PELO TOQUE DA ALVORADA - 19
Hoje, ao acordar antes do Sol, lembrei-me de que as religiões fazem as civilizações e de que, dentro destas, são os povos que fazem as culturas. Estas, estratificam-se desde a base «naïve» até aos níveis da erudição e, quiçá, do sublime. E, aqui, pensei nas elites que puxam os de baixo para cima e nas que calcam os de baixo. E pensei também naqueles que se dizem ateus e que, “só” por isso, se desligam duma pertença clara a qualquer metafísica, que podem chegar ao extremo do libertarianismo, à universalidade, à auto-classificação de apátridas. Toda esta postura tendencial ou efectiva, pode conduzir à rejeição dos sentimentos de fraternidade e de solidariedade, à abstração de conceitos que se pretendem tão concretos como esse que consiste no bem.comum – na versão democraticamente vencedora no sufrágio periódico livre e universal. Tudo, dizem eles, no sentido da independência e liberdade utópicas. E eis que, infiéis à solidariedade e ao bem-comum, esses libertários universalistas e apátridas são vigiados de perto pelos Estados que, por precaução, os podem ter que confinar. E assim se transforma uma utopia no seu inverso. Em boa hora os meus maiores me integraram – e eu aceitei – na nossa Nação. Tenho casa, não sou sem-abrigo. Entretanto, levantou-se o Sol, começou o dia e eu, passando ao pragmatismo, deixei-me de volatilidades.