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A bem da Nação

DOWNSIZING

 

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O acordo BREXIT parece difícil assim como o BREIN também o foi, se bem nos lembramos. Não me recordo de que no BREIN tenha havido demissões, referendos, zangas nem rangeres de dentes. Apenas me lembro de que os políticos ingleses de então queriam entrar num processo de «entramos, mas…». Ou seja, entravam em determinadas condições que seriam diferentes das dos demais membros da então CEE. Já nem me lembro de quais elas foram, essas condições. Mas entraram.

 

E agora saem mas, pelos vistos, agora são os «da casa» que põem condições: «saem se…».

 

Parece-me que há nisto tudo muita coisa que não fez nem faz sentido:

 

- Quero entrar no Clube mas só serei membro nos jogos ganhos.

 

- Saio do Clube mas não terei nada a ver com a responsabilidade sobre a massa falida.

 

Sim, tudo isto me parece leonino e estranho que não haja quem o diga.

 

E é assim que tudo me leva a crer que a História se vai repetir com o regresso da Inglaterra e respectivas colónias (Escócia, Gales e Irlanda do Norte) à EFTA e com a recomposição da grande zona europeia de comércio livre.

 

Estará a Escócia pelos ajustes? I doubt!

 

E se a minha doubt tiver fundamento, poderá ser a unidade do kingdom que fique posta em causa. Então, no espaço de um reinado, Isabel II ver-se-á transformada de Chefe de um Império em Chefe de um relativamente pequeno Estado insular.

 

Em inglês diz-se downsizing; por cá dizemos shame.

 

Novembro de 2018

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Henrique Salles da Fonseca

(Sidney, 2017)

CITAÇÃO LITERÁRIA

 

NAÇÃO, são muitos homens e mulheres que se alimentam do mesmo reservatório de língua e de cultura, que se submetem sem esforço a um complexo de tradições idênticas, que se reclamam duma história comum e dum futuro convergente.

Maimónides.jpg

Maimónides - nome latinizado do judeu Moisés Ben-Maimon

In O MÉDICO DE CÓRDOVAHerbert le PorrierBizâncio, 5ª edição, Junho de 2016, pág. 161

A PROPÓSITO DE SALAZAR

Carmona e Salazar.jpg

A propósito do vídeo que circula na Internet com um discurso do Doutor Salazar proferido em cerimónia comemorativa do 20º aniversário do seu Governo, ocorre-me dizer que o meu apoio ou a minha oposição ao Doutor Salazar se definiam em função das políticas específicas que ele seguia.

 

Nunca pondo em causa a seriedade da sua atitude nem a firmeza e integridade do Estado de Direito que confirmou e moldou, concordei com o seu posicionamento no que respeitou à política externa e às políticas de cariz financeiro mas quanto à política de desenvolvimento, já não pude prestar-lhe grande aplauso.

 

No que se refere ao Estado de Direito salazarista, tratava-se de um Direito autocrático mas não caprichoso, um Direito imbuído de uma lógica conhecida por todos e aplicado a todos, ou seja, o contrário do fascismo que esse, sim, se baseia no improviso e no capricho do ditador.

 

Eis por que entendo que, não sendo o Doutor Salazar (nem pretendendo ser) um democrata, não era fascista apesar de dispor de um instrumento como a PIDE que, obviamente, merecia a minha estranheza.

 

Mas como opor-se ao então NKVD, antecessor do KGB?

 

É que continuo a crer que o grande objectivo do Doutor Salazar era impedir que a URSS apertasse a Europa entre a Cortina de Ferro e uma Península Ibérica controlada pelo PCP e pelo PCE como a Guerra Civil espanhola (numa primeira tentativa) e o 25 de Abril de 1974 (na segunda) demonstraram.

 

Por isso, à PIDE competia impedir as movimentações dos comunistas; quanto aos democratas provenientes da I República, julgo que o Doutor Salazar os considerava uns românticos inofensivos mas que, sendo muito palavrosos, os queria moderar.

 

* * *

 

Ainda a propósito, é agora a vez de tudo me levar a observar cuidadosamente o que se perfila com os populismos emergentes.

 

Como alerta Madeleine Albright no seu livro «Fascism: A Warning», não estará o fascismo iminente?

