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A bem da Nação

POR QUE SE ESCREVE

Três costumam ser os fins por que se escreve: ou por virtude, ou por vaidade ou por interesse.

 

Os que escrevem por virtude não podem ter mais nobre fim pois é o de mostrar aos pecadores a torpeza dos vícios que erradamente seguem e dar-lhes os documentos necessários para a eternidade.

 

Os que escrevem por vaidade são aqueles que podem justamente conciliar a atenção dos Leitores com a delicadeza dos pensamentos que, quando eu era moço e se falava outra língua, ouvia chamar conceitos com a propriedade das vozes e com a constância harmónica dos períodos.

 

Os que finalmente escrevem por interesse, são os que sem eleição de assunto nobre tratam somente de agradar ao povo, a que só parece bem o que se conforma com a grosseria dos seus juízos.

 

Sou da terceira classe mas com certa distinção porque o interesse que me persuade a escrever não é o do lucro, é o interesse da glória da Pátria tirando do esquecimento, a que tudo está sujeito por fatal decreto da natureza, as memórias daqueles homens que por todas as razões a mereceram.

 

Dom José Barbosa

 

In «Elogio Fúnebre (MDCCXXXVIII)», Biblioteca Nacional

 

 

SOBRE O AUTOR: Dom José Barbosa nasceu em Turquel, Concelho de Alcobaça, em 1674 e faleceu em Lisboa em 1750. Padre, foi co-fundador da Academia Real da História Portuguesa, sócio da Academia Ericeirense, Cronista da Casa de Bragança, Examinador do Patriarcado e das três Ordens Militares. Por testamento, deixou a sua biblioteca à Ordem de S. Caetano que, com a extinção das Ordens, foi integrada na Biblioteca Nacional.

 

Alcobaça, 29 de Setembro de 2013

 

 Domingos José Soares Rebelo

 

 

HISTÓRIAS DA NAÇÃO GOESA

 

 

DESFEITO O SONHO DO BRASIL DUM EMIGRANTE GOÊS

 

 

 

Nem todos os sonhos acabam bem. Diz-se que Ícaro com asas postiças subiu ao céu a maravilhar-se com a beleza da Terra e... zás, estatelou-se no chão com as asas desfeitas.

 

Leonardo da Vinci (1452/1519) sonhou e idealizou projectos de vários engenhos, comboios, motores, aviões e helicópteros cuja realização se fez passados alguns séculos.

 

Na Segunda Grande Guerra, um moço de Benaulim, Salcete (Goa), embarcou em Mormugão no navio de passageiros SS. Karagola com destino a Mombaça no Este Africano. Um submarino japonês afundou o navio perecendo milhares de homens, mulheres e crianças, incluindo centenas de goeses (passageiros e tripulantes).

 

Porém, aquele moço com o passaporte português, quando acordou viu que estava em Singapura, base naval inglesa tomada e ocupada pelos nipónicos.

 

São casos de fragilidades dos sonhos que a História nos aponta...

 

* * *

 

 

A história da vida de Brás António de Meneses, natural da Raia, Salcete, segundo filho varão de Francisco de Meneses e de Maria Prudência Soares que, após estudos liceais e das Humanidades no Seminário de Rachol, aportara na Ilha de Moçambique e lá ficara a exercer um cargo público.

 

Não se sentia feliz porque andava acicatado pelo sonho do Brasil onde queria chegar percorrendo o sertão africano, de Moçambique a Angola e dali seguir num vapor que o levasse ao grande e sedutor Brasil.

 

Com a leitura das façanhas dos grandes exploradores do sertão africano, como David Livingstone (1813/73), Henry M. Stanley (1841/1914), Hermenegildo de Brito Capelo (1841/1917), Verney M. Cameron (1844/1894), Alexandre Serpa Pinto (1846/1900) e Roberto Ivens (1850/1898), o jovem Brás Meneses, certo dia deixou o sem emprego e meteu-se num camião juntamente com vários pombeiros das mais diversas etnias, sobretudo comerciantes hindus (banianes), maometanos (afro-indianos), alguns mistos, ao quais demandavam o interior do sertão africano para aí vender roupas, artigos de mercearia e outras bugigangas aos chefes tribais da região a percorrer.

 

Não há qualquer relato oral ou escrito sobre as condições em que o de cujus havia partido dominado pelo sonho do Brasil. Como não era mercador, talvez levasse apenas algumas moedas de oiro para o seu sustento em terras de Angola, para compra duma passagem marítima até ao Brasil a ainda o suficiente para lá se aguentar à cata de emprego. Todo o seu projecto estava bem traçado mas o destino final foi bem outro.

 

Na volta da caravana de pombeiros a Moçambique, deu-se a triste notícia de que o ilustrado emigrante goês sucumbira algures no interior do sertão africano roído pelas febres da malária, de biliose ou da doença-do-sono. O infortunado, correndo a trás do seu sonho do Brasil, morreu em circunstâncias lamentáveis.

 

Enquanto o infeliz moço se finava no interior do sertão africano, os seus dois irmãos – Nicolau Tolentino e Pedro Francisco – trabalhavam: um em Inhambane (Moçambique) como funcionário público e o outro em Nairobi (Quénia) como bancário. Através dos anos, esses irmãos do falecido fizeram as respectivas carreiras e constituíram numerosas proles com filhos de ambos os sexos. Vários desses filhos exerceram ou ainda exercem cargos importantíssimos em Moçambique, Quénia, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, França e Canadá.

