ROUPA DE FRANCÊS
Louis Henri Loison (1771- 1816)
General francês que participou na primeira invasão francesa de Portugal sob o comando de Junot, Louis Henri Loison foi autor de numerosas pilhagens e de inúmeros actos violentos que lhe valeram a fama de homem cruel. Tendo perdido o braço esquerdo num acidente de caça em França, ficou conhecido em Portugal por o maneta.
Ir para o maneta
Loison tornou-se famoso pela sua crueldade, torturando e matando numerosas pessoas. Ficou no imaginário popular associado à expressão "ir para o maneta", com o significado original de ir para a tortura ou para a morte. Actualmente, a expressão pode significar "dar cabo de alguém ou de alguma coisa", "destruir", "escangalhar-se", "estragar-se", "perder-se e não ter recuperação".
A fama de crueldade valeu a Loison que o povo lhe dedicasse alguns versos:
Entre os títeres generais
Entrou um génio altivo
Que ou era o Diabo vivo
Ou tinha os mesmos sinais...
Aos alheios cabedais
Lançava-se como seta,
Namorava branca ou preta,
Toda a idade lhe convinha.
Consigo três Emes tinha:
Manhoso, Mau e Maneta.
Que generais é que devem
Morrer ao som da trombeta?
Os três meninos da ordem:
Jinot, Laborde e Maneta.
O Jinot mai-lo Maneta
Julgam Portugal já seu:
É do demo que os carregue
E também a quem lho deu.
Consta que Loison escreveu a Napoleão referindo alguns Padres que lideravam as acções de guerrilha que os portugueses lhe moviam nas serranias nortenhas. Numa dessas cartas ter-se-á manifestado desiludido por não conseguir capturar nenhum desses Padres guerrilheiros para lhes dar o «tratamento» que costumava dar a quem aprisionava.
Dessas acções de guerrilha faziam parte emboscadas nos desfiladeiros por que o General tinha que fazer passar as suas tropas sendo frequente deixar mortos e feridos para trás.
Na pilhagem que se seguia às vitórias da guerrilha era costume despir os mortos e feridos passando as ditas roupas ao uso dos portugueses. Como é fácil de imaginar, tais indumentárias não estariam no melhor estado de apresentação e daí nasceu a expressão “roupa de francês” como a de má apresentação, de baixo custo ou de propriedade duvidosa.
Aqui fica mais um dito antigo.
Henrique Salles da Fonseca