Fiquei arrepiado com as imagens da actuação da polícia sul-africana em Dobsonville que vitimou o jovem moçambicano Mido Macia (MM) na flor da sua juventude (27 anos). Imagens próprias de uma cena do faroeste no século XIX ou da era do Drácula.
Quando vivi na Africa do Sul, tinha um medo atroz e justificado da polícia sul africana, principalmente dos pretos. A maioria do polícia sul-africano preto chega a ser muito mais impiedoso e selvático que o mais impiedoso policia sul-africano branco. O polícia preto (na sua maioria) é absolutamente xenófobo, perverso, contra a lei, corrupto e desalmado.
O policia branco, estou certo, não faria tal coisa e muito menos os tais policiais pretos fariam isso se MM fosse branco.
A xenofobia na Africa do Sul é extremamente incentivada e alimentada pela polícia sul-africana e é planificada nas esquadras de Polícia; um dia hei-de descrever as minhas experiências com a corporação policial daquele país que, apesar dos pesares, amo muito sinceramente.
Fizeram certamente Nelson Mandela banhar-se em lágrimas. O único Preto que chegou aos patamares dos 'deuses'.
AFINAL QUEM CAIU NA LAMA?
Há em algum país da Europa a amálgama descriminada e promíscua, esgoto a céu aberto, suja e podre de 'bairros' que vimos e vemos principalmente nas periferias das capitais africanas (quase todas elas) principalmente dos chamados Países Especiais?
Os dirigentes africanos nem conseguem combater eficazmente o mosquito, causa do paludismo e malária que dizima há meio século, diariamente, milhares de almas (principalmente crianças) pelo Continente adentro; as doenças diarreicas (produto da falta de sanidade básica) faz de igual modo uma 'ceifa' aterradora. Doenças que o colono quase já tinha debelado como a mosca do sono, ameaçam 'engolir' povos inteiros.
Tudo isso acontece perante a pecaminosa insensibilidade de um grupinho de "iluminados africanos" (abençoados pelas Igrejas) que preferem comprar castelos de milhões de Euros na Europa e em orgias depravadas, preferem dar de comer aos cães do que ajudar os seus irmãos que não lhes pedem mais do que apenas BOA GOVERNAÇÃO. Gerirem o erário público para o bem de TODOS e da Nação.
E há quem tenha o desplante de vir a público protagonizar uma perversa peça teatral, choramingando "O colono blá-blá-blá".
Quanto ao anjo, prefiro não comentar. Deus é Branco?.. Até posso aceitar; porém de uma coisa estou certo: preto é que não é de certeza ABSOLUTA!
O paradoxo é se HOJE em África usufruímos de um bocadinho de liberdade com sabor a vida, é precisamente graças aos Europeus, isto é, aos brancos que desenvolveram uma nova ordem de conduta internacional e instituições internacionais que vigiam sobre o globo incluindo obviamente Africa.
As sanções internacionais e outras medidas de contenção pairam sobre os dirigentes africanos e então, estes por sua vez, fingem praticar a democracia, não porque eles gostem da democracia, porque temem o "deus branco e o seu braço punitivo". Porque se dependêssemos totalmente dos governos de "preto-para-preto", seguramente não seria possível viver na vasta maioria dos países Africanos.
A UNIÃO AFRICANA...
O protótipo africano da UE (União Europeia) a chamada UA (União Africana), é uma mentira descabida. A UA é uma instituição falida, decrépita, débil e estaladiça (como a bolacha chinesa de água e sal) que ninguém leva a sério. Uns poucos países africanos esforçam-se por dar credibilidade à UA e ao Continente, houve até quem propusesse a designação DUA (Desunião Africana). Por exemplo, quando teremos um Tribunal Internacional Africano? Se os tribunais da maioria dos países membros é do "faz de conta", os africanos instituíram também uma espécie risível de Parlamento Africano. Que acções praticou o tal PA em beneficio dos africanos?
A UA é um clube de compadres velhacos ditadores, egoístas que sonham com Paris, Londres, Estocolmo etc., ao mesmo tempo que transformam os respectivos países em autênticos 'buracos negros'. As independências em África foram 'feitas' para algumas centenas de indivíduos africanos em detrimento de centenas de milhões, cada vez mais miseráveis.
Nunca a Europa recebeu tanta riqueza de Africa como após a chamada independência dos Países Africanos; os novos-ricos africanos apressam-se a esconder os produtos da sua criminosa delapidação na Europa para gáudio dos europeus, contrariando aquilo que eles próprios evocaram e prescreveram na convocação para as lutas de libertação nacional.
"Eu ir a Portugal algum dia?.. NUNCA!.. Nem morto!" – (1980 na idade de ouro do partido único) disse, erguendo o punho direito bem alto em sinal de sacro juramento, em pleno comício em Benguela, um dos então carismáticos dirigentes da "Revolução Angolana" que prescindo de citar o nome. Hoje, ele próprio, não só é frequentador assíduo e brioso de Portugal e "empresário português" como também é o orgulhoso Presidente de uma agremiação desportiva portuguesa em Angola.
