RDP INTERNACIONAL
Venho divulgar um apelo no sentido de que a RDP Internacional (RDPi) se mantenha, como até agora, como o canal lusófono por excelência, com o seu papel determinante na expansão da língua, como elo entre os portugueses no mundo e veículo de divulgação da cultura portuguesa e lusófona em geral e de aspirações de povos e comunidades de herança portuguesa.
Este apelo tem a ver com indicações que chegaram ao meu conhecimento a apontar para uma certa subordinação da RDPi a ditames que fogem ao âmbito que atrás referi: por exemplo o forte encurtamento dos noticiários diários, o abandono de noticiários à hora certa (o que implica que as rádios lusófonas no mundo que os retransmitem fiquem impedidas de ter essa informação abrangente da RDPi). Segundo sei, esses noticiários à hora certa cessam a partir de meados de Fevereiro.
E esses noticiários da RDPi devem ter em conta a diferença horária nos vários continentes e devem também ter a frequência adequada, apenas com o máximo de duas ou três horas de espaço entre si (pelo que é inadmissível que depois do noticiário das 24h só volte a haver às 9h). Esta minha preocupação surgiu-me depois de saber que, desde o passado dia 12 de Janeiro já não há síntese noticiosa às 7h25 e a Revista de Imprensa diária cerca das 8h20 (que estava atenta ao que os jornais de todo o país - regiões autónomas incluídas - escreviam sobre a diáspora e o mundo lusófonos).
Outra preocupação tem a ver com os conteúdos da emissão e, em especial, o que se relaciona com a música que sempre foi de pendor popular (raiz portuguesa) e que deve manter-se em prejuízo de uma música predominantemente urbana, a qual, sem deixar de ser emitida, não pode ser a prioritária. Os ouvintes globais da RDPi, sejam portugueses, lusófonos em geral e amigos de Portugal (e da cultura que o nosso país disseminou no mundo), gostam dessa música de raiz popular e/ou de matriz portuguesa, como tantas vezes o deram a conhecer. E mais: peço também que se impeça que a liberdade dos locutores/realizadores seja cerceada por uma planeada play list, a impôr música pré-selecionada.
Sobre os meios a utilizar para fazer chegar a mensagem da RDPi, acho necessário repensar o fim da Onda Curta. E aqui refiro o caso de Espanha que, dados os protestos de ouvintes, decidiu mantê-la de modo a ir de encontro aos falantes de castelhano no mundo que não são tão dispersos como os lusófonos que se espalham pelos 5 continentes.
Os protestos contra o fecho da Onda Curta da RDP foram numerosos (por carta, mail, Facebook, sites e blogs, telefone e durante as emissões), dirigidos à RTP, ao Provedor do Ouvinte e aos funcionários da RDPi, além dos constantes da Petição 'Manter a Onda Curta RTP Internacional RDP Internacional’.
As emissões de rádio por Onda Curta, ao contrário do que alguns dizem, não são um meio obsoleto ou com falta de qualidade. Conforme a potência dos emissores e a direcção das antenas, muitas dessas emissões têm grande qualidade (e até há o sistema DRM, o que lhes confere som quase igual ao do FM). Basta ter um receptor com essas bandas para o constatar.
E, também ao contrário do que se diz (e eu soube que o CEOC, Centro Emissor de Ondas Curtas, tinha um custo anual pouco superior a meio milhão de euros), a Onda Curta não é um meio caro e com manutenção dispendiosa e é menos falível do que a falada distribuição da RDPi nas redes de satélites, cabo, DTH e Internet, porque esta falha de todo se houver problema na emissão do sinal que a sustenta.
Acresce que há um vasto potencial que a RDP está a desperdiçar: os milhões de receptores dotados de Onda Curta, de cujas bandas Portugal lamentavelmente desapareceu.
Quem faz cessar os desmantelamentos em curso?
Henrique Salles da Fonseca