SHALOM – 7
Como eu ia dizendo, «eram horas do regresso a Haifa onde nos aguardava o hotel flutuante, o nosso barco «La belle de l’Adriatique». A viagem far-se-ia pela auto-estrada que já percorrêramos nessa manhã mas, entretanto, vimos por fora as muralhas de Jerusalém e lembrei-me...»
... do primeiro bispo de Jerusalém, S. Tiago, o Justo, a quem S. Mateus e S. Marcos intitulam de «irmão de Jesus» mas que, afinal, pode ter sido seu primo por confusão nas línguas hebraica e aramaica que não possuem termo apropriado para indicar os primos e os designam com a mesma palavra que significa irmãos no sentido sanguíneo. Lembrei-me também de que foi no intervalo entre os mandatos de dois governadores romanos da Judeia que o Sinédrio condenou S. Tiago à morte por apedrejamento sendo depois atirado das muralhas. Contudo, os cristãos fizeram-lhe túmulo no local da queda pelo que a sua memória perdurou mais substancialmente do que apenas pelos relatos escritos. Não fui capaz de identificar o local porque perguntei pelo túmulo de S. Jaime, podendo assim ter gerado alguma confusão em quem não sabe dessas etimologias. Sim, Tiago é a origem de Jaime.
Creio que foi assim que se desfez a nascente Igreja de Jerusalém prevalecendo a de Roma.
E a propósito de primeiro, lembrei-me de Balduíno, o primeiro cristão a ter o título de rei de Jerusalém, sucessor do seu irmão Godofredo de Bulhão. Nesta sucessão histórica de primeiros, já referi Paulo VI que foi o primeiro sucessor de S. Pedro a visitar a Terra Santa e entretanto entrámos na auto-estrada perdendo Jerusalém de vista e passando a ver um muro de cimento separando-nos das terras administradas pelos árabes.
Até que também o muro desapareceu no horizonte e este se escureceu com a chegada da noite.
Ao fim de duas horas de viagem chegámos ao nosso barco, jantámos a correr e recolhemos ao vale dos lençóis com muita determinação pois no dia seguinte seria a vez de nos levantarmos com o Sol e visitarmos o Mar da Galileia e Nazaré.
Até amanhã e boa noite!
Abril de 2014