A esmeralda e algumas histórias
Quem já não parou em frente a uma vitrine de jóias, hipnotizado pelo brilho de uma bela pedra verde e transparente?
A esmeralda, depois do diamante, foi a gema preciosa mais cobiçada por homens e mulheres em todos os tempos. Variedade rara de um mineral chamado berilo, era usada antigamente como amuleto, enfeite e talismã.
A história conta que os egípcios julgavam que ela protegia contra os males do espírito e que tinha a propriedade mágica de adivinhar o futuro. Salomão ganhou da rainha de Sabá uma esmeralda como prova de admiração. Os judeus tinham-na nos colares das doze tribos de Israel e a Igreja no lendário Santo Graal (cálice usado por Jesus na ultima ceia). Adornou tiaras de Papas, coroas de reis e turbantes de marajás. Enfeitou os colos de princesas e vestiu dedos de nobres. Os romanos acreditavam que conjurava a tristeza e transformava as dores em alegria. Os marinheiros traziam-na ao pescoço, como amuleto, para lhes dar uma boa viagem em mares calmos.
A esmeralda foi escolhida pedra símbolo da medicina talvez porque Asclépius, o mitológico médico grego, era um adepto dos tratamentos com plantas.
Na época dos descobrimentos os espanhóis abismaram-se com a quantidade de esmeraldas que a civilização inca possuía e, no domínio, as confiscaram. No Brasil, a procura dessas pedras preciosas foi protagonizada pelo bandeirante paulista, Fernão Dias Paes (Leme), cognominado o Caçador de Esmeraldas. A partir de São Vicente (S. Paulo), comandando uma grande expedição, avançou pelo interior desrespeitando limites, desbravando grandes extensões de matas, à cata de esmeraldas. Por causa delas, a duras penas, varou o sertão mineiro e condenou à forca um dos seus próprios filhos, que tramava atraiçoá-lo.

Após anos (1764-1781) de buscas, deserções, doenças e mortes, encontrou em terras mineiras as pedras tão desejadas. Morreu pouco tempo depois de malária, sem regressar a casa, no arraial do Sumidouro, perto de Sabará, ignorando que eram turmalinas e não esmeraldas as pedras verdes que achara. A partir dessa e de outras bandeiras estradas se abriram para o interior do país e surgiram vilas que seriam as futuras cidades mineiras.
Nos séculos XVII e XVIII a esmeralda era usada para combater o antraz, o carbúnculo, e como antídoto contra venenos. Ingerida, era tratamento contra a peste bubônica, e pendurada no pescoço prevenia o aborto. Ainda evitava a epilepsia, curava a desinteria, garantia a virgindade às donzelas e dava um bom parto às gestante.
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O famoso ocultista espanhol do século XVIII, Papus (Gerard Anacelet Vincent Encause), que descreveu um verdadeiro tratado sobre as propriedades mágicas da esmeralda na sua tese sobre doenças nervosas, na Faculdade de Medicina de Paris, afirmava:
“Quem almejar ser sábio, reunir riquezas e conhecer o futuro, tomará a pedra que chamamos ordinariamente de esmeralda, que se distingue pela sua grande limpidez e brilho A amarela é a melhor. O homem que a trouxer sobre si terá vivacidade de espírito, boa memória, e possuirá riquezas. Colocada sob a língua comunica o dom da profecia.” Para ele, a esmeralda era a pedra do signo de Virgem e do planeta Mercúrio. Atribuía-lhe acção sobre o estômago e intestinos.
O mundo e a medicina mudaram, mas apesar disso, restou-nos uma herança que vem dos antepassados, a eterna magia que o brilho das pedras verdes tem sobre o nosso imaginário.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 13/ 11/08
Referências e dados:
Diálogo Médico (ano 14 n.o 16)
Enciclopédia Universal
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