Quase meio século depois, podemos dizer que o IDH (ìndice de Desenvolvimento Humano) dos povos africanos subiu ou regrediu? Somos melhor tratados hoje pelos nossos irmãos dirigentes? Os ideais que nortearam a luta de libertação colonial ainda estão vivos e recomendam-se? Muitos dos nossos jovens usam orgulhosamente tecnologia de ponta, os ipod, 'aichatissa' e 'aipad' fazem a banga da juventude, mas o meio que os rodeia é nauseabundo e desolador. O Stress agudo e o AVC matam tanto quanto a malária.
FILANTROPOS DA HUMANIDADE
A mais recente iniciativa de alguns dos milionários do planeta comoveu muita gente. Há algum africano entre os homens que protagonizaram tal feliz iniciativa? Todos eles (os citados filantropos) são homens que dedicaram a maior parte da sua vida à produção de riqueza, não a 'tiraram' de algum saco azul, nem tão pouco delapidaram o erário público nacional. Mas sentiram-se na necessidade de "repartir com os necessitados" de todo o mundo.
Ontem, os milionários africanos orgulhavam-se de aparecerem na revista Forbes e congéneres; hoje face à iniciativa acima mencionada, publicam como que envergonhados que "não somos milionários"; alguns, chegam ao ponto de dizerem que o que têm é produto do salário...
A resposta colonial à violência nacionalista africana sempre foi comedida, por exemplo, se a força policial portuguesa no 4 de Fevereiro e posteriormente no 12 de Março de 1961, respondesse com o mesmo demonismo com que o MPLA respondeu ao chamado fraccionismo do 27 de Maio 1977, muitos dos actuais dirigentes não existiriam e provavelmente não haveria movimentos de libertação durante muito tempo.
Passado cerca de meio século que a maioria dos países africanos arrancaram na ponta da espingarda a independência das potências colonizadoras (seguindo a lição do camarada Mao Tsé-Tung), se fizermos o balanço, quais foram os ganhos que os respectivos países e povos obtiveram. Poucos são os países africanos que, diremos, saíram indiscutivelmente a ganhar.
"Quando é que a independência afinal vai acabar?"- Indagou desesperado ou desapontado um septuagenário angolano nos idos anos 78-80, fatigadérrimo da guerra estúpida, de tanta crueldade e injustiça praticada pelos seus patrícios (do regime e da oposição), denominados de nacionalistas de primeira água.
Poderia África ser hoje comparada ao Inferno ou ao Purgatório? Qualquer um deles serve, Paraíso: NUNCA. Pouquíssimos países africanos (menos do que os dedos de uma mão) podem aproximar-se a tal eleição.
O ZIMBABWE
"HOJE até a Bíblia nos tiraram e as terras continuam a não pertencer ao povo" - sintetizou Morgan Tchavingirai, descrevendo a desgraçada e extrema penúria do povo zimbabweano, respondendo ao guia imortal ainda vivo, que diz ter ressuscitado mais vezes que o próprio Jesus Cristo. Zimbabwe no período citado por Bob Mugabe, era o celeiro de África, o povo era detentor de um dos mais elevados IDH do Continente.
ANGOLA
Por exemplo em Angola. Por vezes, quando nas datas históricas, oiço e vejo pela TV, indivíduos a mencionarem o que os colonos nos faziam, sinceramente não sei se choro de raiva ou se me mato de risada, "porque o colono fazia blá-blá-blá" – dizem eles – hoje faz-se bem pior. O colono se fez, quase que o desculpo, é ou foi colono, é branco não é meu irmão de raça, etc., agora quando o meu irmão angolano, preto como eu, (ex-companheiro da miséria e das ruas da amargura) faz o que viva e denodadamente repudiávamos ao colono, esta ultima acção dói muitíssimo mais do que a acção anterior, dilacera e mutila impiedosamente a alma.
O ÊXODO
Por isso, logo após as independências africanas, verificou-se o segundo êxodo – o primeiro foi dos brancos a abandonarem África - milhões de africanos abandonaram com angústia na alma e os olhos arrebitados de descrença a África, a maioria arriscando literalmente as suas vidas (o filme continua até aos nossos dias), seguindo os outrora colonos, porque chegaram à conclusão que afinal não é verdade o que apregoa o político africano: "eles prometeram-nos o paraíso e dão-nos o inferno a dobrar" - disse um jovem africano em Lisboa nos anos 78-80 num programa da RTP.
Há mais africanos hoje na Europa do que Europeus em Africa, porquê?
A JUSTIÇA EUROPEIA
Os europeus, de regresso aos respectivos países embora destroçados de dor e amargura, receberam de braços abertos muitos dos antigos carrascos dando-lhes um lar e emprego decente e uma vida digna que jamais tiveram nos países de origem: paz e sossego duradouros.