 

Na impossibilidade de encontrar os restos mortais do irmão e lhe dedicar uma lousa, os dois irmãos, Nicolau e Pedro, resolveram baptizar os filhos varões com o nome de Brás António.

 

Dito e feito, cumpriram o acordo combinado: Nicolau Tolentino deu ao primeiro filho varão (terceiro na filiação) o nome de MÁRIO BRÁS ANTÓNIO SANTANA DE MENESES, repetindo o nome Brás António no segundo filho varão. Tanto o primeiro como o segundo foram distintos profissionais.

 

Como arquitecto (com 20 valores e 42 anos ao serviço na Câmara Municipal de Cascais), Mário Meneses é uma das mais prestigiadas personalidades da Costa do Estoril; técnico superior de vulto, deixou uma obra valiosa e revelou-se como humanista junto do Vaticano no Processo de Restauração da Paz em Moçambique (1992), tendo sido galardoado com a Medalha de Ouro da Academia de Letras e Artes de Portugal. O Arq. Mário Meneses visitou o Brasil (1992) na ocasião da sua participação no Congresso Mundial do Ambiente e Ecologia (ECO92) realizado no Rio de Janeiro após cuja conclusão foi alvo de caloroso acolhimento com atribuição de comenda, medalhas, palma e aceitação como sócio de várias instituições científicas, culturais e sociais, incluindo as Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras, sobretudo no Estado do Espírito Santo.

 

O seu irmão, José Brás António, é conceituado engenheiro civil com distinta carreira académica. Serviu algumas grandes empresas construtoras portuguesas na construção de pontes e estradas mas depois estabeleceu-se por conta própria como engenheiro construtor de prédios urbanos.

 

Em Nairobi (Quénia), Pedro Francisco teve duas filhas e quatro filhos pelo que ao primeiro filho varão (segundo na filiação) deu o nome de Brás Orlando Francisco de Meneses. Este, é natural de Nairobi (1939) e após estudos secundários formou-se arquitecto pela Universidade de Nairobi e especializou-se em urbanismo pela Universidade de Liverpool (Inglaterra). Depois, foi professor de Arquitectura e Urbanização no Quénia; tendo entrado ao serviço do Banco Mundial, foi Chefe da Missão Especial em Brasília (1978/99); já aposentado, foi fixar-se em Toronto, Canadá, onde mantém o seu escritório de arquitecto e urbanista; nos seus ócios dedica-se às letras devendo brevemente editar a sua primeira novela histórica.

 

Por estranho destino, coube aos arquitectos Mário Brás António Santana de Meneses e ao seu primo co-irmão arquitecto-urbanista Brás Orlando Francisco de Meneses realizarem o sonho do Brasil do seu infortunado tio parente Brás António de Meneses, perdido no sertão africano.

 

Alcobaça, 2 de Agosto de 2010

 

 Domingos José Soares Rebelo

DEVANEIOS

 

NOVA FORMA DE ENERGIA NO HORIZONTE

 

 

O domínio da Tecnologia está em fluxo numa constante evolução, dir-se-ia em plena revolução. Cientistas e tecnólogos mostram-se impacientes e insatisfeitos. Dia e noite sonham com novas descobertas através de intensas pesquisas.

 

No horizonte industrial e tecnológico desponta uma novíssima fonte de energia eléctrica, em substituição de modalidades existentes. Assim, além da energia de algas unicelulares, do sistema fotovoltaico e do sistema hélio-térmico, já anteriormente discutidos, anuncia-se a promissora utilização de energia gerada por células combustíveis de hidrogénio (hydrogen fuel cells).

 

Há mais de 10 anos que DOE (Department of Energy / Secretaria de Estado de Energia, dos EUA) foi gastando US$ 1,5 biliões na pesquisa e no desenvolvimento da nova fonte revolucionária à base de células combustíveis de hidrogénio. De momento, esta novíssima energia limita-se quase exclusivamente às grandes empresas fabricantes de veículos automóveis com marcas altissonantes, tais como: Toyota, Renault/Nissan em conjunto com Daimler/Ford, General Motors e Honda. De 2015 a 2020, esses fabricantes vão comercializar seus novos autos a hidrogénio na seguinte escala: Toyota em Novembro de 2015 na grande Feira de Tóquio; Renault-Nissan/Daimler-Ford em 2017; General Motors em 2020 em associação com uma empresa não anunciada e a Honda que projecta o lançamento dos seus autos em 2015.

 

Como explicar esta corrida para o lançamento de automóveis a hidrogénio? É simples, a resposta. No Estado de Califórnia em 2022 apenas será permitida a circulação de automóveis híbridos ou com 0% de emissão poluidora do ambiente. A capacidade motriz de automóveis a hidrogénio atingirá 254 milhas (uns 400 km) com o tanque cheio de células combustíveis de hidrogénio, mesmo que, em termos dum galão de gasolina, os motores a hidrogénio saiam 2 ou 3x mais dispendiosos, taxa que posteriormente será muito reduzida segundo a Secretaria de Estado de Energia (citado DOE). Será reduzida a emissão de dióxido de carbono e a poluição ambiental.

