nazi para nos depararmos com estes e outros crimes contra a humanidade.
Por vezes pergunto-me o que é que as pessoas pensavam na Alemanha durante os anos 30 e 40? Estariam informados sobre o que se passava? Teriam alguma possibilidade de protestar contra os crimes cometidos pela máquina nazi?
Por vezes pergunto-me também: dentro de algumas décadas, quando a Europa compreender os erros em que caiu ao submeter-se à ideologia utilitarista, o que é que as pessoas pensarão de nós? Provavelmente farão as mesmas perguntas que nós agora fazemos a respeito dos nossos predecessores.
Em entrevista ao jornal El Pais, Mário Soares volta "à carga" com o assunto da renúncia à dívida externa. Mais uma vez, o antigo Presidente apresenta o exemplo da Argentina, notando que esse país se recusou a pagar a dívida em plena crise financeira.
Diz Soares que "A única maneira de falar com os mercados é dizer-lhes: 'Não, não pagamos'. Foi o que disse a Argentina e não aconteceu nada".
"Nada" deve ser uma palavra de código usada por Mário Soares. De facto, logo em 2001 a Argentina sofreu uma corrida aos bancos. Para travar esta avalanche, o governo decretou o congelamento dos depósitos, o que criou uma nova crise. Foi também necessário introduzir controles de divisas para evitar a saída de capitais.
No período de um ano, a percentagem de argentinos abaixo da linha da pobreza subiu de 38 para 58%.
Desde 2001, a Argentina tem tido enormes dificuldades para pedir emprestado nos mercados internacionais. Os activos argentinos (aviões, barcos, etc) podem vir a ser apreendidos por credores que já ganharam múltiplos casos de tribunal contra o país.
Em resumo, a teoria do "não aconteceu nada" é a nova versão do clássico "tout va très bien, madame la marquise".