 

Novembro de 2018

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Henrique Salles da Fonseca

 

RATZINGER E FÁTIMA

Ratzinger.png

Do terceiro «segredo» de Fátima…

- Não é revelado nenhum grande mistério; o véu do futuro não é rasgado.

Da visão…

- Serão talvez apenas projecções do mundo interior de crianças, crescidas num ambiente de profunda piedade, mas simultaneamente assustadas pelas tempestades que ameaçavam o seu tempo.

Das revelações…

- A doutrina da Igreja distingue «revelação pública» e «revelações privadas»;

- A «revelação pública» (…) é o Antigo e o Novo Testamento;

- A «revelação privada» aplica-se a todas as visões e revelações verificadas depois da conclusão do Novo Testamento. O seu papel não é (...) “completar” a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente numa determinada época da história.

Das autoridades (credibilidades)…

- A autoridade das revelações privadas é essencialmente diversa da única revelação pública [onde] é o próprio Deus que nos fala;

- A revelação privada (…) manifesta-se credível porque faz apelo à única revelação pública;

- Às revelações [privadas] aprovadas não é devida uma adesão de fé católica; estas revelações requerem, antes, uma adesão de fé humana ditada pelas regras da prudência, que no-las apresentam como prováveis e religiosamente credíveis;

- É uma ajuda que é oferecida, mas não é obrigatório fazer uso dela;

- O critério para medir a verdade e o valor duma revelação privada é a sua orientação para o próprio Cristo; quando se afasta d'Ele, quando se torna autónoma ou até se faz passar por outro desígnio de salvação, melhor e mais importante que o Evangelho, então ela certamente não provém do Espírito Santo;

- Frequentemente, as revelações privadas provêm da piedade popular e nela se reflectem.

Das profecias…

- No sentido da Bíblia, [a profecia] não significa predizer o futuro, mas aplicar a vontade de Deus ao tempo presente e consequentemente mostrar o recto caminho do futuro;

- A predição do futuro tem uma importância secundária;

- Nas revelações [profecias] de Fátima, trata-se disto mesmo: ajudar-nos a compreender os sinais do tempo e a encontrar na fé a justa resposta para os mesmos.

Das visões…

- Não eram captadas por todos os presentes mas apenas pelos «videntes»;

- Trata-se (…) da percepção interior que, para o vidente, tem uma força de presença tal que equivale à manifestação externa sensível;

- Este «ver interiormente» não significa que se trata de fantasia, que seria apenas uma expressão da imaginação subjectiva. Significa, antes, que a alma recebe o toque suave de algo real mas que está para além do sensível, tornando-a capaz de ver o não-sensível, o não-visível aos sentidos: uma visão através dos «sentidos internos»;

- Os destinatários preferidos de tais aparições [são] as crianças: a sua alma ainda está pouco alterada e quase intacta a sua capacidade interior de percepção;

- Se na visão exterior já interfere o elemento subjectivo, isto é, não vemos o objecto puro mas este chega-nos através do filtro dos nossos sentidos que têm de operar um processo de tradução, na visão interior isso é ainda mais claro, sobretudo quando se trata de realidades que por si mesmas ultrapassam o nosso horizonte;

- O vidente (…) vê segundo as próprias capacidades concretas, com as modalidades de representação e conhecimento que lhe são acessíveis. (…) Tais visões não são em caso algum a «fotografia» pura e simples do Além, mas trazem consigo também as possibilidades e limitações do sujeito que as apreende;

- As imagens delineadas [pelos pastorinhos] são (…) fruto duma percepção real de origem superior e íntima; nem se hão-de imaginar como se por um instante se tivesse erguido a ponta do véu do Além, aparecendo o Céu na sua essencialidade pura, como esperamos vê-lo na união definitiva com Deus. (…) As imagens são uma síntese entre o impulso vindo do Alto e as possibilidades disponíveis para o efeito por parte do sujeito que as recebe, isto é, das crianças.

Interpretando o «segredo» de Fátima…

- Os pastorinhos experimentaram uma visão do inferno. Viram a queda das «almas dos pobres pecadores». Em seguida, foi-lhes dito o motivo pelo qual tiveram de passar por esse instante: para «salvá-las», para mostrar um caminho de salvação.