 

Os fabricantes de automóveis a hidrogénio não desvendam como se obtém a nova fonte de energia. Porém todos eles confiadamente apostam que os veículos a hidrogénio dominarão o comércio mundial de veículos automóveis nas próximas décadas. Embora na Natureza o hidrogénio seja muito abundante, o hidrogénio utilizado provém do gás natural, donde são extraídos os electrões das células combustíveis para acionar os motores.

 

O atraso na comercialização de carros a hidrogénio é causado pela falta de postos de abastecimento. Previa-se que o problema seria vencido em 2010. E de momento apenas operam 3 postos de abastecimento de células combustíveis de hidrogénio e nove outros estão em acabamento. Cada um destes postos de abastecimento custa US$ 3 milhões. O Governo do Estado de Califórnia está empenhado na criação de 100 postos de abastecimento, pelo que no orçamento anual inscreve US$ 20 milhões.

 

Através dos EUA os postos de abastecimento à base de produtos petrolíferos contam-se em 170.000 e sua eventual substituição custará ao Pais US$ 512 biliões. Automóveis accionados por gasolina, nos EUA, numeram uns 250 milhões

 

Na União Europeia, a Alemanha vai construir 50 postos de abastecimento de automóveis a hidrogénio. Enquanto o Japão propõe criar outros 100 desses postos de abastecimento.

 

Alea jacta est – já dizia César na antiga Roma – e os próximos tempos darão o seu veredicto final. Ainda não se explorou o uso da nova fonte de energia eléctrica pelas empresas comerciais e industriais.

 

Alcobaça, 23.09.2013

 

 Domingos José Soares Rebelo

 

 

 

Fonte: FORTUNE, Vol. 168, nº 4, 02.09.2013

DEVANEIOS

 

APOIO ÀS FAMÍLIAS DOS INCAPACITADOS E MORTOS EM SERVIÇO NACIONAL

 

 

É com o coração dilacerado e olhos a lacrimejar que ouvi na TV a notícia de vários mortos nos pavorosos incêndios ora assolando o país, de norte a sul. Acabam de morrer na flor da vida bombeiras, bombeiros e outros agentes de combate às labaredas que tudo consumiram - casas, hortas, quintas, herdades agro-pecuárias, empresas florestais e industriais – e deixaram as famílias dos sinistrados em completa miséria.

 

De ano para ano, os pavorosos e devastadores incêndios florestais são um lugar comum de calamidade nacional. Perante a angustiosa situação dos familiares desses sinistrados, não devemos ficar de braços cruzados sem um efectivo meio de garantir uma decente sobrevivência aos familiares dos incapacitados e dos que morreram para servir a Nação.

 

Se se verificar que o actual sistema de assistência do Estado aos familiares dos incapacitados e dos mortos nos pavorosos incêndios florestais, como ainda noutras calamitosas sinistralidades, não lhes garante uma satisfatória ajuda, estou certo de que o Governo, ouvindo os peritos na matéria, não deixará de preencher as lacunas onde necessário. Nunca é tarde para fazer as emendas para melhor.

 

Em nome da moral e da justiça, não será inoportuno ajudar eficazmente os sinistrados e os familiares carenciados dos que tombaram queimados...

 

Sem mais ambages, fica aqui minha opinião sobre o modo efectivo de apoiar quem tudo perdeu nos devastadores incêndios, ficando fisicamente incapacitado, bem como os familiares dos mortos em serviço nacional!

 

 

    Domingos José Soares Rebelo

Alcobaça, 28.08.2013

DEVANEIOS

 

ABELHAS E SEU IMPACTE NA FLORA E NA HUMANIDADE

 

 
Este melífero insecto e grande agente polinizador da flora mundial encontra-se fortemente atacado por misteriosas doenças ameaçadoras de sua extinção, se os peritos e os apicultores não encontrarem, em tempo útil, meios efectivos de combate. Sua mortandade cifrou-se em milhões, nos grandes países produtores-exportadores de mel e da cera dos nossos dias tais como EUA, China, Índia et alii.

 

Entre as causas mortíferas das abelhas e as destruidoras de apiários e das colmeias, contam-se os ácaros, as bactérias, os desinfectantes, as formigas, os fungos e os pavorosos incêndios florestais, além de alguns animais melívoros.

 

Ainda em Junho findo, morreram 50.000 zângãos quando agentes municipais de jardinagem e paisagismo, em Oregon (EUA), borrifaram plantas com agentes tóxicos e/ou desinfectantes. Em anos recentes, os agricultores do Sudeste da China, à procura de terrenos aráveis, fizeram abusivo uso de desinfectantes que causaram a morte de milhões de abelhas. Agricultores mundiais têm-se dedicado ao cultivo de milho e de soja em extensíssimos campos de monocultura, prejudiciais às abelhas que os detestam para polinização, pelo aumento da procura dos óleos dessas plantas que são utilizados para minorar os exorbitantes preços dos produtos petrolíferos.

 

É altamente significativo que 33,3% de produtos agrícolas dependem das abelhas para sua devida polinização. Peritos de polinização chegaram a apurar as dependências, em termos de percentagem, da efectivação da polinização pelas abelhas dos seguintes produtos: em 100% (amêndoas), 90% (espargos, brócolos, cebolas, maçãs, mirtilo e peras-abacates), 80% (aipos, cerejas e pepinos), 65% (ameixas e melancias), 45% (tangerinas), 20% (limão e algodão). É quase desprezível a polinização por abelhas de amendoim (2%) e de uvas (1%). Felizmente, para a sobrevivência da humanidade e de certos animais, o arroz e o trigo, bem como o milho são auto polinizadores.

