PILATOS NA SUIÇA
Sim, refiro-me a Pôncio Pilatos, o Governador romano da Judeia, figura histórica sobre quem pouco estudei mas que fui encontrar a pág. 76 da edição portuguesa do livro de Sue Prideaux «EU SOU DINAMITE – a vida de Friedrich Nietzsche» (Círculo de Leitores, 1ª edição, Abril de 2019) donde transcrevo com algumas explicações entre parênteses:
(…) as vistas transcendentes de cada janela de Tribschen (a casa que o rei Luís da Baviera pusera à disposição de Wagner) poderiam desencadear uma inspiração sublime tanto em Wagner como em Nietzsche, independentemente de para onde olhassem. Através das janelas viradas para oeste, onde o Sol se punha, erguiam-se as neves eternas do Monte Pilatos, originalmente um [templo pagão] de dragões e duendes lendários, rebaptizado numa época posterior e cristã, com o nome de Pôncio Pilatos que, banido da Galileia após a crucificação de Cristo, fugiu para Lucerna. Aí, esmagado pelo remorso, subiu os dois mil metros até ao cume do monte (…) donde se lançou para o pequeno lago, escuro como breu, que se pode ver no sopé. Aqui vive o seu fantasma num silêncio e numa imobilidade totais. Os guias locais dir-lhe-ão [a Nietzsche] que a própria água está morta, referindo como prova o facto de a sua superfície se manter sempre imóvel e incapaz de ser agitada mesmo pelo vento forte. (…)
De acordo com o apócrifo "Evangelho de Nicodemos" também conhecido por “Actos de Pilatos”, a responsabilidade sobre a condenação de Jesus recai sobre os judeus e o papel de Pilatos é minimizado. Assim, na Igreja Ortodoxa e na Igreja Ortodoxa Etíope fez-se a reabilitação de Pilatos ao ponto da sua canonização pela Igreja Etíope e da canonização da sua mulher, Santa Prócula, por ambas as ditas Igrejas.
Para saber mais, ver por exemplo em
https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B4ncio_Pilatos
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A título de mera curiosidade, finalmente percebi a razão de ser do nome «Pilatos» da marca dos aviões suíços fabricados em Alverca.
Julho de 2019
Henrique Salles da Fonseca