- O futuro não está de forma alguma determinado imutavelmente e a imagem vista pelos pastorinhos não é, absolutamente, um filme antecipado do futuro, do qual já nada se poderia mudar;

- O seu sentido é mobilizar as forças da mudança em bem. Por isso, há que considerar completamente extraviadas aquelas explicações fatalistas do «segredo» que dizem, por exemplo, que o autor do atentado de 13 de Maio de 1981 teria sido, em última análise, um instrumento do plano divino predisposto pela Providência e, por conseguinte, não poderia ter agido livremente, ou outras ideias semelhantes que por aí andam. A visão fala sobretudo de perigos e do caminho para se salvar deles;

- O caminho da Igreja é descrito como uma Via Sacra, como um caminho num tempo de violência, destruições e perseguições;

- Na visão, podemos reconhecer o século vinte como o dos mártires, como o dos sofrimentos e perseguições à Igreja, como o das guerras mundiais e de muitas guerras locais que ocuparam toda a segunda metade do mesmo, tendo feito experimentar novas formas de crueldade;

- Uma frase da carta que a Irmã Lúcia escreveu ao Santo Padre no dia 12 de Maio de 1982: «A terceira parte do “segredo” refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas”»;

-  Não existe um destino imutável, [dado] que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé mais poderosa que os exércitos;

- A conclusão do «segredo» lembra imagens, que Lúcia pode ter visto em livros de piedade e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de fé;

- A visão da terceira parte do «segredo», tão angustiante ao início, termina numa imagem de esperança: nenhum sofrimento é vão e, precisamente uma Igreja sofredora, uma Igreja dos mártires, torna-se sinal indicador para o homem na sua busca de Deus. Não se trata apenas de ver os que sofrem acolhidos na mão amorosa de Deus como Lázaro, que encontrou a grande consolação e misteriosamente representa Cristo, que por nós Se quis fazer o pobre Lázaro; mas há algo mais: do sofrimento das testemunhas deriva uma força de purificação e renovamento, porque é a actualização do próprio sofrimento de Cristo e transmite ao tempo presente a sua eficácia salvífica;

- PERGUNTA: O que significa o «segredo» de Fátima?

– RESPOSTA: Os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do “segredo” de Fátima parece pertencerem já ao passado»; quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido; o que permanece é a exortação à oração como caminho para a «salvação das almas» e, no mesmo sentido, o apelo à penitência e à conversão; desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra.

 * * *

 Eis o que Joseph Card. Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, afirmava em 2000 (documento não datado) no seu Comentário Teológico especial e que pode ser lido integralmente em

http://www.universocatolico.com.br/index.php?/texto-original-do-terceiro-segredo-de-fatima-comentado-por-bento-xvi.html

e que eu aqui resumi por transcrições sucessivas numa selecção que, espero bem, não lhe tenha deturpado o sentido.

Parece-me que o então futuro Papa Bento XVI tratava Fátima com algum racionalismo académico, especialmente erudito, afastando-se do fervor típico da fé popular que tem aquele santuário como «oráculo mariano».

Mas isto é apenas o que me parece…

 

Novembro de 2018

Henrique à porta do Seminário de Rachol, Goa.JPG

Henrique Salles da Fonseca

(2015, à porta do Seminário de Rachol, Goa)

LIDO COM INTERESSE - 83

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Título - «AS PONTES DE MADISON KOUNTY»

James Waller.jpg

Autor - Robert James Waller

Editora - SELECÇÕES DO LIVRO

Edição - 1ª, Agosto de 1997

* * *

Para não estragar leituras futuras, recorro à sinopse do filme (não a do livro) que encontrei na Internet:

«As pontes de Madison County» é a história de Robert Kincaid, fotógrafo famoso e de Francesca Johnson, mulher de um agricultor do Iowa.

 

Kincaid, de 52 anos, é fotógrafo da National Geographic — um estranho e quase místico viajante dos desertos asiáticos, dos rios longínquos, das cidades antigas, um homem que se sente em desarmonia com o seu tempo. Francesca, de 45 anos, noiva italiana do pós-guerra, vive nas colinas do Iowa com as memórias ainda vivas dos seus sonhos de juventude. Qualquer deles tem uma vida estável, e no entanto, quando Robert Kincaid atravessa o calor e o pó de um Verão do Iowa e chega à quinta dela em busca de informações, essa estabilidade desaba e as suas vidas entrelaçam-se numa experiência de invulgar e estonteante beleza, que os marcará para todo o sempre.