 

No mundo actual existem 20.000 espécies de abelhas, mas os apicultores apenas exploram seis dessas espécies em termos comerciais. São elas conhecidas como: alemã, buckfast, carniolana, caucasiana, italiana e russa. No século XX um apicultor brasileiro tentou implantar no seu país uma espécie de abelha africana que, no decurso do tempo, deu origem a abelhas bravias e homicidas, causadoras de ataques intempestivos às pessoas. Em 1987, os EUA importaram, da América do Sul, abelhas Varroa já infectadas e portadoras de um micróbio que matou biliões de abelhas. O mal está parcialmente controlado com produtos químicos da «Monsanto».                                

 

Calcula-se que nos Estados Unidos a produção do mel e da cera das abelhas concorre anualmente com um rendimento calculado em US$ 15 biliões. Com a acima referida perda de apiários e colmeias e o maciço morticínio por tóxicos de abelhas obreiras e de zangãos, o número de herdades americanas baixou de 6,8 milhões (1935) para apenas 2,2 milhões na actualidade. Nos EUA, de 2006 aos nossos dias perderam-se 10 milhões de colmeias com o valor de US$ 2 biliões.

 

No nosso país registaram-se, em 2010, 17.000 apicultores, 38.000 apiários e 562.000 colmeias. A falta de protecção contra os amigos do alheio e a insuficiente proteção das patrulhas florestais são factores ponderáveis que exigem sua correcção imediata, permitindo a Portugal entrar no comércio mundial de mel e de cera com maior força.

 

Uma colmeia típica é coabitada por 20-30.000 abelhas, cuja duração de operosidade é muito limitada: as abelhas operárias vivem 20 a 30 dias, os zângãos morrem após copulação da abelha-mestra ou rainha, e esta produz 15.000 ovos por dia, numa existência de 3 a 7 anos!

 

O aparecimento das abelhas polinizadoras sobre a superfície da Terra perde-se na bruma escura de eras remotíssimas, calculado em 100.000.000 de anos, no testemunho de uma abelha melífera encontrada imbuída em pedaço de âmbar dessa época. Milhares de anos depois, os povos da Antiguidade (sumérios, babilónios, hititas, egípcios, gregos, hebreus et alii) dedicaram-se à apanha de favos de mel para sua alimentação, para fins medicinais e para seus ritos sócio religiosos.

 

Se ocorresse um cataclismo terrestre extinguindo as abelhas polinizadoras, a vida das plantas e dos animais ficaria grandemente afectada por essa calamidade, porque não há no mundo suficientes reservas de arroz, trigo e milho, produtos agrícolas auto polinizadores: registar-se-ia uma situação de grande fome universal!...

 

Na Escola de Engenharia e de Ciência Aplicada da Universidade de Harvard os americanos concluíram com êxito um protótipo de abelha-robot-polinizador em 2007. Isto foi possível com US$ 10 milhões com que a NSF (National Science Foundation) subsidiou o laboratório onde foi programado e executado o citado robot.

 

Atribui-se ao grande cientista e nobelista Albert Einstein o singular veredictum: «Se a abelha desaparecer da superfície do globo, o homem não poderá sobreviver mais do que quatro anos».

 

   Domingos José Soares Rebelo

 

Alcobaça, 19.08.2013

 

FONTE: Wikipédia.- Revista TIME, vol.182, nº 8, de Agosto de 2013

            

DEVANEIOS

PORTUGAL NÃO DEVE ALHEAR-SE DAS PREVISTAS

CARÊNCIAS ALIMENTARES NOS PAÍSES DO GOLFO

 

 

Prevê-se para os próximos 12 anos a ocorrência de carências alimentares nos países do Golfo, cujos responsáveis recorrem às novas tecnologias e às práticas modernas para incrementar o volume dessa produção, de modo a atingir o mínimo de 50% do consumo anual doméstico respectivo.

 

Os citados países têm exíguo solo arável, insuficientíssima água, pluviosidade anual baixíssima, alto grau de salinidade do solo e elevadíssimas temperaturas, pelo que não usufruem a capacidade de satisfazer em pleno o consumo anual doméstico de produtos de alimentação.

 

Peritos da FAO são concordes de que os países da região jamais atingirão em plenitude a auto-suficiência alimentar, vendo-se obrigados a recorrer aos países estrangeiros para preencher as carências. Os governantes estão cônscios da angustiosa situação dos seus povos e andam a negociar com países grandes produtores-exportadores, os fornecimentos maciços de cereais, frutos, frutas, carnes frescas e produtos hortícolas, em estimativas para 2025 e anos seguintes.

