O TESOURO DO VATICANO
A revelação confiada à Igreja não é um depósito que possa receber acréscimos, objectivamente.
No Antigo Testamento, Deus, por meio dos seus profetas, ia revelando ao seu povo verdades sucessivamente novas que preparavam o caminho para a vinda do Redentor. Jesus Cristo veio dar a esta Revelação divina o acabamento definitivo. E agora dentro da Igreja não aparecerão novos profetas a completar a obra de Jesus. Mas um acréscimo subjectivo, consistindo numa percepção cada vez mais perfeita da verdade cristã através dos séculos, está em conformidade com as leis da psicologia humana e com as normas habituais do governo da Providência divina. Este progresso subjectivo no conhecimento da doutrina revelada tem por instrumento a inteligência e a reflexão dos homens. Mas sendo estes falíveis, por singular benefício de Deus a autoridade infalível do magistério eclesiástico, divinamente instituído e assistido pelo Espírito Santo, impede que o erro macule a verdade. E, por isso, as definições dogmáticas da Igreja são infalíveis, quer condenando erros adversos, quer esclarecendo o que era vago e obscuro, quer tornando explícito à fé cristã aquilo que já estava contido implicitamente em dogmas já definidos.
António Durão, SJ
In “DOGMAS DE FÉ E DEFINIÇÃO «EX CATHEDRA»”, BROTÉRIA, Dezembro de 1950