SE A MINHA ILHA SOUBESSE…
Sempre que vou à Ponta do Espigão
Olho intensamente o mar
E vem-me um imenso desejo
De fugir…
Embora ame tanto esta ilha
Meu coração habituado
À planura
Sente-se aprisionado!...
Na lagoa do Capitão
Relembrei amores antigos
E a saudade voltou…
Esta imensidão de água doce
Fez-me recordar
A doçura duma boca
Que um dia beijei por cá!...
Nos meus encontros com o mar
Há sempre algo de olá e de adeus…
E dentro de mim tudo é cais,
Lenço branco, despedida
E vontade de um regresso
Que o não foi!...
Um dia
Um amor ‘inda promessa
Foi pelo mar fora
Jurando voltar…
E passadas tantas vidas
Ainda o espero!...
Terra negra, negro cais
Areia negra no mar
Amor partiste e não mais
Viste meu cais pra voltar?!
Maria Mamede