 

Um dos mais ricos países do Golfo, o Qatar, com baixíssima auto-suficiência alimentar (7%) já pôs em execução um programa orçamentado com US$ 30 biliões, dos quais 80% provenientes de investimentos por empresários privativos. Com base nesse orçamento foi criado um “Fundo Nacional do Qatar para Alimentação Assegurada” (QNFSP) dispondo de US$ 1 bilião, destinado a ser gasto no estrangeiro sob as mais diversas e até hoje inconcebíveis manobras comerciais e financeiras: empresas do Qatar compraram terrenos agrícolas férteis na Austrália e no Sudão; outras tomaram de arrendamento herdades produtivas no Quénia; e ainda outras investiram US$ 100 milhões junto dos grandes produtores-exportadores de arroz na Índia. De momento, representantes do Qatar estão dirigindo-se aos países sul-americanos para negociar aí maciços fornecimentos ao Qatar de carnes frescas, cereais e açúcar.

 

A produção de cereais e doutros produtos alimentares agro-pecuários e florestais dos grandes produtores – exportadores que tem baixado imenso face às condições climatéricas intempestivas (chuvas copiosas, neve, granizo e geada), o acréscimo do consumo doméstico da classe média desses próprios países e o aumento da população mundial em 33% previsto para 2025 e anos seguintes, são factos que têm provocado um considerável aumento das cotações mundiais.

 

Perante a panorâmica das carências alimentares dos povos do Golfo (não apenas do Qatar), acho que é oportuno e recomendável que os empresários e exportadores portugueses, com forte apoio governamental, se empenhem em sondar como Portugal poderá participar no fornecimento de produtos alimentares diversos, substituindo vantajosamente os fornecedores sediados em países longínquos como a Austrália, a Argentina, o Brasil et alii, reduzindo o ónus do transporte de produtos agro-pecuários e florestais em carência.

 

A situação do Qatar sofreu um grande golpe quando a vizinha Arábia Saudita, seu maior fornecedor, proibiu a exportação de batatas, cebolas, carnes frescas etc. para aquele país.

 

Oxalá que os exportadores portugueses consigam negociar, em proveito mútuo das partes contratantes, os fornecimentos de produtos alimentares mais carenciados da população dos países do Golfo.

 

DEO VOLENTE!

 

Alcobaça, 08.08.2013

 

 Domingos José Soares Rebelo

 

 

 

 

Fonte: Revista TIME, Vol. 182, nº 2, de Julho de 2013 

DEVANEIOS

 

NOVO SISTEMA HÉLIO – TÉRMICO AO SERVIÇO DA HUMANIDADE

 

 

1

 

 

Nos limites fronteiriços da região desértica de Mojave-Califórnia e numa nesga de 1600 hectares, a empresa norte-americana Ivanpah (com capital de US $2,2 biliões) está implantando um sistema revolucionário, gerador de energia eléctrica sem poluição nem produção de óxido carbónico.

 

Num esforço empreendedor, a Ivanpah empenha-se na construção de três gigantescas Torres de depósito de água, com 150 metros de altura, que canalizam a água ebuliente e superaquecida para uma conduta ligada à turbina geradora de electricidade.

 

Utiliza-se um processo gerador de energia eléctrica bastante diferente de qualquer outro sistema, até mesmo do sistema fotovoltaico accionado pelo intenso calor produzido pelas chapas de silicone instaladas no topo dos edifícios arranha-céus comerciais, industriais, habitacionais et alii.

 

Quando o sol se escurece temporariamente por algumas horas, o sistema fotovoltaico perde sua força, enquanto no sistema hélio-térmico a água efervescente continua em plena ebulição.

 

No novo sistema hélio-térmico, a incandescência de raios solares concentrados por milhares de espelhos é tão forte e visível que a retina ocular, fortemente protegida por óculos escuros, poderá avista-la à distância de 1,6 km, pois os peritos estimam essa luminosidade como equivalente a de 28.000 sóis!

 

A Ivanpah aguarda completar, pelos finais do corrente ano, a 1ª das três Torres de água com a produção de 392 megawatts, o suficiente para satisfazer o consumo de energia no seio de 140.000 lares californianos. Os milhares de espelhos são mantidos na devida angularidade pela ajuda de 173.000 heliostatos accionados por pequenos motores.

 

2

 

Há quase quatro anos que a Ivanpah anda empenhada na realização deste seu gigantesco projecto, envolvendo 80% o dispêndio de capital realizado, com o empréstimo de US $1,6 biliões do Governo Federal dos EUA e a módica comparticipação de GOOGLE com US $168 milhões.

 

Porém nem tudo correu bem à dita empresa. Ela foi obrigada a suspender os trabalhos de construção durante alguns meses para satisfazer as exigências ambientais de biólogos e de conservadores, que encontraram tartarugas de espécie protegida na zona de actuação da Ivanpah. Assim, a Ivanpah viu-se assoberbada com a transferência de 150 tartarugas para um local mais seguro, gastando-se nesta tarefa mais de US $50 milhões. A empresa tomou o compromisso de não operar em zonas ambientais nos seus futuros empreendimentos.

 

O novo sistema hélio-térmico tem a desvantagem de ser um processo mais caro do que outros processos geradores de electricidade: éolico, hidráulico, marítimo ou fluvial, bem como outros usando o carvão, gás natural, óleo petrolífero et alii.

 

Todavia a Ivanpah não desiste de prosseguir no seu caminho, firmemente convencida de que o sistema hélio-térmico perdurará nos próximos tempos. Nos países de intensa radiação solar, sobretudo nas zonas desérticas ou semidesérticas do Médio Oriente, há países que desejam seguir no encalce da Ivanpah, aguardando com grande interesse o resultado de suas operações. Nos princípios do corrente ano, Abu Dhabi acaba de inaugurar uma estação geradora hélio-térmica com 100 megawatts, enquanto o Governo da Arábia Saudita projecta investir no novo sistema US $100 biliões.

