SENTADO, À ESPERA...
Recebi oportunamente e paguei de imediato uma Factura da EPAL no montante global de € 65,47 cujas parcelas eram as seguintes:
EPAL – Abastecimento de água = € 28,92 = 44,17%
CMLisboa – Saneamento = 19,72 = 30,12
CMLisboa – Resíduos Sólidos = 10,03 = 15,32
CMLisboa – Adicional = 3,67 = 5,60
TAXAS = 1,32 = 2,02
IVA = 1,81 = 2,77
TOTAL = 65,47 =100,00
Ou seja, o produto e os serviços da empresa fornecedora correspondiam a 44,17% da Factura e tudo o resto eram impostos e taxas destinadas a financiar as despesas desse monstro que dá pelo nome de Câmara Municipal de Lisboa.
E se anualmente a Câmara me debita os «esgotos», por que razão estou a pagar agora esta verba de «saneamento»?
E por que é que pago IVA sobre taxas destinadas ao Estado?
Também foi fácil dizer que se resolveu o problema financeiro da Câmara. Óbvia mentira pois a grande fatia que contribuiu para a redução da dívida resultou da verba que o Ministério das Finanças pagou pelos terrenos do Aeroporto da Portela vindo o resto a ser suportado por nós, contribuintes.
E esta dos impostos incidirem sobre taxas públicas também é de Cabo de Esquadra. Se no meio de tanto atropelo tiverem tempo, hão-de dizer-me onde estudaram Fiscalidade.
Sim, com este tipo de procedimentos, é fácil hastear a bandeira da luta contra a austeridade.
Só que, à época, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa era o Dr. Costa, licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa onde foi aluno do Professor Marcelo, Catedrático com responsabilidade solidária no ensino ministrado na respectiva Faculdade.
Daqui resulta que, no limite e por absurdo, o culpado do atropelo jurídico de haver impostos na Câmara Municipal de Lisboa a incidir sobre taxas, é o Professor Marcelo.
Claro está que recorro a um absurdo para sugerir ao Presidente da República que mande alguém verificar a legalidade deste tipo de situações para que nós, cidadãos, possamos reforçar a confiança que nele depositamos. Mas se, entretanto, algum Deputado Municipal de Lisboa tiver tempo e paciência para ler este escrito, veja lá se faz alguma coisa no sentido de pôr fim a tamanha ilegalidade.
Fico sentado à espera…
Henrique Salles da Fonseca
(sentado, a ver o mar na Ilha do Porto Santo)