SE A MINHA ILHA SOUBESSE…
Sei das belezas incontornáveis
Das grutas da Madalena
Mas de grutas, já tenho a minha quota…
Por isso, comprei na Vila uns postais
Para enviar aos Amigos!
Já vi alguns ninhos dos canários da terra
É hora da procriação…
Pequenos e aguerridos
Defendem a bicadas
O que lhes pertence…
Será
Que eu deveria ter feito o mesmo?!...
Além da sombra
Que o fim do dia projecta
Pairou no ar deste Sol-pôr
O voar dum milhafre…
Com ele me vou
Esfaimada
Em busca de alento!...
Há dentro de mim
Um incêndio maior
Do que aqueles
Que tanta vez grassam
Por essas encostas…
E meu coração
É perigosa labareda
Sem fim à vista!...
Sempre que passeio
Prás bandas do mar
Lamento a minha falta de habilidade
Para a pintura…
As suas cores
Mudando hora a hora
Vão dos tons negros
Aos claros vibrantes
Num piscar de olhos…
Como a vida!
Maria Mamede