 

O sistema fotovoltaico, atrás referido, vai fazer-lhe uma grande concorrência. Sua popularidade aumentou com a baixa de preços unitários de um watt, graças aos avanços tecnológicos e, em especial, ao abaixamento em 27% do preço da importação da China das placas de silicone fornecidas a baixos preços por empresas particulares ou estatais chinesas. Em 2012 o sistema fotovoltaico instalou novas geradoras nos E.U.A., num total de 3,3 megawatts.

 

 

 

 Domingos José Soares Rebelo 

 

Alcobaça,20.07.2013

 

 

 

Fonte: Bryan Walsh, in TIME Magazine (Vol. 181, nº24 de 24.06.2013)

 

   

DEVANEIOS

 

 

CAMPOAMOR EM VERSÃO PORTUGUESA

 

  

Indubitavelmente fez-se sempre sentir através dos tempos a interpenetração cultural dos povos que habitam a península ibérica da orla atlântica à costa mediterrânica. É um fluxo espontâneo e natural que nunca se limitou à mera divulgação do genial épicoLuís Vaz de Camões entre os espanhóis e à divulgação pura e simples do fulgurante Miguel de Cervantes Saavedra na língua portuguesa, mas foi periódica e ardentemente prosseguido pelos homens de letras dos dois países irmãos. Do lado espanhol, editores e críticos literários têm-se empenhado na divulgação de alguns dos eméritos escritores lusos como Miguel Torga, Fernando Namora, Fernando Pessoa e ultimamente o novelista José Saramago. Do lado português, infelizmente, não correspondeu um bem definido movimento literário empenhado na divulgação dos literatos espanhóis.

  

Seria portanto pretensioso da minha parte, num modesto apontamento, esboçar a influência sobre os escritores lusos de uma notável figura literária da Espanha - Ramón María de las Mercedes de Campoamor y Campoosório (1817/1901), discutida com certa mestria pelo Professor John Hubert Cornyn na sua multifacetada personalidade de contista, dramaturgo, filósofo, jornalista, pensador, poeta e político. Não vou proceder a uma análise aturada da problemática, tarefa essa que se impõe aos estudiosos da literatura contemporânea dos dois países ibéricos, todavia pretendo contribuir com uma pequena achega para o eventual estudo do grande fascínio de Campoamor exercido em vida e na morte sobre dois poetas portugueses: Fernandes Costa, consagrado editor do “Almanaque Bertrand”, e Soares Rebelo (1873/1922), advogado, jornalista, poeta e escritor, que muito prestigiou as Letras e o Direito portugueses no antigo Estado da Índia. 

  

Campoamor viera ao mundo nas Astúrias e finara-se em Madrid, deixando seu nome bem vincado nas Letras, na História, na Filosofia e na política do seu País, como uma autêntica celebridade, perdendo depois, com o tempo, muito do seu fúlgido brilho. Por direito próprio, alcançara entre seus contemporâneos um honroso lugar de poeta popular abençoado por um fácil e empolgante estro. Cultivou um género poético com muito acerto e apurado primor, atingindo as raias de culminância nunca dantes verificada na língua espanhola.

  

Foi com “Doloras” e “Humoradas” que captou a atenção pública e grande celebridade, através dos seus inimitáveis dísticos, quadras, quintilhas e sonetos. A ternura, o sentimento e a ironia permeando seus versos, cedo transpuseram as fronteiras do País, surgindo com novas roupagens noutras línguas europeias.

  

No primeiro quartel do séc. XX encontramos no nosso país Fernandes Costa apaixonadamente debruçado sobre as “Doloras”, as “Humoradas” e outras composições afins de Campoamor, vertidas em português e arquivadas em edições anuais do “Almanaque Bertrand”. No último quartel do séc. XIX e nos primórdios do séc. XX notabilizara-se, em Goa, Soares Rebelo com a versão em português dos epigramas, das “Humoradas”, das quadras, das quintilhas e dos sonetos do vate espanhol. Como moço de 16 anos, Soares Rebelo editara em 1889, a versão portuguesa da quadra de Campoamor evocando a famosa Rainha Mercêdes. Assim, de 1889 a 1914, assinala-se um quarto de século a distanciar entre si os dois poetas portugueses, Fernandes Costa e Soares Rebelo, cujas sensibilidades artísticas encontraram um ponto de convergência no vate espanhol Ramón de Campoamor y Campoosorio.

  

Verificado um manifesto pendor dos dois portugueses pela poesia de Campoamor, nasceu em mim a curiosidade de comparar e contrastar as versões legadas por eles às letras pátrias. Soares Rebelo experimentou grande fascínio pelo epitáfio de Campoamor à Rainha Mercêdes, vertido em português nos anos de 1889, 1895, 1901, 1904 e 1906. Fernandes Costa arquivou sua versão do epitáfio apenas em 1914.

  

Em seguida vão reproduzidas a primeira e a última das versões de Soares Rebelo e a única versão de Fernandes Costa:                      

 

SOARES REBELO – 1889 – Goa

         É um sonho de amor sua triste história:

         Nasceu, foi amável, cândida e bela.

         Amou, reinou, morreu e abriu a glória.