 

* * *

 

Mas não resisto a transcrever algumas frases que chamaram a minha atenção…

 

Ela desejou-lhe comboios a vapor a sair de estações no Inverno. (pág. 196)

 

Está-se sempre a lidar com os mercados e os mercados, que são mercados de massas, destinam-se a satisfazer gostos medianos. (…) O mercado mata mais paixão artística do que qualquer outra coisa. É um mundo de segurança para a maioria das pessoas. Querem segurança, as revistas e fabricantes dão-lhes segurança, dão-lhes homogeneidade, dão-lhes o familiar e confortável, não os desafiam. (pág. 220)

 

- Chamam a isto um prado ou pastagem? – perguntou ele e ela respondeu que era uma pastagem alertando-o para ter cuidado com as bostas. E ele, de apaixonado que estava, achou que nas palavras dela até a bosta da vaca era uma inspiração de grande romantismo… (pág. 223)

 

(…) vinte minutos intensos do tipo que só os soldados, cirurgiões e fotógrafos compreendem. (pág. 230)

 

Com o tempo, os computadores e os robôs ficam com o poder. Os humanos ocupar-se-ão dessas máquinas mas isso não requer coragem nem força, nem qualquer característica semelhante. Nós renunciámos à nossa liberdade de acção, organizámo-nos, abafámo-nos, abafámos as nossas emoções. Há a eficácia, a produção e todos os outros conceitos artificiais. Juntamente com a liberdade de acção, desaparece o «cowboy», ao mesmo tempo que o leão-da-montanha e o lobo-cinzento. Não resta muito espaço para os viajantes.

(…) as hormonas masculinas são a causa derradeira da discórdia neste planeta. Uma coisa era dominar outra tribo ou outro guerreiro. Outra é possuir mísseis e destruir a Natureza da maneira que estamos a fazê-lo. Temos de sublimar de alguma maneira essas hormonas masculinas, ou pelo menos controlá-las. (pág. 245)

 

Vivo com pó no coração. (pág. 264)

 

Novembro de 2018

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Henrique Salles da Fonseca

(algures em Yogyakarta, Indonésia, SET18)

SERÁ FEVEREIRO A HORA DO CARNAVAL?

 

Austeridade é a imposição de condicionantes ao esbanjamento de dinheiros públicos com que tradicionalmente os Governos compram os votos dos eleitores para se eternizarem no Poder.

 

A austeridade é, portanto, uma política virtuosa.

 

Mas há mais: a moral nórdica assenta no princípio do dever (a famosa ética kantiana) a favor do bem comum pela dedicação ao trabalho (a que os madraços chamam «alienação»). Nada disto tem a ver com as «carnavaladas» sulistas; tudo isto tem a ver com a orientação genérica dos países que mais contribuem para o Orçamento Comunitário.

 

Catarina Martins.jpg

E agora os «carnavalistas» refulgiram em congressos e convenções esquerdistas com a perspectiva do dinheiro a rodos vindo do BCE esquecendo-se (propositadamente?) de que Frankfurt intervirá APENAS a nível dos mercados secundários. Ou seja, esses rios de dinheiro que aí vêm destinam-se a financiar a banca e não os Governos.

 

E agora entra outro problema: haverá em Portugal projectos aprováveis em número suficiente para corresponderem à benesse do BCE? É claro que me refiro a projectos enquadráveis no novo modelo de desenvolvimento (produtivo de bens e serviços transaccionáveis), não no «modelo» que nos atirou para a ruina baseado nessa falácia do consumo como motor do desenvolvimento.

 

Mas 2019 é ano de eleições legislativas e, portanto, será ano de facilitações o que, em economia política, significa demagogia.

 

Como compatibilizar a demagogia financiada por dinheiros públicos com a falta de verbas comunitárias? Muito simplesmente, recorrendo à doutrina de Mazarino, sobrecarregando a classe média com mais impostos, os directos.

 

O que diz o OE19? Não me interessa pois a única coisa que sei é que só dirá mentiras e que o Carnaval de Fevereiro ou será amargo ou nem sequer será.

