Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A bem da Nação

FILOSOFANDO…

 

 

Quem trabalha para além da superfície das coisas, embora possa enganar-se, limpa o caminho para os outros e pode até fazer com que os seus erros sirvam a causa da verdade.

 

Edmund Burke

In «Uma Investigação Filosófica Acerca da Origem das Nossas Ideias do Sublime e do Belo», ed. EDIÇÕES 70, Setembro de 2013, pág. 73

TEXTO DE 1757 APLICADO A PORTUGAL EM 2014

 

 

 

Escolhamos um dia para representar a tragédia mais sublime e comovente à nossa disposição; designemos os actores mais populares; não olhemos a gastos na encenação e decoração; unamos os grandes esforços da poesia, da pintura e da música; e quando tivermos reunido o nosso público, exactamente no momento em que as suas mentes estiverem tensas de expectativa, divulguemos a notícia de que um criminoso de Estado de extracção elevada está prestes a ser executado na praça ao lado; num ápice o teatro esvaziado demonstraria a fraqueza relativa das artes imitativas e proclamaria o triunfo da simpatia real.

 

Edmund Burke (1729-1797)

 

In «Uma Investigação Filosófica Acerca da Origem das Nossas Ideias do Sublime e do Belo» com primeira edição em 1757, ed. Edições 70, Setembro de 2013, pág. 66

DA CLAUSURA

 

 

[Um dos ramos] das paixões sociais é aquele que diz respeito à sociedade em geral.

 

Quanto a isto, observo que a sociedade, meramente enquanto tal, sem quaisquer relevos particulares, não nos dá qualquer prazer positivo quando a gozamos; mas a solidão completa e absoluta, isto é, a exclusão total e perpétua de toda a sociedade, é uma das maiores dores positivas que somos capazes de conceber.

 

Logo, quando comparamos o prazer da sociedade em geral com a dor da solidão absoluta, a dor é a ideia predominante. Mas o prazer de qualquer gozo social particular ultrapassa bastante a perturbação causada pela falta desse gozo particular, de modo que as sensações mais poderosas que dizem respeito aos hábitos da sociedade particular são sensações de prazer.

 

A boa companhia, as conversas animadas e os laços de amizade enchem a mente de grande prazer; uma solidão temporária, por outro lado, é em si mesma agradável.

 

Isto talvez prove que somos criaturas concebidas tanto para a contemplação como para a acção, uma vez que tanto a solidão como a sociedade têm os seus prazeres.

 

Tal como a partir da observação anterior podemos discernir que uma vida inteira de solidão é contrária aos propósitos do nosso ser, já que nem a própria morte nos causa terror maior.

 

Edmund Burke

 

In «Uma Investigação Filosófica Acerca da Origem das Nossas Ideias do Sublime e do Belo», ed. Edições 70, Setembro de 2013, pág. 62

O SEXO E A PRESERVAÇÃO DA ESPÉCIE

 

A CAUSA FINAL OU A DIFERENÇA ENTRE AS PAIXÕES QUE PERTENCEM À AUTO-PRESERVAÇÃO E ÀS QUE DIZEM RESPEITO À SOCIEDADE DOS SEXOS

 

A causa final da diferença de carácter entre as paixões que dizem respeito à auto-preservação e aquelas que se dirigem à multiplicação da espécie é digna de observação por direito próprio.

 

Uma vez que a realização dos nossos deveres de todo o tipo depende da vida e a sua realização com vigor e eficácia depende da saúde, somos muito fortemente afectados por tudo o que ameace destruir qualquer delas; mas uma vez que não fomos feitos para aceitar simplesmente a vida e a saúde, o mero gozo delas não é acompanhado de qualquer prazer real, para que não nos entreguemos à indolência e à inacção em virtude dessa satisfação.

 

Por outro lado, a geração da humanidade é um grande propósito e é necessário que as pessoas sejam motivadas para ela por um grande incentivo. Por isso é acompanhada de um grande prazer; mas uma vez que de modo nenhum foi concebida para ser a nossa ocupação constante, não é adequado que a ausência deste prazer deva ser acompanhada de uma grande dor. A diferença entre os homens e os outros animais a este respeito parece ser notável. Os homens estão sempre igualmente dispostos para os prazeres do amor e é por isso que a razão deve guiá-los quanto à ocasião e ao modo como devem entregar-se a eles. Se uma grande dor surgisse na falta desta satisfação, receio bem que a razão iria encontrar grandes dificuldades na realização da sua função. Mas os outros animais, que obedecem a leis para a execução das quais a sua razão pouco participa, têm as suas estações determinadas; nessas alturas não é improvável que a sensação de falta seja muito perturbadora porque o fim tem que ser satisfeito ou não será atingido, talvez para sempre; uma vez que a inclinação só regressa com a estação.

 

 Edmund Burke

 

In «Uma Investigação Filosófica Acerca da Origem das Nossas Ideias do Sublime e do Belo», Edições 70, Setembro de 2013, pág. 60

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2005
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2004
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D