         Entrou e no olimpo cerrou-se ela.

SOARES REBELO – 1906 – Bombaim

         Sonho de amor a sua triste história!

         Nasceu, amável foi, cândida e bela.

         Amou, reinou, morreu e abriu-se à glória.

         Entrou e o céu fechou-se após ela.

FERNANDES COSTA – 1914 – Lisboa

         Foi um sonho de amor a sua história.

         Nasceu, foi boa, foi amável, bela.

         Amou, reinou, morreu: abriu-se à glória.

         Entrou e o céu fechou-se entrando ela.

 

Uma outra quadra de Ramón de Campoamor intitulada “FASTIO”, atraíu a atenção dos dois poetas portugueses, que nos deram sua própria versão na língua pátria, dessa citada quadra.

 

SOARES REBELO – 1901 – Nova Goa

         Sem o amor que encanta,

         A solidão de um eremita espanta.

         Mais e mais espantosa é todavia

         A solidão de dois em companhia!

FERNANDES COSTA – 1915 – Lisboa

         Sem ter o amor que encanta,

         Dum monge ermita a solidão espanta.

         Mas é mais espantosa todavia,

         A solidão de dois em companhia!

 

E, verdade verdade, devo confessar que a chocante solidão de duas pessoas em companhia, tão maravilhosamente focada por Ramón de Campoamor na sua quadra “FASTIO”, por assim dizer é sublimada pelos dois poetas portugueses nas suas versões na língua pátria.

  

Inegavelmente, Fernandes Costa fez uma extensa divulgação do estro poético de Campoamor, como se poderá verificar nas edições anuais do seu muito apreciado “Almanaque Bertrand”. Por sua vez, Soares Rebelo de Junho a Dezembro de 1901 fez versões em português de cinco sonetos, duas quintilhas, seis quadras e oito dísticos de Campoamor (vide “Obras Completas de Soares Rebelo”, Vol. IV, Alcobaça, 2010). Enquanto, de Agosto de 1900 a Dezembro de 1901, verteu do espanhol (sem autor indicado) um soneto, duas quintilhas e três quadras, poemas que terão sido ou não da lavra do consagrado poeta espanhol.

  

Segundo a Wikipédia, Ramón de Campoamor fora autor de várias obras, entre as quais se destacam “Fábulas morales y politicas” (1842), “La Filosofia de las leyes” (1846), “Lo Absoluto” (1865) e “El Ideísmo” (1883), além de “Colón” (1853), um poema épico em 16 cantos. Além de poeta e filósofo, Ramón de Campoamor y Campoosorio fora ainda uma figura marcante da época, chamado a excercer os cargos de governador de Castellón de la Plana, de Alicante e de Valência, e a quem os seus compatriotas homenagearam com uma estátua em Navia em Astúrias. Em 2017 passará o 2º centenário de seu nascimento, data a ser evocada por seus admiradores!

 

 

 Domingos José Soares Rebelo

 

Alcobaça, 24.08.1987 (inédito)

Revisto em 20.05.2013 

DEVANEIOS

 

TOMATE E DERIVADOS – GRANDE FONTE DE DIVISAS

 

 

Peter Gumbell fascinou-nos imenso com seu curioso artigo na revista TIME (Vol. 181, nº 91 de 11.03.2013). Não me podia alhear da temática, já que eu próprio a abordara em duas teses: a) “U. S. Tomato Production, Consumption and Foreign Trade”, enviada ao Congresso da S2A3 em Cape Town, África do Sul, em Julho de 1970; b) “A Cultura do Tomate como Factor de Povoamento no Ultramar Português”, apresentada no Congresso das Actividades Económicas, realizado em Luanda em Outubro de 1970.

 

Decorridos mais de 42 anos, muita água correu debaixo da ponte e o Mundo inteiro gerou novos avanços nos mais diversos domínios de Arte, Ciência, Letras e Tecnologia. O tomate e derivados entraram no giro do comércio internacional registando altos níveis de produção, consumo e comércio de exportação e importação.

 

Com este breve introito abordarei a temática da epígrafe deste apontamento, com a ajuda de dados estatísticos, esporádicos e parciais, chegados à mão no meu retiro.

 

Produção Mundial

 

Estima-se em 125 milhões de toneladas métricas (de 1000 kg) a produção de tomate e derivados entrada em giro comercial em 2003/05, quase duplicando a produção de 63 milhões (t.m.) em 1983/85. Essa produção deveu-se aos seguintes continentes produtores (expressa em milhões de toneladas métricas): África (15), América do Norte (15), América do Sul e do Centro (8), Ásia (62) e Europa (23). A produção da Oceânia, sem grande expressão internacional, cifrara-se em 400.000 toneladas métricas, em 1983/85.

 

A exploração transcontinental de tomate e derivados registou uma escala de produtividade bem divergente, sujeita às variações do solo, do clima, dos métodos tecnológicos e dos cuidados dispensados por cada um dos países produtores. Distinguiram-se 10 principais produtores, em termos de sua produtividade expressa em tonelada/hectare: EUA (67), Espanha (63), Brasil (58), Itália (52), Egipto (38), Turquia (37), Irão (30), México (26), China (25) e Índia (14).

