RECORDANDO...
A DEMOCRACIA CRISTÃ
E AS OUTRAS GRANDES CORRENTES DO PENSAMENTO POLÍTICO
Mussolini, Hitler e Stalin
- Em relação ao Fascismo (tanto de direita como de esquerda), a Democracia Cristã diverge porque defende o Estado de Direito em democracia e não aceita qualquer espécie de ditadura.
- Em relação aos Nacionalistas, a Democracia Cristã é internacionalista defendendo a solidariedade e a cooperação entre os povos.
- Face aos Conservadores, a Democracia Cristã tem alguns pontos de contacto no plano moral; no entanto, diverge na medida em que se propõe superar e reformular o capitalismo em vez de o preservar.
- Face aos Liberais, a Democracia Cristã encontra-se simultaneamente à sua direita e à sua esquerda: à direita, em matéria de moral, pois os liberais são favoráveis à liberalização do aborto, facilitação do divórcio e têm uma certa tolerância em matéria de costumes; em contrapartida, a Democracia Cristã situa-se à sua esquerda em matéria económica e social na medida em que não aceita o capitalismo liberal pois procura a sua reforma através de uma política económica progressiva e voltada para a conservação da justiça social.
- Em relação ao Socialismo Democrático, existe uma aproximação em matéria de defesa da democracia e da justiça social. As principais diferenças residem no facto de o socialismo ser basicamente de inspiração materialista e de tendência colectivista ao passo que a Democracia Cristã tem inspiração espiritual e pretende caminhar no sentido do personalismo. O socialismo democrático pretende construir uma sociedade sem classes, eliminando progressivamente os titulares da propriedade privada, reduzindo portanto, todos os cidadãos à condição proletária enquanto a Democracia Cristã promove o acesso cada vez mais generalizado dos trabalhadores à propriedade privada da terra, da habitação, da empresa.
- Comparado com o Comunismo, a oposição é total. No plano filosófico, o materialismo dialéctico[1], o ateísmo, a "práxis"[2] como critério de verdade, contrastam em absoluto com a filosofia do ser, a fé em Deus e a concepção da verdade revelada como critério da acção humana. No plano político, o transpersonalismo[3] e a ditadura (do proletariado) contrastam por completo com o personalismo e com a democracia. No plano económico-social, o colectivismo, a caminho de uma sociedade integralmente comunista onde todos partilhem a propriedade, inclusive dos bens de consumo, contrasta por completo com a economia social de mercado, democraticamente estruturada e controlada, a caminho de uma sociedade integralmente personalista onde todos tenham alcançado a propriedade privada, inclusivé dos bens de produção.
[1] Materialismo dialéctico – concepção filosófica que considera que o ambiente, o organismo e os fenómenos físicos modelam os animais, as pessoas, a sociedade e a cultura e, paralelamente, são modelados por eles.
[2] Praxis – é a actividade de transformação das circunstâncias, as quais conduzem à formação de ideias, desejos, vontades, teorias, que, por sua vez, determinam a criação prática de novas circunstâncias e assim sucessivamente, de modo que nem a teoria se cristaliza como dogma nem a prática se cristaliza numa alienação. A práxis revolucionária é a relação entre teoria e prática de modo coerente com a ideia de Marx de uma «sociedade sem exploração numa livre associação de produtores».
[3] PERSONALISMO
Considera que:
- Os valores fundamentais são os da pessoa;
- As organizações sociais (Família, Igreja, Estado, Partido, Sindicato...) devem servir a pessoa (e não deve ser a pessoa a servir as ditas organizações como preconiza o transpersonalismo);
- O Estado e o Direito são feitos pelo homem com o objectivo de satisfazer as necessidades humanas, tendo sempre em vista o bem comum.
TRANSPERSONALSMO
Considera que:
- Os verdadeiros fins sociais ultrapassam o indivíduo e pertencem às instituições a que ele pertence (Estado, Partido, Sindicato...);
- O indivíduo não é mais do que um instrumento no cumprimento das obras sociais, dos progressos da Humanidade;
- Todo o progresso social se consegue pela acção colectiva, à custa do sacrifício individual;
- O Estado tem objectivos próprios que são mais importantes que os objectivos individuais;
- A pessoa é uma célula subordinada ao todo.