O contrário era possível? Se ainda hoje, 37 anos depois do fim da colonização, os dirigentes angolanos (por exemplo) ainda se desculpam com a presença colonial portuguesa em Angola para justificar a pobreza e outros pesares (que eles não são, nunca serão culpados) mas o colono (37 anos depois), SIM, estou seguro que, quando Angola festejar o 50º aniversário, os dirigentes angolanos ainda estarão a rogar pragas ao colono português.
Hoje, ouvimos falar de relatos arrepiantes de governação de 'preto-para-preto' em muitos países africanos; Incompetência criminosa, bajulação estúpida como doutrina, ganância e egoísmo exacerbado (primeiro eu - sempre), mentira como regra, assassinatos indiscriminados, prisões em massa, inexistência de liberdade de expressão – a 'Bíblia' citado pelo Morgan Tchavingirai. Inclusive, gritar "estou com fome" é crime passível de perder a vida.
Kamulingue e Kassule, são a prova viva do facto: vida miserável, falta de empregos, corrupção endémica, justiça injusta e totalmente parcial, cadeias horrorosamente infernais a abarrotar de jovens provenientes das classes desfavorecidas, hospitais que mais parecem hospícios, escolas que mais parecem pocilgas etc. etc.
Há dias, a caminho do Hojy-yá-Henda, a bordo (como habitual) de um dos machimbombos da TCUL Viana vila – Cuca, (privilégio, este meio de transporte por ser o mais barato e acessível aos pobres para rotas longas, mau grado a 'sardinhada e a catingada'), um dos vários azulinhos que 'palmilham' as nossas estradas (os nossos emblemáticos táxis colectivos), chamou a atenção do público exibindo no seu 'traseiro' o seguinte dístico:
"DEUS É BRANCO, MULATO É ANJO, PRETO É DIABO"
Tal dístico, é obvio, levantou as mais diversas celeumas entre os passageiros do machimbombo e creio entre todos os observadores e transeuntes por onde o dito azulinho (mini mbombó) 'rasgava' o seu 'popó-show'.
Raciocinei com os meus botões e os meus botões comigo, as causas que levaram o proprietário do 'popó' ou do 'chauffeur de praça' a mencionar e exibir tal desgraçado ou ditoso (?!) rótulo. Na busca mental das causas, não pude deixar de comparar o modo de vida de hoje e o da administração colonial, quando o País e a grossa maioria dos países do continente Africano, era administrado por indivíduos maioritariamente de raça branca, provenientes da Europa, "os tais colonos", poderia África ser comparada a um paraíso? Há quem diga que sim, e eu não discordo deles!
"Colonialismo caiu na lama!" Lembram-se deste célebre estribilho 1974-1977?
AS JÓIAS COLONIAIS
Angola, era mundialmente conhecida como a Jóia do Império Português e exibia, majestosa, todos os pergaminhos de tal título, o Quénia a par da África do Sul, a jóia Africana do Império Britânico, Argélia a jóia Africana do Império Francês e o antigo Congo-Belga a jóia do mini-imperio Belga. Tais países Africanos – no contexto do outrora – prosperavam a olhos vistos (a maioria deles encontrava-se ainda na idade da pedra), as respectivas comunidades autóctones idem aspas, mas os índices de desenvolvimento humano dos autóctones inegavelmente estavam lenta e seguramente subindo, as obras dos colonialistas ainda perduram pela África adentro.
Verdade seja dita, o esclavagismo e as guerras de "kwata-kwata" fizeram irremediáveis estragos em África. Mas também não é menos verdade, que a falta de unidade, ambição, irresponsável individualismo e a sempre necessidade de estúpida e insanamente guerrearem, fazerem verter sangue (entre nós, africanos), tornaram bem-vinda "la pax romana" isto é promulgado à força do chicote e da bala, pelos Europeus.
As então gerações de jovens africanos instruídos (pelas respectivas franjas ou instituições da administração colonial) organizaram-se politicamente e fizeram soar a acusação de que os Europeus estavam a sugar as riquezas do solo pátrio em benefício exclusivo das nações colonizadoras, desconsiderando totalmente os interesses dos nativos e das colónias, transformando os autóctones em miseráveis na sua própria terra; "eles vieram com a Bíblia, nós tínhamos as terras, no fim eles ficaram com as terras e nós com a Bíblia" disse Robert Mugabe, nacionalista e guia da libertação do Zimbabwe.
Organizaram-se contra o invasor, protestos, revoltas, guerras, chacinas, a História regista que o movimento e actuação dos 'mau-mau' liderado pelo indomável Jomo Keniata, foi um dos mais cruéis de África e o que chamou a atenção da comunidade internacional, para a necessidade da urgente descolonização de África. Claro, a violência gera violência, os resultados hoje fazem parte da história.