PERU – 4
ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA…
… tanto dá até que fura.
Sim, o problema do Peru resulta da falta de água ou do excesso dela.
Eis como as coisas se passam:
- A costa ocidental da América do Sul é banhada por uma corrente oceânica que vem da Antártida, e, portanto, constituída por água fria (chamada do Chile ou de Humboldt) sem grande evaporação e que, portanto, não humedece suficientemente o ar;
- Quase todo o litoral ocidental sul americano é desértico por ali imperando o Deserto de Atacama que, sendo fundamentalmente chileno, se estende ainda por vastas zonas do sul do Peru quase alcançando Lima onde se limita a mudar de nome várias vezes até atingir a Colômbia e sabe-se lá até mais onde…
- Nos Andes peruanos só neva a partir dos 4500 metros de altitude pelo que, daí para baixo, a água é (ou deveria ser) gerida gota a gota.
Mas – e há sempre um «mas» - lá pelas alturas de Dezembro, desabam chuvas diluvianas trazidas do mar por fortes ventos num fenómeno de contraciclo a que a época do ano sugeriu que se chamasse «El Niño», «O Menino» (Jesus). Assim como que naquela nossa expressão de que “não há fome que não dê em fartura”, também o Peru passa de repente duma extrema secura para uma situação de enxurradas terríveis que levam tudo à frente até ao afogo no mar.
Se a isso juntarmos a permanente ameaça (e ocorrência frequente) de terramotos e tsunamis, dá para compreender que aqueles povos se agarrem com força a uma Fé que os faça crer numa vida melhor no Além.
E, contudo, vê-se gente feliz um pouco por toda a parte.
Outubro de 2017
Henrique Salles da Fonseca