 

Novembro de 2018

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  Henrique Salles da Fonseca

(Bali, SET18)

 

OS CÁTAROS

O SANGUE DOS INOCENTES.jpg

 

Transcrições de «O SANGUE DOS INOCENTES», de Júlia Navarro, ed. BERTRAND EDITORA, 1ª edição Junho de 2017.

 

* * *

 

[os cátaros] odeiam a cruz por ser o símbolo do sofrimento, dizem que Jesus não pertence ao mundo visível, crêem que existe um Deus bom e outro mau. De que outro modo se pode compreender a existência de tanta iniquidade e sofrimento? Como explicar que, se Deus criou tudo, tenha trazido o mal ou pelo menos permita que o mal exista? Que tem Deus a ver com a morte de tantos inocentes? O Demónio existe e tem um poder imenso. Nós chamamos ao mal uma coisa, eles outra. As diferenças não são assim tão grandes.

(pág. 55)

 

Rezava a Jesus, que pregara a mensagem de Deus na Terra. No entanto, não acreditava que tivesse morrido na cruz para salvar os homens. Jesus não era de carne, não podia sofrer nenhum mal porque era Filho de Deus. Também considerava uma aberração a liturgia em que os sacerdotes enganavam o povo, fazendo-o acreditar que convertiam em vinho o sangue de Jesus e o pão na sua carne. Que horror, devorar Jesus! Será que se apercebiam do que isso queria dizer?

São João deixara-o claro no seu Evangelho: «O meu reino não é deste mundo», ou «não são do mundo, tal como eu também não o sou».

O único sacramento que permitia salvar a alma era o «consolament», o baptismo espiritual. Sim, João Baptista baptizava com água, mas Jesus pousava as mãos para assim receber o Espírito Santo, rezando a única oração que agradava a Deus, o «Pai nosso».

[ela achava que era] absurdo deitar água sobre uma criança e dizer que está baptizada. O baptismo, como bem ensinava o Bispo (…), apenas era possível na idade adulta, já que receber ou não o Espírito Santo era uma decisão individual.

(…) Não faltava muito para que ela mesma fosse queimada nessa fogueira e se desprendesse da sua casca, do seu corpo, libertando-se para se encontrar com Deus.

(pág. 89)

 

A crise que assola a Europa [1] faz com que muitos acreditem que existiu um tempo passado em que as coisas correram melhor. É em momentos destes que astrólogos, espíritas e charlatães se aproveitam do medo. Do medo que percorre a Europa perante a incerteza do futuro. Há pessoas dispostas a crer no incrível porque se sentem mais tranquilizadas do que se enfrentarem a realidade. (pág. 107)

 

(…) o medo do futuro não se pode combater com a repressão ou culpabilizando os estrangeiros.

(pág. 109)

 

Fala uma muçulmana progressista:

- Nós, os crentes, não podemos continuar a olhar para o passado. O mundo muda a cada segundo que passa e não há maneira de voltar a trás. Outras religiões, embora contrariadas, tiveram de aceitar isso. O importante é o espírito, não a palavra. Acredito que existe um Deus, a vida não teria sentido sem Deus e os seres humanos, desde o princípio dos tempos, têm intuído a Sua presença, interpretando-O à sua maneira. Até O manipulámos em função de interesses terrenos. O importante não é apenas que Maomé garanta que o arcanjo Yibril lhe apareceu, o importante é que soube unir os árabes e canalizar a nossa espiritualidade, ensinando-nos que existe apenas um Deus e afastando-nos de ídolos importados de outras terras. Ele interpretou Deus à sua maneira, tal como os cristãos interpretam Deus à sua e os judeus fazem outro tanto. Interpretamos Deus segundo a nossa cultura, segundo o meio em que nascemos, em que nos desenvolvemos mas Deus é o mesmo e o que é uma monstruosidade é matar em nome d’Ele.

(pág. 374 e seg.)

 

Para saber mais, ler “LIDO COM INTERESSE – 75” em

https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/lido-com-interesse-75-1794569 

mas para saber tudo, ler o livro.

 

Novembro de 2018

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 Henrique Salles da Fonseca

 

[1] Período da Segunda Guerra Mundial

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