«SYLLOGISMUS INVIDIA» - 2
Nascida a filosofia marxista, Lenine serviu-se dela para instaurar a ditadura do proletariado e aos brados de «Proletários de todo o mundo, uni-vos», preconizou a sovietização mundial.
A Lenine, seguiram-se lutas tremendas pelo protagonismo de que saiu vencedor Staline e Trotsky exilado e assassinado no México depois de algumas «faenas» com Frida Kahlo.
Não tive o interesse suficiente para tentar identificar a reunião do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética (nem sequer imagino se a informação está acessível) em que foi decidido intervir em Espanha com o claro intuito de sovietizar a Península Ibérica e ensanduichar a Europa capitalista levando-a ao colapso e ao predomínio de Moscovo sobre todo o velho continente.
No raciocínio expansionista soviético, uma vez dominada a Europa, o resto seria «trigo limpo». Não foi.
Mas os revezes são atirados para trás das costas e o desígnio fundamental de levar a Europa capitalista ao colapso continuou na «Ordem do Dia».
Falhada a «conquista de Granada», decidiram tomar África para se substituírem às potências colonialistas europeias. Mas tanto Inglaterra como França já tinham dado a independência política (não a económica) às suas colónias e à URSS mais não restou do que apoiar a criação de Movimentos de contestação à presença de Portugal em África. Assim nasceram o PAIGC (Guiné-Bissau), o MPLA (Angola) e a FRELIMO (Moçambique). Seguiram-se 13 anos de luta armada naqueles três teatros e apenas na Guiné-Bissau é que Portugal não saiu claramente vencedor.
Então, se a URSS nada conseguia de substancial naquelas três frentes de luta, terá sido decidido «cortar o mal pela raiz» levando a cabo um golpe de Estado em Portugal colocando em Lisboa um Governo sovieto-amigável.
Apanhado pelas costas, foi no Largo do Carmo, em Lisboa, que em 25 de Abril de 1974 Portugal perdeu o Império o qual passou, mais ou menos descaradamente, para a esfera soviética.
Entretanto, em 1961 já se tinham passado para outras esferas de influência o forte de São João Baptista de Ajudá (Lomé) e o Estado Português da Índia (União Indiana).
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No ínterim, uma nota que pode parecer extemporânea neste local do presente texto: durante parte substancial do consulado salazarista, o Director dos Serviços de Informações portugueses (PIDE), o Capitão Agostinho Lourenço, era homem de confiança (membro?) do britânico MI6 e, quando deixou de exercer a função em Portugal, foi para Director Geral da Interpol.
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Identificado o «Espírito Santo de orelha» do Doutor Salazar, não admira que naquelas épocas predominasse em Portugal (e, pelos vistos, mãis além…) a opinião de que Bandung e os ditos «não alinhados» não passassem de uma mistificação totalmente manipulada por Moscovo. Disso dão testemunho (gatos escondidos com os rabos de fora) as políticas económicas levadas a cabo por Nehru e por Sukarno nos respectivos países.
CONCLUSÕES:
- Os Serviços de Informações do Doutor Salazar não estavam organizados apenas à escala doméstica;
- É admissível que o Doutor Salazar se considerasse (e como tal se visse reconhecido internacionalmente) o grande defensor da Europa contra a sovietização do seu «centro do mundo»;
- Num transe tido por global, o agredido não podia negociar sem que isso demonstrasse fraqueza;
- Quando estava em condições de poder negociar, Portugal capitulou nos bastidores, o Largo do Carmo.
Segue-se a continuação da História…
(continua)
Março de 2021
Henrique Salles da Fonseca