SEM PÉS NEM CABEÇA
Anunciou o Ministro das Finanças um Orçamento para 2020 com um superávite de 0,12% do PIB e logo o BE exigiu o reforço de 800 milhões de Euros (M€) da verba destinada à Saúde; seguiu-se o pedido dos Liberais para que, prevendo-se um «lucro» do Estado, se procedesse à baixa dos impostos.
Onde já irá o «lucro»?
O que estava na génese desse «lucro» era a suborçamentação das despesas, nomeadamente da Saúde, ou seja, tratava-se de propaganda às capacidades gímnicas dos artistas em pista. Como assim? Muito simplesmente porque parece que a dívida a fornecedores do SNS ronda os 700M€ pelo que do reforço de 800M€ apenas sobrariam 100M€ se se pagasse tudo o que se deve. Mas o Governo já fez saber que desse reforço apenas 500M€ se destinam a fornecedores (há quem fique a «arder» em 200M€) e que o resto servirá para recrutamento de Pessoal.
Mas se o Governo não perder o tal superávite de vista, vai ter que gerir a execução orçamental com a finura de um violinista e não com a rudeza de um halterofilista. Ou seja, vai dizendo à esquerda que sim e mais que também mas não vai recrutar as hordas de «saudosos»[1] que o BE pretende e vai mesmo ter que dar umas marteladas por aqui e por ali pois não poderá aguentar a ira dos fornecedores se não quiser suportar as consequências de uma ruptura nos abastecimentos aos hospitais. O lençol é curto, ou tapa a cabeça e destapa os pés ou o contrário.
Seguindo-se o pedido dos Liberais para que se faça uma redução da carga fiscal, daqui lhes digo que muita sorte teremos se conseguirmos passar 2020 sem um agravamento dos impostos.
Superávite sem martelada? Isso só fazendo contas sem pés nem cabeça.
Dezembro de 2019
Henrique Salles da Fonseca
[1] - Trabalhadores da Saúde