SE BEM ME LEMBRO...
A propósito dos ilustres comentadores televisivos que de todos os círculos e de todos os quadrados tudo sabem, lembrei-me hoje de uma historieta que o meu pai contou à mesa do jantar já lá vão cerca de sessenta anos ou mesmo mais.
Eis do que me lembro:
«Antes de emigrar para os EUA, Einstein reunia-se regularmente em Zurique com uma tertúlia de eruditos composta sobretudo por filósofos e historiadores. Todos falavam sobre as respectivas confabulações histórico-filosóficas e Einstein deixava-se ficar discretamente num canto, calado e encantado com o que ouvia.
Até que, instado a que dissesse algo, respondeu que não tinha nada de interessante nem sequer imp0ortante a dizer mas que, sendo assim tão simpáticos para o convidarem a falar, ele avisaria quando tivesse alguma coisa que merecesse ser ouvida por tão distinta assistência.
Chegado o dia que Einstein considerou apropriado, avisou o grupo e este reuniu de imediato para escutar o que há tanto tempo estava calado.
E Einstein, recorrendo
a sua encantadora simplicidade, escolheu a linguagem mais comum para que a silenciosa, atenta e reverente audiência não se enfadasse, explicou as funções matemáticas que deram origem à teoria da relatividade.
Consta que os “sábios” ouvintes não perceberam patavina da exposição mas que se convenceram de que o mundo acabava de dar uma grande reviravolta».
* * *
E hoje, com o mundo à beira de um ataque de nervos por causa do perigo do lançamento de uma bomba atómica, reconheçamos a inocência de Einstein no mau uso que outros fizeram dos seus prolegómenos nucleares.
Cheguei ao fim do presente texto sem que nenhum azougado carregasse num fatídico botão vermelho.
Deo gratias!
No extremo ferroviário oposto a Vladivostok, 22 DE Setembro de 2022
Henrique Salles da Fonseca