 

Por cada caixa de 23 kg de tomate fresco vendido aos produtores, foram pagas as seguintes compensações em termos de dólares americanos, a saber: Egipto ($2.00), China ($2.30), EUA ($3.40), Índia ($3.60), Irão ($3.90), Brasil ($4.00), Turquia ($4.70), México ($6.80), Itália ($9.40) e Espanha ($14.20).

 

Os interessados no comércio internacional de tomate e derivados deverão ter em conta os números por mim apontados do grau de produtividade e da mão-de-obra usada na cultura do tomateiro.

 

Consumo Mundial

 

Até prova em contrário, suponho que não há um cômputo verdadeiro do consumo de tomate e derivados à escala mundial. Teoricamente, com verdadeiros dados estatísticos, como nos EUA, chega-se a apurar o consumo doméstico de tomate e derivados com a fórmula: Produção + Importação – Exportação. Na falta destes dados, é impossível determinar o consumo doméstico de qualquer país produtor.

 

O saboroso e nutritivo fruto da solanácea, já utilizado na América pré-Colombiana, é largamente consumido pelos próprios agricultores, usando-o na confecção de saladas, compotas, pasta, puré e outros preparados caseiros. Todavia, peritos agrónomos e economistas fizeram suas estimativas deste consumo, em termos per capita, isto é, de kg de tomate por habitante e por ano, com a seguinte evolução: 14, 15 e 19 kg por habitante e por ano, nos anos de 1983/85, 1993/95 e 2003/05 respectivamente.

 

O consumo estimado per capita entrou em plena evolução nos países produtores de tomate, com a divulgação de que o fruto tem as vitaminas A, B e C, e é um elemento anti-cancerígeno adoptado entre os povos orientais no combate de cancro da próstata e do aparelho digestivo.

 

Comércio Mundial

 

De ano para ano, é grande e muito valioso o comércio de tomate e derivados a nível mundial. Os grandes e desenvolvidos países da actualidade estão interessados no comércio mais conveniente, de importação e/ou de exportação, como grande fonte de divisas em euros ou dólares. Infelizmente, faltam-nos dados concretos sobre esse volumoso e lucrativo comércio a nível mundial.

 

Os EUA são grandes produtores e consumidores de tomate e derivados, todavia entram no comércio quer de importação quer de exportação. Os americanos importaram o tomate e derivados duns 50 países produtores-exportadores, sobretudo do México, Itália, Portugal e Espanha nos anos de 1955/69 quase significando 96% dos fornecimentos ao mercado norte-americano. Em contrapartida, os EUA também se assinalaram nos citados anos (1955/69) como o maior fornecedor de tomate e derivados ao vizinho Canadá, num valor global de US$ 227 milhões (tese de 1970). Os fornecimentos americanos ao Canadá nesses anos representaram 67% de suas exportações globais. Os americanos forneceram ao Canadá 95% de tomate fresco, 55,1% de pasta e puré de tomate e ainda de 54,4% de tomate enlatado.

 

Nas importações norte-americanas de tomate e derivados é curioso saber que a participação de Portugal, iniciada em 1955 no valor de US$ 2.200, fora ultrapassada em 1968 pelo valor de US$ 15 milhões, sabendo-se ainda que Portugal fora em 1966 o maior fornecedor da pasta de tomate ao mercado norte-americano (op.cit.). Em 2012 consta que Portugal exportou 95% de sua produção de tomate e derivados, assinalando-se como o 5º maior exportador mundial desses produtos, no valor de US$ 250 milhões, grandemente canalizados para o mercado norte-americano, muito embora Portugal seja dos últimos produtores de tomate e derivados da União Europeia, com uma produção anual de cerca de 1,3 e 1,4 milhões de toneladas métricas de tomate em 2009 e 2010 respectivamente.

  

Exploração de Tomate na Europa

 

A produção de tomate na Europa, em franca evolução, foi marcada por 18, 19 e 23 milhões de toneladas métricas respectivamente em 1983/85, 1993/95 e 2003/05. Seus 10 principais produtores, integrados na União Europeia, foram no ano de 2011, e conforme a sua produtividade expressa em milhões de toneladas métricas ou sua fracção: Itália (6), Espanha (3,8), Grécia (1,2), Holanda (0,82), Polónia (0,68) e França (0,63). Portugal, com cerca de 1,3 e 1,4 milhões de toneladas métricas em 2009 e 2010, foi um dos últimos produtores de tomate na Europa, enquanto a Turquia (mais asiática do que europeia) produziu em 2003/05, 4,5 milhões de toneladas métricas de tomates, entrando no comércio mundial.

 

Os seis mais importantes países da Europa produtores/exportadores de tomate e derivados da Europa foram, em termos de tonelada métrica (1000 kg): Holanda (934), Espanha (739), França (191), Itália (139), Polónia (72) e Grécia (7). Este último país projecta fazer grandes investimentos, adoptando o estilo holandês no uso de pesticidas biológicos e substratos para incrementar sua produção de tomate e derivados para mais do dobro da sua actual produção. E, porque não se fará o mesmo no nosso Portugal, criando mais emprego e auferindo mais divisas?

 

Oxalá os capitalistas e os empresários portugueses ajudem a incrementar a produção portuguesa de tomate e derivados – grande fonte de divisas, como acabei de demonstrar neste devaneio dum bem avançado nonagenário! Deo volente…

 

 

Alcobaça 15.03.2013

 

 Domingos José Soares Rebelo

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