QUEM COSPE PARA O AR…
Josip Broz Tito, filho de pai croata e mãe eslovena, Marechal, fundou a República Socialista Federativa da Jugoslávia tendo conseguido, entre 1953 e 1980, manter a unidade territorial dos chamados “seis povos jugoslavos” (bósnios, croatas, eslovenos, macedónios, montenegrinos e sérvios), todos em pé de igualdade num regime federal.
Com mão de ferro, governou em plena Guerra Fria entre os imperialismos americano e soviético. Defensor de um socialismo sui-generis, nunca alinhou com as ideologias marxistas de cariz soviético nem chinês e promoveu o empreendedorismo autogestionário pelas cooperativas de trabalhadores.
A sul da Jugoslávia estava a Albânia, governada em ditadura por Enver Hoxha fervoroso defensor da linha comunista radical de Mao Tse Tung, o que fez com que o país se tornasse no mais pobre da Europa.
Comparativamente, o regime jugoslavo era muito mais benigno do que o albanês e, por isso mesmo, Tito recebeu no sul da Jugoslávia os albaneses em fuga da tirania enver-hoxiana. Mais concretamente, permitiu-lhes que se estabelecessem no Kosovo, região jugoslava de fronteira com a Albânia. Foram centenas de milhares os albaneses que fugiram para o Kosovo onde iam sendo criadas escolas, onde foi assegurado o ensino da língua albanesa e até construídas Mesquitas. Durante 40 anos, manteve-se o fluxo imigratório albanês no Kosovo que está para a Sérvia como Guimarães está para Portugal pois foi lá que nasceu a Nação Sérvia.
Os albaneses são muçulmanos; os sérvios são cristãos ortodoxos. Portanto, os albaneses têm valores, tais como religião, costumes, tradições e hábitos muito diferentes dos sérvios. A chegada de grandes massas albanesas ao Kosovo trouxe problemas de integração das duas culturas a tal ponto que os sérvios foram saindo da sua terra fugindo ao que ali se foi instalando.
Mas em 2008 – já sob a égide de Milosevic e da sua política de edificação da «Grande Sérvia», destruidora do estatuto de igualdade entre os «seis povos jugoslavos» - o Kosovo, dominado pelos muçulmanos, declarou unilateralmente a independência roubando à Sérvia parte do seu território estaminal e expulsando os sérvios que ainda lá habitavam.
Foi nesta circunstância que a maioria dos Governos europeus fechou os olhos ao roubo do berço da Nação Sérvia.
Mas – e há sempre um «mas» - afinal, esta acção de emancipação muçulmana do Kosovo era o ensaio geral da invasão muçulmana da Europa porque, como estava demostrado, os Governos europeus amochariam.
E a amochar estão.
Afinal, é mesmo verdade que quem cospe para o ar na cara lhe cai.
Novembro de 2018
Henrique Salles da Fonseca