«PRR & Cª Ldª» - 1
Há séculos que Portugal se debate com problemas de desenvolvimento; há séculos que o diagnóstico é a escassez de recursos internos; há séculos que a terapêutica aponta para a mobilização de recursos externos.
E os problemas continuam…
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Tudo começou com a forasteira D. Filipa de Lencastre que se viu Rainha de um país pobre, mas com nobreza de pergaminho e de uma Nação aguerrida, mas boçal. Depois do susto Aljubarrota, convenceu o marido, D. João I, de que seria necessário avançar para conquistas ultramarinas a fim de ganhar corpo lá fora para poder resistir cá dentro à cobiça castelhana. Contrariando a boçalidade geral, deu o exemplo educando os próprios filhos – a Ínclita Geração.
Por ironia do destino, a «Mãe do Império» morreu nas vésperas da conquista de Ceuta.
Mas a ideia ultramarina frutificou, a da educação murchou. E, com virtudes e defeitos como em toda a obra humana, inaugurámos o eurocentrismo global. Foi disso personalidade principal o Infante D. Henrique deixando para trás a integração europeia que era a preferida do Infante D. Pedro. O europeísmo definhou na batalha de Alfarrobeira; o Império foi o modelo da nossa sustentação até 1975.
Da Ínclita Geração constou também o melancólico D. Duarte que ficou agarrado ao trono, mas foi determinante na opção expansionista enquanto o Infante D. Fernando que ficando cativo em Marrocos, tanto pode ter sido mártir como não, eventualmente com outro nome e rodeado de odaliscas.
A opção europeia de D. Pedro teve expressão poética no Velho do Restelo e acabou por tomar corpo com a nossa entrada para a CEE.
Assim acabou o modelo mercantilista e entrou em funcionamento o da permissividade, ou seja, aquele em que nos é permitido o que os demais europeus autorizam.
Do Império resta a TAP enquanto não for liquidada por mais que sejam as declarações e juras em contrário.